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gota d'água
Gota d’água
Eis a forma encontrada
Para definir meu verso:
Uma simples gota d’água
Na grandeza do universo.
No silêncio, foi disperso
Sem palavra.
Convertido pelo tempo,
Enxurrada em movimento,
Gota d’água.
Transformado em minha mão,
Em tinta preta,
Pelo bico da caneta
Em enorme solidão.
Gota d’água,
Uma aguaça
De emoção.
Palavras tortas II
Na espera
Que você surja na porta,
Minha mão morta,
Não consegue escrever.
Tentando registrar o que dizer,
Me perco em refazer palavras tortas.
Palavras nossas,
Dispersadas em silêncio,
Que pelo tempo,
Conseguiram se apagar.
Eu fico agora,
A esperar
Por sua volta.
Palavras tortas,
Sem respostas,
Que tendem
Para sempre,
Nos calar.
Fatia
Eu deveria
Ser
Um pedaço, uma fatia
Da mais intima poesia,
Do mais ínfimo querer.
Não há grandeza em saber,
Se mostrar sabedoria.
Quem na verdade, se avalia,
Desconhece sua valia,
Desperdiça
Seu poder.
Delito
Meu delito
Está no riso
Disfarçado;
Não por eu ter violado
Uma lei.
Já não sei
Se ainda, sou culpado.
Assustado
Com o risco de talvez,
Ser julgado
Pelo erro de vocês.
Eterna solidão
O que eu tive na vida
Além da data esquecida,
Da dor no peito, contida,
E da perdida ilusão?
O que mantenho na mão,
Já na forma cadavérica,
Senão,
A luta sem trégua
Com os germes que a terra
Colocou em meu caixão?
Os meus feitos,
Foram em vão.
Meus defeitos,
Exaltados.
Não sou de Deus nem do Diabo.
Sou um louco condenado
A eterna solidão.
Por trás da máscara
Seja perdoado, o culpado,
Pela indiferença do inocente.
A necessidade do indigente
É a penitência do que é dado.
Na benevolência do presente,
Sinto a intolerância do passado.
Troque a salvação do condenado
Pela redenção do indulgente.
A lição que deixa o penitente,
É que acredita no pecado.
Na benevolência do presente,
Sinto a intolerância do passado.
Que o louco seja relevado,
Pelo seu estado de demente.
Aquele que vive plenamente,
Deve ser no mínimo, respeitado.
Na benevolência do presente,
Sinto a intolerância do passado.
Na tortura
Comovente,
Na tortura, o deleite
De um poeta já demente.
Cresce a barba,
Caem os dentes.
Já se perde na palavra,
Já se cala,
Indiferente.
Entre versos de loucura,
Se recusa,
Entre dentes,
Que não seja sua a culpa,
Por não se achar inocente.
Frágil esperança
Não há tristeza que não se dissipe
Ante o sorriso de uma criança.
Na mais frágil esperança,
Não se desiste
E se resiste,
E se alcança,
Se comemora com dança,
E se demonstra
Que existe.
As flores dos mísseis
Brotam flores
Em cápsulas vazias
De mísseis disparados
Há poucos dias,
Há pouco tempo.
Em silêncio,
O mundo ouvia
Do Afeganistão,
Um só lamento,
Um pedido de socorro
Que se fazia,
Que se perdia
Nas areias
Pelo vento,
Nas aldeias
Por constante sofrimento,
Na esperança que morria.
Ano novo II
O ano novo
Não parece ser tão novo
Quanto parece.
O ano novo
Não merece
Minha prece
Nem tampouco,
Meu esmero.
É mais um ano que espero
Sem fazer celebração.
O ano novo
Não passa de ilusão.
Mera abstração
Deus é uma assombração
Presente
No coração dos penitentes.
É tão ausente
Em sua omissão,
Que nos dá a impressão
Que é indiferente.
Deus parece mais ser gente
Do que mera abstração.
É você
Sonhe pela possibilidade
Que na espontaneidade
Tudo pode acontecer.
Acreditar é poder
Transformar em realidade,
O objeto que anseia, o querer.
Vá além do sonho.
Esse mundo tão estranho,
Na verdade,
É você.
Julgamento
E na leitura do meu pensamento,
Minh’alma silencia sem saber
Qual rumo a se tomar.
Sem se perder
Na profusão confusa de lamentos,
Num corpo infligido de tormentos,
No inferno solitário de meu ser,
Minh’alma então começa a enlouquecer;
Sem perceber,
Tende a fazer
Seu próprio julgamento.
O ativista
I
A mediocridade de minhas palavras,
Deixa-me em silêncio.
Não sou douto,
Apenas expresso pensamentos,
Na maioria das vezes,
Inevitavelmente loucos.
II
Talvez,
A minha lucidez
Seja a insensatez
De vocês.
III
Eu discordo do que pensa a maioria.
Quem sabe seja vilania
De minha parte
Ou por arte
De meu caráter,
Ou por antipatia?
IV
Não meço o meu discurso por palavras,
Mas por idéias concluídas.
Também não meço minha vida
Pelos dias de estrada,
Mas pelas convicções mantidas.
V
Apelo sutilmente, para que o mundo ouça.
Todavia,
Diante da surdez e teimosia,
Eu uso a força
Com vigor e energia.
Não sou um defensor de poesia
E sim, um ativista que está à solta.
VI
Eu sinto um gosto amargo em minha boca
E até saio do sério
Quando o mínimo que espero
É que reconheçam o mérito
Da escolha.
VII
Apelo para cada reação
Quando tenho a intenção
De agredir.
Minhas palavras tendem a abrir
Uma fenda na razão,
Um rasgo no coração
De quem me ouvir.
VIII
Eu não pretendo
Ver o mundo me seguir,
Apenas resumir
Tudo que penso.
O mundo se acabará aqui
Por jamais saber medir
O valor de seu empenho.
O quebra-cabeça
São peças
De um quebra-cabeça.
São essas
Que postas às avessas,
Não nos dizem nada.
É cada
Uma, parte da mesma
Figura dispersa na mesa,
Em curvas, delineada.
Noite e espera
Eu vejo teu rosto
Desfazer-se na janela
Pelos pingos da chuva.
As lágrimas não são tuas.
As dores são daquelas,
De desgosto.
O mês é agosto.
O dia, vinte e dois.
Ainda sinto o gosto
De nós dois.
E depois,
Só noite e espera.
Inocente e leal
Qual seria a prova
Que afinal
Mostraria a ciência,
Já que o homem conserva sua crença
Pela simples presença
Do mal?
Onde ficam a ética e a moral
Quando a fé as condena,
Se quem cumpre a pena
É um mero mortal?
Cada qual,
Com uma parcela de culpa.
Cada um que se julga
Inocente e leal.
O experimento
A forma definida em pensamento
Torna-se real.
Eis a idéia material
Em movimento.
O velho camundongo passa o tempo
Sendo escravo irracional
Do seu silêncio,
Roda o experimento,
Gira a roda sem lamento,
Gira a vida dentre o caos.
O afogado
Toda a independência de um homem
Está na fantasia de que é livre.
Na verdade,
O homem é prisioneiro de seus atos.
É fato,
Liberdade não existe,
Estamos condenados a ser tristes
Pela fatalidade do acaso.
Mesmo no raso,
O afogado
Não resiste.
Objeto de oração
Sutileza e perversão
Andam de mãos dadas.
Anjos de asas dobradas.
Demônios num mundo cão.
Medo e laxidão
Devoram a inocência imaculada.
Para nossas negras almas,
Sexo é objeto de oração.
O destino é um deus pagão
Que nos aguarda
Com uma vontade amarga,
Sem piedade ou emoção.
Deus então,
Não passa de uma farsa,
É apenas o demônio em solidão.
Dedo em riste
Sem você,
O meu mundo não existe.
Não porque me sinta triste
Ou esteja em solidão.
É meu velho coração
Que demasiado insiste
Em viver de emoção,
E dedo em riste,
Me acusa de egoísmo e ambição.
O que faço sem você
Ante tal situação:
Se meu coração desiste
De bater?
O meu mundo não existe
Sem você.
Chuva
São as lágrimas do céu
De um deus arrependido
Por nos infligir castigo
Tão cruel.
Chove mel
Sobre o chão embrutecido
Onde o homem sem motivo
Come fel.
O avarento
Sua avareza ultrapassava a razão.
Onde se viu,
Gastar mais de um milhão
Andando milhas
Pra economizar migalhas?
Eu conheci o velho de chapéu, sandálias
E a bengala
Apoiada em sua mão.
Sua avareza ultrapassava a razão.
Espantalho moribundo
Minha alma sempre está
Num silêncio tão profundo,
Que eu chego a duvidar
Que ainda estou no mundo.
Espantalho moribundo,
Onde a morte vem pousar.
Talvez para lhe falar:
Sinto muito! Sinto muito!
Num milésimo de segundo,
Volta o corpo a respirar.
Espantalho vagabundo,
Fecha os braços para o mar,
Abre os olhos para o mundo.
Toque íntimo
Beijar as tuas mãos
É mais que gratidão,
É devoção
A esse amor que sinto.
Eu sei que ainda minto,
Por não chegar ao cimo
De tão grande afeição.
O condutor
Que ridículo esse bigodinho seu;
Não tão esdrúxulo
Quanto ao ódio por judeu.
Onde andava o bom senso alemão
Quando o Führer perdeu a razão?
O que havia
Com as minorias
Que o Führer tanto perseguia?
Será mesmo
Que terror e medo
Serviram de lição?
Se alguém se impuser a perfeito,
Preste muita atenção.
No paiol
Conto uma história verdadeira, Tudo começou em pleno dia, A chave Minha mão se perde Questão de arte Adaptar-se ao mundo é tão difícil. Por viver Vai pedir perdão a Deus? O devoto é levado Paradoxo Quero permanecer vivo, Não seria insanidade, A herdeira Movo os braços com brandura Fecho os olhos pra te ver Maria Vitória Mergulhada na solidão do útero Soneto distante O estalar de galhos secos O mesmo estalar de dedos, O fogo arde sem pudor, Nos olhos, só trabalho e amor. Fruto sem casca Espalhando letras Uma fruta fresca, Versos pelo ar, lágrimas e poeira, Porque devemos viver reclusos Mais distante Andava tal preá Somente você Só você determina a extensão do seu No borrão Tua sombra se mistura a escuridão, Que diabos Será Que diabos tem o mundo? Devo sorrir Quando partir, Que diabos faço aqui? Fajuta O que fizeram da culpa Fraqueza Toda a tristeza Lembra-se? Lembra-se da velha mina; Soneto ao óbolo A tua mão quase em prece, Mas ao contrário, aborrece Por que não pede pra si mesma O que o óbolo almeja Soneto à avó magra Varre o terreiro da casa Não vê e nem sente graça. Sob a palha do telhado, Cheirando a café coado, Vagas e divagações Tenho a sensação Vagas Sorria, você está sendo alvejado Esse sorriso em meu rosto, estampado, Mesmo sentindo cansaço, Ignora Você é aquela que implora Dor e medo Ao procurar no ócio, Doe órgãos Tive a tarde toda pra pensar Serôtino A distância O altar Meu caminho Os meus passos, Dilema Alguém se senta na extremidade oposta, Preto no branco Por onde andam as cartas Minha letra Ciente de que a vida é passageira, Revoada Aves que almejam o céu azul Gênio criativo Me encontro num lugar, tão pensativo, Cálices quebrados Para celebrar nossa amizade, Triste poeira O vento sopra a solta e fina areia A lista de defuntos Diagnosticar os sintomas da vida Bucólico segredo A televisão anuncia nosso medo, Na palma da mão Apontando estrelas, Na escadaria Perder-se no caminho Questão antiga Quando o acaso Tom de voz Cada um de nós A casa fantasma Estou preso em casa, Desvio moral Não há consternação Os mendigos Entre! A cegonha O que eu faço de pé O envelope Moro na periferia O ciúme O amor invoca Ampulheta virada Corre a mão esquecida As caricaturas Os rostos dispostos Estavam pintadas A flor e o colibri A flor Um colibri a beija, indeciso. A flor perdidamente apaixonada. O jornalista Faço parte O abismo Os pés descalços na sarjeta Canteiros Meus anseios Os meus feitos Matriz Qual é a raiz Rio de lágrimas Na superfície, bóiam nossas lástimas. Demência transitória Entre paredes tortas, Cicatriz Cada um é feliz Verbo indomável Às vezes, eu esqueço Vice-versa Tenho que delimitar meu pensamento Carrossel de palavras Riscos no céu, Lágrimas, papel, A dança das letras Enquanto avança A festa alcança Apáticos detentos Este que aprisiona em pensamento Este sentimento Este infame, nunca vai ceder. ½ Quero fracionar a existência Na razão inversa, a insistência De mala cheia Não meço esforços Nunca me eleja, Não terá cadeia Homens de fumaça No arrastar de minhas sandálias Se desfizeram com o tempo, O velho barco na distância, ainda aguarda Em meio a tralhas, Indesejada Ela se aproxima de repente, Lacônico Tem alguém aos gritos. Não tema amigo. Mas não faz sentido. É um novo ritmo. Que coisa horrorosa. E agora? Vamos dar o fora. Contra ou a favor Quão interessante é o amor. Tirar ou por, Semblante Em que lugar do mundo, Que acha plenamente fascinante Quem, Princípios do soldado Não vá, meu filho, não vá. Minha mãe, não há desculpa Filho meu, em nada muda, Pondo a arma na cintura, A mãe aceita o ocorrido, Na garganta, uma palavra De repente, um estampido Aproxime-se irmão. O que se faz com o bandido. Uma jovem guarnição. Quem realmente são De volta à guerra em questão, Dentro da mesma nação Mas do homem é esperado Em meio à densa floresta, Porém, antes do resultado Quando vê o filho amado, Rostos O que fazem esses rostos O que querem nos dizer O que esperam encontrar O que fazem? Chamei-a pelo nome, Em um país em que se morre à toa, Mas já que insiste na definição A praça da estação Um banco em solidão, Quantas viagens de trem. Massificação A Cidade à noite, surpreende Nossos olhos, mesmo conscientes, Anjo solitário Sendo filho do pecado A cada dia eu desço A metáfora da mariposa O que procura a mariposa Da segurança do escuro Dessa forma, faço uso Silêncio e segredo Eu preciso de silêncio e de segredo
Onde há sol, vento, poeira,
Tradição, lição, fogueira,
Uma feira, uma freira, uma esteira e um
Quando o calor alicia
E o vento assanha o chão.
Era uma antiga tradição,
Uma lição deixada acesa
Numa soberba fogueira
Numa noite de São João.
Uma feira
Em meio à procissão.
Uma freira
Em fuga da prisão.
Revestindo o chão,
Uma esteira.
Uma linda lua cheia
Que brilhava em solidão,
Encobria o clarão do sol,
Quando os dois em união,
Amavam-se no paiol.
No silêncio da chave.
A porta abre
Uma fenda na escuridão.
Na refração,
Meus olhos ardem.
Já é tão tarde
Que a rua está em solidão.
Adentro em casa sem vontade,
A luz que invade
Mostra o vão,
Cada detalhe,
Um desdém a liberdade
Que reage a prisão.
Contudo, é possível,
Questão de arte.
Ao despencar no abismo da derrota,
Sustente a corda
E se arraste.
Força e coragem
Batem a porta.
Porém, só adentram, se você abre.
Nada importa,
Pinte o agora,
Tudo, em parte,
É questão de arte.
Antes deve perdoá-lo
Por ter deixado você
Cometer
Mais um pecado.
A esquecer
Que ao prazer
Ele é forçado
Pela vida, pelo amor e pelo ter.
Simplesmente, por viver,
É condenado.
Lúcido como agora.
Quero enfrentar com riso,
A derrota.
Eis que isso,
É a verdadeira glória.
Um paradoxo,
Ou a ociosidade,
O remorso?
Imaginando você
Nascendo à luz da lua,
Hoje,
Ao anoitecer.
Inquieta,
Livre para o amor e a luta,
Herdeira de minha musa,
Amado ser.
Tem a escuridão por companhia.
Mãe e filha,
Uma é arvore,
A outra, fruto.
Filho em parte.
Mãe em tudo.
Sua vida é uma história.
Seu nascimento uma glória.
Seu irmão, de fora bate,
Diz seu nome com alarde:
- Maria Vitória.
Em meio ao sol abrasador,
Chama a atenção do agricultor
Que já conhece tais segredos.
Os dedos cálidos de dor,
Da mão de um trabalhador
Que em seus ais tem seus anseios.
Em chamas de intensa cor,
Enquanto queimam-se os gravetos.
Na terra, só o dissabor.
Na solidão, vão-se os desejos.
Sobre velhas páginas,
Semeei palavras
Que insatisfeitas
Deram-me em colheita
Uma grande safra
De um fruto sem casca,
A minha tristeza.
Presa pela boca
Em que uma ou outra
Tenta mordiscar,
Murcha sem parar;
Se tornando feia,
Seca na areia
Quando o vento dá.
Solidão na mesa
Onde o fruto está
Exposto, sem par,
Sem mostrar beleza,
É minha tristeza
A me alimentar.
Simplesmente faço
Na solidão de nossas almas
E no silêncio de nossos pensamentos,
Se temos a comoção de nossas lágrimas
E os mais sublimes sentimentos;
Se emergimos além da mentira
E respiramos a verdade,
Onde há dor, onde há ferida,
Por ser a realidade?
Por que a quietude e não o grito?
Por que o mito
E não o fato?
E por que não,
Eu simplesmente faço?
Pelas veredas.
Fez isso a noite inteira,
Ao luar.
Resolve acampar,
Faz a fogueira
E põe alguns gravetos pra queimar.
As chamas que aquecem pelo ar,
Divagações sem telhas.
O sono, aos poucos, chega.
O sol lhe acordará.
Que ajuda eu daria a vocês,
Se tudo não passa de visão?
Um conselho
Ou mesmo um sermão,
Não daria vazão
Ao seu medo.
Auto-ajuda
Não é um segredo,
Pois não passa de pura ilusão.
Não há força, apoio ou palavra
Que levante a sua cabeça.
Se não for você mesmo, esqueça;
Não terá o domínio da alma.
Tenha calma,
Você é capaz,
Só depende de si, ninguém mais
Tem tamanho poder,
Somente você.
Com a pretensão
De não ser percebida.
Mas minha mão desinibida,
Risca
Em tua direção.
O nanquim se espalha no borrão
E deforma a figura escondida.
A pintura está perdida.
Todavia,
Tua imagem está retida
Dentro da imaginação.
Que eu preciso chorar
Para se acreditar
Que sinto muito?
Só tenho fé se rezar;
Ainda tenho que gritar
Para que alguém possa me ouvir.
Para mostrar felicidade.
Pela suposta verdade,
Tenho sempre que mentir.
Para demonstrar saudade,
Tenho que tentar fingir.
É a pergunta que me cabe.
Que não se cale
Entre as grades do oprimir.
Que se abatia em mim?
Não foi de grande ajuda,
Inocentarem-me no fim
De uma audiência fajuta.
Júri composto de mulas,
Juiz que come capim,
Um animal como réu,
Um advogado xexéu
E um promotor japiim.
O que fizeram da culpa
Que se abatia em mim?
Do meu rosto,
Não é mágoa nem desgosto,
É fraqueza.
Talvez, a extrema magreza
De meu escanifrado corpo,
No fastígio do mau gosto,
Me apodreça.
Que eu me esqueça
E com extremo esforço,
Tire a mão de meu pescoço
E permaneça
A fitar o quimérico almoço
Na imaginária mesa.
Você ainda menina
E eu, uma moleca de rua?
Nossa extração contínua,
Continua.
Na escuridão, confusa,
Sua mão
Buscava a minha,
A minha
Encontrava a sua.
Lembra-se de nossa rua,
Quando sob à luz da lua,
Nossa avidez detinha
Nossa culpa?
Lembre-se de nossa jura:
Que você seria minha
E que eu seria sua?
Lembra-se?
A pedir esmola
No pátio da escola,
Não me compadece.
Essa tua história
Do que der agora
Em dobro, recebe.
O que a mim deseja
E espera que eu negue?
É a minha queixa
A quem sempre o pede.
Sob o mormaço da chuva.
O seu magro corpo sua;
Seu vestido velho esgarça.
Nem um tiquinho de culpa
Ao vento que lhe açula
Quando ao seu lixo, espalha.
O chão de terra se ajusta
Entre as paredes de barro.
Uma voz fina lhe assusta,
O neto se faz lembrado.
Que não haverá mão
Que possa me livrar do adeus.
E sua despedida,
Mesmo que florida,
Não é minha escolha.
Sei que vou ficar à toa,
Com a lembrança boa
Do que era meu.
E divagações
No vazio que em mim, fica,
De uma triste despedida
Que amarga
Em emoções.
Não é felicidade,
É sarcasmo.
Dessa forma, eu faço
Escárnio com o mundo,
Tão imundo
Que me dá asco.
Frustração e medo,
Eu esboço esse sorriso
Que não é felicidade,
Na verdade,
É desespero.
Por atitudes corretas,
Embora,
Mesmo incerta
De qual seria a resposta.
Você não gosta,
Despreza
E em sua pressa,
Ignora
Que aquele que mal te olha
É o mesmo que te venera.
O silêncio passivo de minha alma,
Só encontrei terror e ódio
E o remorso das palavras,
Por suscitar a guerra,
Por imprimir à terra,
Minha infâmia e desgraça.
Já que morrer desejo,
Que me condene a lei.
Pois a prisão, talvez,
Deixe-me afeito
A uma luta sem fim.
Eu combatendo à mim,
Que minha dor vença meu medo.
Sobre o assunto em questão.
Quer saber a minha opinião?
Eu vou lhe dar,
Preste muita atenção.
Eis a única razão
Que me faz concordar
Com tão delicada situação,
Eu não estou em seu lugar
Nem tenho a sua compaixão,
Melhor doar
Do que levar para o caixão.
Nos traz
Tantas saudades e ais
Quanto mais
Nos traga a vaga lembrança.
A enorme cobrança
É de voltarmos atrás.
Mas, sendo tarde demais,
Só nos resta a esperança.
Segue passos inconstantes
Numa caminhada quase sem regresso.
Que será mais importante
Quando se está distante:
É seguir em frente
Ou simplesmente,
Espero?
A incerteza, vão pisar.
E talvez, voltar
Não seja o que quero.
Como posso lhe encontrar
Se não sei mais o lugar
Onde fica o altar
Em que a venero?
Muitas vezes, concorda
Com o que a gente pensa;
Em sua inocência,
Sai, nos dá as costas
E sem respostas,
Prossegue o dilema.
No mundo dos emails?
Onde ficam os seios
Com tanto silicone?
E qual seria seu nome,
Se usam o apelido?
O mundo é tão colorido
Que o preto no branco,
Num toque, por encanto,
Está desaparecido.
Estreito minha fé no dia-a-dia.
Procuro inserir a alegria
Entre versos de tristeza.
E é observando a natureza
Que encontro um instante de euforia.
No mais sutil momento,
Há grandeza.
Na extrema beleza,
Harmonia.
Tal qual o sol, a terra, irradia,
A poesia
Ilumina a minha letra.
Numa revoada.
Asas abertas migram norte-sul
Numa previsível temporada.
Madrugada cinza.
Nuvens passageiras.
Lentamente, o sol se aproxima
Das asas ligeiras.
Voo numa formação perfeita,
Seguindo a instintiva direção;
Muitas vezes, feita
Por recordação.
Que o gênio criativo me aborrece.
Queria ter você em minha pele
Para sentir o que eu digo.
Às vezes, é preciso
Sair do sério.
Espero
Que o leitor entenda isso.
Não fico um só minuto mais comigo
Que o gênio criativo aparece.
Tomei a liberdade
De brindar.
Cálices quebrados,
Cacos pelo ar.
Voltamos novamente a brigar.
Tenho a sensação que há pedaços
Que perfuram e causam mal-estar.
Onde o tinto líquido derramado,
São lágrimas em nosso triste olhar.
E um garoto teima
Em olhar;
Seus olhos ainda insistem em chorar
Por uma dor alheia.
Aquela que partiu, não era feia
E o soube cativar.
Eis que a distância espelha
Uma triste poeira
Que se desfaz no ar.
É perceber os males e as mazelas do mundo.
Na fração de um segundo,
Observar a palidez contida.
Onde a cura é merecida,
O medicamento é único.
Quando se exige muito,
A nação é desprovida;
E desvalida,
Segue uma extensa lista
Com os nomes dos defuntos.
Recado da mais torpe condição,
A de uma mão
Que põe na boca, o dedo,
Impondo o silêncio à razão.
Enquanto nossa débil audição,
Nos priva em bucólico segredo,
O mundo inteiro
Se perde em emoção.
Se delimita o céu.
São pontos dispersos,
Diversos
E iluminados.
A grandeza se funde no cenário
Da imaginação,
E contando estrelas,
O mundo se espelha
Na palma da mão.
Solitário, em desalinho,
Sem alcançar o patamar da glória,
É não fazer história,
Um náufrago sem memória,
Perdido em uma ilha.
Diante dos degraus da escadaria,
Jamais se arriscaria.
Debate-se e chora
Por bucólica
Fantasia.
Levar o teu ser
A um desabitado beco sem saída,
Será de uma mão amiga
Estendida,
Que vai tentar se valer.
A quem devo recorrer?
Eis uma questão antiga.
Quando a gente mais precisa,
Ninguém vem nos socorrer.
Tem um tom de voz
Que identifica uma emoção.
Seja de paixão,
De aflição que dói,
De ambição que rói
Ou de comoção
Que é tristeza e dó.
Se de solidão
É saudade e só.
De portas cerradas
E chaves perdidas.
Estou sem saída.
Noite, madrugada,
Novamente dia.
Já não tem bebida
E comida, nada.
Roupas espalhadas,
Não há companhia,
A cama vazia.
A TV ligada
Mostra uma casa
Onde um fantasma
Acha que vivia.
E nem repúdio.
A dor que eu oculto
É natural,
Um mal
Do qual eu me descuido
E até abuso
Desse desvio moral.
A porta está aberta.
A casa está deserta,
São anos de espera.
(E de repente
A solidão presente
Se dispersa.)
O mendigo da frente
Tinha pressa.
O outro, às avessas,
Vai cautelosamente.
Ante esta fila
Numa espera contida
E enfadonha.
Uma impaciência medonha.
Uma dor física.
Enquanto alguém me avisa:
- Uma menina bonita,
Trouxe a cegonha.
Da cidade Mossoró,
No bairro Santa Delmira.
O número, já sei de cor.
Mil e um,
Eis o mesmo aqui grafado.
Abaixo, cito o Estado
Onde o sol brilha mais forte,
É o Rio Grande do Norte
No nordeste brasileiro.
Completo meu endereço.
Fecho, enfim, o envelope.
A dor que provoca
O ciúme intenso.
Depois do silêncio,
Nada mais importa.
Ao bater a porta,
O arrependimento.
Ao pedir a volta,
Ajoelha e chora,
Pois está sofrendo.
O perdão aflora,
A emoção a dobra,
E acaba cedendo.
Pela folha dobrada.
Era a última carta
Que seria emitida.
Um sinal de que o dia
Pela noite ansiava.
Ampulheta virada,
Não há tempo pra nada
Nessa vida.
Em caricaturas,
Por finas ranhuras
Se desalinhavam.
Ainda encantavam,
Modestas figuras,
Ainda encantavam.
Até certa altura.
O vento e a chuva
As desfiguravam.
Mesmo as que estavam
Nas partes mais sujas,
Se eternizaram.
Morre oprimida no edifício,
Em meio ao desperdício.
Sente falta
De lágrimas, de sorrisos
E de água.
A ponta de seu bico
Toca a sua alma.
O seu bater de asas
É motivo
Para sorrisos e lágrimas.
O colibri disfarça
O amor sentido.
Dessa classe desprovida
De moderação e medo.
Ponho o dedo
Bem no meio da ferida.
Minha voz soa maldita.
Minha escrita
Causa anseio.
Não me humilham.
Porém, a tristeza
E a dor alheias,
Me precipitam
Nas profundezas
De um abismo,
O do fracasso.
Não aquilo que não posso.
Mas pelo que posso,
E não faço.
São rosas espalhadas nos canteiros
Em pétalas vistosas
Que em tardes invernosas
Exalam um raro cheiro.
São meramente bostas.
De meu problema?
Em que teorema
Me desfiz?
Sou um aprendiz
Que sempre tenta
Na razão de seu dilema,
Encontrar sua matriz.
As profundezas ocultam nossa dor.
Na areia, apagam-se nossas marcas.
Ao leito, seca nosso amor.
E nesse rio de lágrimas,
O mundo naufragou.
Renego a existência.
Sinais de uma demência
Transitória.
Enquanto a alma chora,
Não há benevolência,
Meu corpo em violência,
Se enforca.
À sua maneira.
A vida alheia,
Nada nos diz.
Corte o mal pela raiz,
Que coisa feia.
A inveja traz tristeza
E cicatriz.
Que estou preso
A esse corpo miserável.
Mas sem ele, sou escravo
Da fatal inexistência.
Metamorfoseando minha crença
De não ser hereditário
De uma lenda,
Não sou apenas
Carne habitável,
Sou verbo indomável
Em dilema.
E focalizar a minha ação.
Entre fazer ou não,
Está o tempo
A perder-se,
A interpor-se,
A integrar-se
Ao inevitável momento
Da decisão
De delimitar a minha ação,
De focalizar meu pensamento.
Clarões que ofuscam a alvorada.
Um escarcéu,
Como em resposta, a trovoada.
Forma-se um véu,
A chuva em plena madrugada.
Um coração infiel
E um carrossel de palavras.
Com a caneta,
A mão ajeita
Letra por letra,
Em uma dança.
A forma perfeita
Na pauta estreita,
Enquanto é feita
A palavra dança.
E tortura lentamente nosso ser,
Tem capacidade e poder
De nos manter
Em patético silêncio.
Nos faz crer
Que desejo e querer
Não passam de fingimento.
Nos faz prometer
Em juramento
Que mesmo através do tempo,
Jamais vamos esquecer.
Faz de mim e de você
Dois apáticos detentos.
Em ½.
Vida e morte.
Numa parte, me possui a sorte.
Noutra, a inevitável desistência.
De manter-me por inteiro,
Faz da matemática de mim mesmo,
Uma enésima potência.
Nem almejo lucro.
Apenas procuro
Ajudar aos pobres.
Não por ser esnobe
Ou mero discurso.
Mas por fazer uso
De meu lado nobre.
Ouça o que eu digo.
Pois como político,
Pode ter certeza,
Haverá vileza,
Faltará abrigo,
Sobrará martírio
E aflição alheia.
Pra me por detido.
O pior bandido
É o bem vestido
E de mala cheia.
Pela casa,
Tenho as lembranças arranhadas
E esquecidas.
Por onde andam as conversas conduzidas
Pelos homens de fumaça?
Nas costas de um tênue vento,
Pela janela escancarada.
Pela tripulação dispersa,
Numa espera
Que parece eternizada.
Depuseram suas velas.
Em meio a elas,
O seu capitão se apaga.
Toca a minha mão,
Prova a sopa quente
E um pouco do pão.
Cruza as pernas delicadamente,
Me deixando ver sua intenção.
Minha reação
De nojo crescente,
Ante a indecente situação,
Leva a outra ação:
Levantar o braço lentamente
Para evitar o que pretende,
Quando vem em minha direção.
A maldita mosca tenta em vão,
Evitar a morte iminente.
Apesar do ruído,
Dá para ouvi-lo.
É música ao vivo.
Doem nossos ouvidos.
Para o jovem, tido
Como o som da moda.
Qual língua é usada?
Aliás, não importa.
Não se entende nada
Desse som de bosta.
Por o pé na estrada.
Tem a seu favor,
A saudade, pela distância.
E pelo contra,
A rotina,
Lida contínua do dissabor.
Não determina
Em que mais domina;
Se é o contra ou o a favor.
Nesse instante,
Alguém tem o semblante
Pensativo,
A procura do mais banal motivo
Pra levá-lo a misturar-se aos passantes?
Perder-se nos recônditos delírios
De seu intrigado e vago espírito
Que vagueia bem distante?
Além de mim e de você,
Consegue ver
Tão adiante?
Peço encarecidamente.
No céu vai alta, a lua.
Quer cavar tua sepultura
Nesta escuridão crescente?
Para que eu não siga em frente.
Desta vez é diferente,
Prometo, até faço jura
De que volto brevemente,
Desta incessante luta.
Não se justifica a guerra.
Não há pedaço de terra
Que mereça a vida tua.
Vá se aquietar criatura,
Deixa-a pra gente perversa.
Parte o jovem enaltecido,
Bravamente decidido
A buscar a liberdade.
Seu país, bem na verdade,
É por demais merecido.
Abençoa sua jornada.
Não há mais tempo pra nada,
Reza pelo filho ido.
Coração entristecido
E um peso em sua alma.
Deixa o jovem comovido:
Coragem. Vai ser preciso.
Cantarola uma canção descompassada;
Vai seguindo a estrada,
Vagamente esquecido.
Chama sua atenção.
Já com a arma na mão,
Corre no mesmo sentido.
Há um grupo reunido;
No chão, um homem ferido,
Desprovido de ação.
Pelo grupo é recebido.
Este é um inimigo
Abatido em ação.
O jovem vê sedução
Nas nuances do perigo.
Aproxima-se arisco,
Dos que já ali estão
E estendendo a mão,
Cumprimenta seus amigos.
Executa-se o maldito.
É cumprida a decisão.
Apesar de implorar,
O sangue põe-se a jorrar
Com o tiro sem perdão.
Um pelotão sem comando.
Dentro deles, o espanto.
Fora deles, perversão.
Em suas mãos, o sangue.
Em suas fardas, o nome.
Em suas vidas, lição.
Esses jovens destemidos,
Senão, futuros senhores despidos
De equilíbrio e razão?
O que dirão a seus filhos?
Seus crimes nunca esquecidos,
Numa eterna assombração.
O narrador se entristece
Quando vê um jovem prestes
A perder o coração.
Um clamor na escuridão.
Alguém testemunha o fato.
Um corre-corre no mato.
Uma caçada em vão.
Morrem por opinião,
Por convicção, se matam.
Os jovens que dizem não,
Vão parar numa prisão
Ou acabam assassinados.
Estes atos imorais.
Por que nós, pobres mortais,
Não ouvimos o recado
Deixado por ancestrais.
Quantas guerras, tantos ais.
Matamo-nos pela terra,
Por quimeras, ideais.
Quantos mais cairão por terra,
Desobedecendo as regras
Ensinadas pelos pais?
Da tropa, enfim, se dispersa,
Se tornando fácil presa.
Numa captura surpresa,
O nosso jovem é levado.
Há um rapaz revoltado.
Acusa-o de um assassinato.
Matou meu pai por vileza.
O jovem é arrastado
Para um justo julgamento,
Se é que nesse momento,
Isso possa ser firmado.
De um lado,o filho da vítima.
Do outro, o jovem carrasco.
Do aviltado momento,
O jovem em julgamento,
É finalmente encontrado.
Contudo, ao ser libertado,
É ferido mortalmente
E levado urgentemente,
Muito sangue é derramado.
A mãe cai em desespero,
Sem saber o pesadelo
De seu destino macabro:
Um assassino cruel,
Que morreu sendo fiel
Aos princípios do soldado.
Espalhados pelo mundo?
Confundem-nos com seus olhos
Que são por demais profundos.
Com seus delineados traços
Numa expressão de faço
Acontecer?
Em nossas almas
Ante eles desarmadas
E em silêncio?
Esses rostos ciumentos
Dizem não
Numa expressão
De quase fingimento.
O que querem?
O que esperam?
O que são
Esses rostos que parecem
Ilusão?
Doutora
Como a qualquer pessoa.
- Respeite-me, atrevido, sou Doutora.
Doutora é sinal de negligência,
De desrespeito à vida e à ciência,
De pura incompetência
E frustração.
Dos próprios atributos, me perdoa.
Apesar de minha desaprovação,
Chamar-te-ei, de coração,
Doutora.
Sempre a espera de alguém.
A velha praça também,
Enfrenta a desolação.
Qual seria a razão
Para não sentar ninguém
Na praça da estação?
Desengates de vagão.
Num incrível vai-e-vem,
Bolsas e malas na mão.
O tempo pôs em silêncio,
A praça da estação.
Com a intensa movimentação.
Luzes que se apagam e se acendem
Em um ritmo insistente,
Implorando atenção.
Rendem-se à massificação
E acreditam piamente
Que o mundo facilmente,
Cabe na palma da mão.
De um pai sem compaixão,
Fruto da concepção
De um mundo alucinado,
Sou um anjo rejeitado
Pela dor da traição,
Por não conseguir perdão
De um deus mitificado.
As paredes do inferno
E quanto mais chego perto,
Mais pareço
Solitário.
Em seu voo noturno?
A claridade exposta,
Se sujeita a ser morta
Por cansaço e por descuido.
De metáfora.
Uma chama que se apaga
Entre as trevas do futuro.
Para resistir ao medo
De um dia ser traído.
Tão comovido
Com o outro, o do espelho,
Não reparo que é a mim mesmo
Que ingenuamente, fito.
Assim, evito
Acreditar que houve erro
E que causa e efeito
Faz sentido.
Será por estilo, por insensatez ou mesmo por liberdade? O que passa na realidade, na cabeça do poeta quando azucrina de falar de forma ínfima na universalização do verso?
O poeta faz poesia, não sucesso; tem intrínseca alegria em criar; não importa se jamais vai agradar ou apenas aborrecer quem consegue perceber que ele apenas quer incomodar.
Ao abrir os braços e olhar para o céu ao receber os pingos da chuva, percebemos a grandeza do universo. O poeta resume essa grandeza de forma poética, numa singela gota d’água.
Na união de cada gota, temos uma enorme boca que nos fala numa verdadeira enxurrada.
O poeta é sinistro quando fala. Se você não percebeu, esse maldito poeta sou eu.
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Re: gota d'água
Eis a forma encontrada
Para definir meu verso:
Uma simples gota d’água
Na grandeza do universo
De gota em gota, forma-se um imenso mar, portanto, cada gota é indispensável. Abraços