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Hora do fim

Hoje não sou samba, nem bamba, nem babado.
Hoje sou tristeza, com certeza sou fado.
Sou a dor da frieza da ausência em mim
sou a certeza da morte da beleza, "O fim"!

Hoje estou cinza rosa, música em prosa,
tristeza horrorosa, sem fé forvorosa,
(acho que simplismente o mundo é assim)
finjo-me de inocente e carente, só digo sim.

Sinto sangue seco fluindo, na veia obstruindo,
teu braço em que me refaço de cada fim.
vejo mil balas zunindo, momento quase findo,

Tiroteio em mim que promulga meu fim,
e assim eu vou indo, finjindo sorrindo
fugindo do estilhaço, meto-me no botequim.

Momentos de crise...

Submited by

segunda-feira, outubro 19, 2009 - 06:03

Poesia :

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analyra

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Título: Membro
Última vez online: há 11 anos 47 semanas
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Comentários

imagem de anadeornelas

Re: Hora do fim

AnaLyra,

Que venham estes momentos de crise, que se instalem e que se vivam... na incerteza de um conseguir, fica a certeza de um sentir, a consciência de um trabalhar, de um aceitar, e finalmente sobreviver...

Vou estando por aqui, esperando, ansiosa por a ler...

mais beijos...

imagem de Conchinha

Re: Hora do fim

Felizmente há o botequim
Naquele velho caminho
Onde sempre a sorte
Dançou com a morte

Felizmente hoje, como sempre
Há cachaça, frenesim
na estrada da beira do fim

Felizmente o poeta sempre encontra uma saída, digo.
bjo

imagem de analyra

Re: Hora do fim

Felizmente há o botequim
Naquele velho caminho
Onde sempre a sorte
Dançou com a morte

Felizmente hoje, como sempre
Há cachaça, frenesim
na estrada da beira do fim

Felizmente no mundo há flor e jardim,
existe menos não e mais sim,
existe perfume, aroma de jasmim.

Felizmente na escuridão
sem há um raio de luz,
levando ela ao fim.

Felizmente há gente
que compreende, enfim
a tristeza pura e simples
auto-gerada dentro de mim.

imagem de jopeman

Re: Hora do fim

A dor é um alimento inebriante...
Em tempos escrevi isto
"Estatelado no chão me encontro, sobre mais uma disputa de vida. O corpo pálido e vencido reflecte o ensinamento e interioriza a dor… revivida a cada golpe infligido na alma.

Ecoam no meu cérebro os desacertos obrados, como verdades cruéis eclipsadas sob névoas de razão, mascarando o brilho dos sonhos. Vertem sob o rosto as fantasias, o esforço e a dedicação, brigas por um propósito desacreditado. Cada acto esfolado redunda em delírios de vida, alucinações de vontades e quereres.

Renasci sobre as cinzas da dor e, mergulhado em ambiguidades, imergi persuadido de uma existência sem antagonismos, antíteses, conflitos. Avanço… deixando fluir a vida ao sabor de brisas divinas, abraçando cada sopro sem previsões, conjecturas ou juízos, somente em paz, desfrutando do caminho que me guia.

Deixei minhas armas quando caí, esperando que sob céus melódicos Deus me gratifique com sabor e premeie esta ousadia com cor. Posso ter caído… mas não fui vencido."

A seguir a uma queda há sempre um erguer de um Ser mais completo...
Apesar disso, um belissimo poema
Bjos

imagem de analyra

Re: Hora do fim

Lindo texto, lindo mesmo. A percepção da queda, a análise, a força de reerguer-se é algo quase místico, algo que renova e estabelece novos paradigmas.
Hoje veio a tranquilidade.
Só conhece a analgesia quem já experimentou a dor,
só conhece a vida que um dia tingiu-se da cinza cor do sofrimento.Vociferando tormentos em poesia eu falo, expurgo meus expurios males insanos, me cubro de sentimentos, humanos e assim me aproximo da santidade, quiçá da sanidade e assim redescobrir a cor verdadeira da vida, não a derradeira ilusão perdida e geradora de aflição. Despir-se de tudo que não é vida, olhar o fundo do poço, atravessar o triste fosso que nos aparta da felicidade, reerguer-se sem alvoroço, e silente perseverar no caminho, sendo apenas um ser humano, simplismente e verdadeiramente humano.

Muito grata pelo comentário.

imagem de RuiLima

Re: Hora do fim

Regra geral a mim parece-me sempre muito mais profundo os poemas mais negativistas do que os alegres. tu consegues profundidade em ambos os casos.
mais um bom poema

imagem de LaRoche

Re: Hora do fim

Ana,
Há momentoss em a fuga parece impossível e um fim se aproxima. Outras horas mais belas abrirão janelas de confiança e calma-
Parabéns.

imagem de Mefistus

Re: Hora do fim

analyra;
Hoje não sou samba, nem bamba, nem babado.
Hoje sou tristeza, com certeza sou fado

Um fado cantado e mal amado,
Na voz trovejado
Seu coração devastado
Por um lamento irado.

Como a entendo, num momento tão pesaroso
em rima, pensamento vagaroso
Joga a triteza fora
que sua alegria não demora

Um abraço

imagem de gege

Re: Hora do fim

analyra

Tiroteio em mim que promulga meu fim,
e assim eu vou indo, finjindo sorrindo
fugindo do estilhaço, meto-me no botequim.

Se toda crise fosse assim,
ela naõ existiria
belo poema parabéns.

e obrigado por colocar um poema meu,
entre os seus favoritos

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