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Lisboa estremece ainda

Lisboa estremece ainda
Com olhos estremunhados do dia,
humedecidos de maresia,
reavivam só um nadinha
em cada pedra lavrada,
calçada entretecida
de calcário e basalto,
como se possível fora
espreguiçar a modorra
descendo a despida ladeira.

Lá em baixo o Tejo cintila
qual estrela matutina
que se fizesse longa água;
já muitos andam na faina
das gaivotas às varinas
às vendeiras de frutas
e as floristas, em braçadas,
levam cravos e gladíolos
para florir o Rossio.

Na rua o passo silencioso
a pouco e pouco se apressa
é o metro, é o comboio;
o autocarro indisposto
que discute com o eléctrico:
- ó pá vê se sais do trilho!
E se ri o seguro amarelo!
E ri-se o pirralho agarrado ao estribo
com a mochila a tiracolo
um polícia meio morto puxa do assobio,
mas já saiu tarde o apito.

Lisboa corre entretanto,
fica a magia em suspenso
até ser hora de almoço.
Ficam os olhos absortos
a contar contos e contos
que nunca hão-de ser nossos.

Nosso é o vazio dentro,
esperando a hora de almoço:
uma sandes e um copo de tinto
De olhos postos no imenso rio
a embalar os veleiros
trazem ares de outros mundos
e levam os nossos sonhos.

Lisboa dos meus encantos.
Que teus pés lavas no Tejo
largo e belo como o mar,
onde nas ondas da saudade
com elas, vão os meus prantos
Lisboa das sete colinas
dos bairros tradicionais,
do estuário do Tejo
ao Chiado e Bairro Alto
lembranças que tanto invejo.

Lisboa dos alfacinhas
Cidade que inspira o canto
o fado em ti foi criado
e o poeta inspirado...
Nas maravilhas do pranto!
Ah! Lisboa quanto encanto
nas tuas sete colinas
das vielas pequeninas
ao mosteiro dos Jerónimos
deste, à torre de Belém.

Lisboa de cores garridas
onde o fado conta mais
saudades não esquecidas!
Amores sem despedidas...
Muitos corações aos ais.
Venham ver nestas praças de Lisboa
tantos animalejos tresmalhados
não sei se do país ou estrangeirados
se de saúde dúbia ou muito boa.

Venham ver, cada uma em sua cor,
por aí à solta, à mão de semear,
todos podem mexer e até montar
estando aparelhadas a rigor.
Muitas delas ser monos aparentam
outras até enganam bem os tolos,
venham ver, mas não façam nelas dolos,
pois obras-primas todas representam.

Santo António folgazão
entra na marcha a cantar
e alegra o coração
dos noivos que vão casar
Santo António folgazão
entra na marcha a cantar
e enche meu coração
do amor que tens para dar
Santo António folgazão
entra na marcha a cantar
traz o menino pela mão
que ele também quer brincar.
Sentei-me um dia em Lisboa
Na cadeira de Fernando Pessoa.
Isto é: assentei-me na Poesia
E enquanto um frio sol ardia
Sentado na calçada ouvia
A alma calada de Lisboa

O fado feliz se fez cantado no claro
Dealbar da alma feita fresta
Espalhando poalha, aspergindo fortuna
Doando carinho, colhendo rocio
No cimo da espuma, montanha lagoa
Florindo ternura!

Exultante de alegria, desvaira-se a primavera
O sol loirinho e travesso brinca nas águas do Tejo
É afogueado o céu onde se aninha Lisboa
Abarco o esteiro qual vela
Rasando a espuma marinha
Com a saudade estendida à beirinha da janela!

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quarta-feira, janeiro 28, 2009 - 12:26

Poesia :

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ferpereira

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Comentários

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Re: Lisboa estremece ainda

Muito bom, gostei de ler!

:-)

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