Homem vs Natureza

Com dores de parto dá à luz, no esplendor da aurora um grito solta-se da prisão envergonhada, num pacto dançante coerente e harmonioso as massas de ar deslocam-se, conduzindo nascentes do alto numa gradual mutação, enquanto montes sobem e vales descem. A terra seca sacia sua sede e num bramido desesperante, anseia pela saturação.

O solo move-se e árvores murmuram entre si uma conjectura contra o inimigo. O gelo deixa escapar um gemido retumbante de trovão enfurecido, mas os gigantes regelados sucumbem e caem como muralhas no dia do assalto, jazem desolados como corpos decompostos pelo impiedoso sol.

Não! Enfatizam os poderosos. Como pavões abrem o seu orgulho, desprendem a arrogância, astutamente comutam a face pela máscara hipócrita, não de anfiteatro mas de cenário mundial.
Sangue é substituído, gelo corre em veias e artérias de uma pedra que a ambição subornou.
Como feras tragam o não pertencente, enriquecem com a injustiça e com a pobreza.
Olhamos à nossa volta e vemos a incontestável culpa.
Culpa por vezes evidente, culpa por vezes encoberta.

(Brevemente publicado em livro, B.T.)