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A JANTA TÁ PRONTA




A janta tá pronta

 

 

Ó Antóino!

Ó filho dum demóino!

Na ouves ê chamar?

És surdo ou queres apanhar?

 

Diga mãe!

Ê ouvi bem,

O qué que quer senhora,

Pra que me quer agora?

 

Vai chamar o rai do tê pai,

Tá o jantar na mesa e na vem,

Anda metido no vinho,

Ainda parte o focinho.

 

Ó mãe deve estar escarado,

Na vem da taberna nem amarrado,

Ê vou lá e ele me bate,

Na mereço que me maltrate.

 

Ó sê filho dum corno,

O jantar já tá morno,

Daqui a pouco arrefece,

Aida levas um tabefe.

 

Pai, a mãe chama, jantar tá pronto,

De chamar tanto tô tonto,

Com o cheiro do vinho maldito,

Na digo mai nada, tenho dito.

 

Diz à tua mãe quê já vou,

O vinho ainda na acabou,

Na quero que me apequentes,

Ainda te parte os dentes.

 

Olhe mãe, o pai na quis vir,

Ele só faz é cair,

Tem tamanha bebedera,

Já partiu a fessenhera.

 

Ó António, filho do diacho,

Na digas mai nada, tá calado,

O tê pai que jante o vinho,

E que parta o focinho.

 

Olha, lá vem o tê pai,

Tã depressa salevanta como cai,

Ele que jante com o cão,

Com o que tá no chão.

 

Ouve lá ó melher!

Dá-me lá uma quelher,

Pra quemer esta merraça,

Se nã na sei o que te faça.

 

Ó home dum diacho

Tas bêbedo que nem um cacho,

Tás a quemer a quemida do cão,

A tua tá no fogão.

 

2012-Estêvão

 

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sábado, agosto 4, 2012 - 09:46

Poesia :

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José Custódio Estêvão

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