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INCONGRUÊNCIA

 

Olhou-se ao espelho e não se contentou com a imagem
em que se reflectia
Sintonizou com minúcia o pormenor
e voltou a não gostar de se ver
Ao longe o reflexo depreciava a sua cotação
Havia qualquer coisa naquele dia por preencher
Uma carência com o estômago vazio...
Dilatado pela fome
Uma ausência em si mesma
com falta de cor
Um gosto a cuspo engolido
num despertar de uma manhã qualquer
Ou seria a falta de um apetrecho da moda ?
Pois sabia que toda a justificação
é uma descarga da culpa
Rápida e simplista
Evoluindo em modos materialistas
Tentando justificar factos e ideias
da forma mais fácil e eficaz
Seria a falta sexo ?
Um desejo que saciado nos corpos
infecta os olhares sorridentes
e os deixa com a cara de bacalhau mal cozido
Ou seria uma noite mal dormida ?
Teria definhado na curva de um instante ?
Padecia de alguma agrura
que lhe traduzi-se a aspereza dos dióspiros no olhar ?

De fora para dentro
um dedo inquisidor
repreendia um corpo conectado à imagem do espelho
E eu ali á espera
Prostrado...
Sem saber bem onde me desligar da ficha

Um reflexo só é imagem
se nos permitirmos aceitar nas suas formas
Acatar o que vem de fora é como uma Aurora
Que pode muito bem ser dia
ou então mulher
Dependendo apenas da forma e da hora
em que acionamos o nexo
a dar lógica à sua passagem

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terça-feira, fevereiro 25, 2014 - 13:13

Poesia :

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Sugo

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