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A história da Lavadeira
Já havia lavado a trouxa, a que me tinha proposto lavar,
Então decidi, no rio, banho tomar.
Tirei a roupa que me cobria, o corpo e as maleitas de uma violenta infância,
Estava uma tarde quente de Primavera, nem no Verão me lembrava daquele calor,
E no ar pairava uma suave brisa do perfume das flores, doce fragância,
Mergulhei na água limpa e transparente, como um cristal tricolor.
Os meus longos cabelos cobriam quase todo o meu corpo esguio e magro,
Restia dos dias de tareia e fome, que meu pai me dava, antes de ali trabalhar,
Mas preferia a labuta do que houvesse para fazer, do que ter sempre um olho negro,
Antes mesmo, não ter o que comer, do que só pancada levar.
Não estava arrependida, de casa ter fugido, antes sozinha do que mal acompanhada,
Embora, tivesse mais seis irmãos, nenhum deles me defendia do pai tirano,
Um dia, ele entrou bêbado, cheio de raiva e deu-me uma valente navalhada,
O golpe foi tão profundo, que quase estive sem andar, um ano.
Decidi que aquela vida não era para mim,
Pensei na pobre da minha mãe, no seu leito de morte,
A sua testa quando a beijei, tinha um cheiro delicioso de jasmim,
E que me pediu, encarecidamente, que não os abandonasse à sua sorte.
O sofrimento era demais, tudo cenário feio,
De tudo passei e engoli da minha própria família e dos irmãos que ajudei a criar,
Até que decidi fugir, de uma vez por todas, para bem longe, sem receio,
Para a esta simples aldeia do vale da montanha, vir parar.
E assim, me tornei lavadeira,
O que eu queria era ganhar o pão para a boca comer,
Antes não ter, eira nem beira,
Do que estar confortavelmente, a sofrer.
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Poesia :
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Comentários
É sempre um enorme prazer,
É sempre um enorme prazer, saber que aprecia e lê, aquilo que escrevo, pois tenho-o em alta estima,como referência poética.
Obrigado.
Joana
"E assim, me tornei
"E assim, me tornei lavadeira,
O que eu queria era ganhar o pão para a boca comer,
Antes não ter, eira nem beira,
Do que estar confortavelmente, a sofrer.”
Aqui está uma verdade, que tu citas
no teu poema de hoje, uma história, que eu tanto
gostei de ler. Parabéns, por tanta ciratividade,
:-)