CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
A Maldição
Há um velho conhecido,
Na praceta da cidade,
Um velho desses, já de idade,
Que vive só, feito humano,
Mas sem a vil humanidade.
E sentado nessa praça,
Estava o velho todo quieto,
No banco de concreto,
E parecia só pensar.
Trazendo encoleirados,
Como tirados da gaveta,
Olhos chocalhados,
Levando-os a passear.
E costurando entre as pessoas,
Observava as folhas secas,
Entre nuvens e facetas,
E o mendigo a esmolar.
Descoloria a grama verde,
Rebatia a varejeira,
E balançava como o mar.
E já com as pálpebras pesadas,
Lavou seus olhos lá na fonte,
E os descansaram no horizonte,
Bem além de seu olhar.
Mas na tarde já escura,
Em pequena amargura,
Rebateu-lhe um vento frio,
Que o fez cair do alto,
De seus vagos pensamentos,
Em suspenso vão vazio.
E em não mais de uma fração,
Seja de tempo ou de razão,
Como num último suspiro,
Afundado em retorção,
O pobre velho extasiado,
Viu no meio lá da praça,
Fulgurosa aparição.
Era como um espectro,
Indistinguível e sancarrão,
Que parecia nada mais,
Que vultuosa silhueta,
Vindo em sua direção.
E nessa hora de penumbra,
Onde não se percebia,
Se o que era que a trazia,
Era o escuro do mau tempo,
Ou o dia que caía,
Os seus olhos vidraram-se,
O seu corpo paralisara,
E suas mãos ficaram frias.
E o vento enlouqueceu,
Pesado e frio a correr,
Fazendo as folhas se soltarem,
Fazendo a Lua se esconder.
E era intenso tanto o transe,
E assustador o seu semblante,
Que fez os pombos se abandarem,
E pôs passantes a correr.
A dona de casa gritava,
Por suas roupas no varal,
E a idosa que cuidava,
De suas flores no quintal,
Via seus cães pularem,
Ladrando ao vendaval.
O rapaz que tentou correr,
Não conseguiu nem se mexer,
Enquanto o vento levava a bola,
Dos garotos da escola,
Que foram embora se esconder.
O bar fechara as portas,
E um elegante senhor,
Corria atrás duma cartola,
Ouvindo ao fundo algumas preces,
Do grupinho de carolas.
Mas não virou a hora,
Toda aquela ventania,
Fez a sua fuleria,
E logo foi-se embora.
E após o tempesteio,
O velho, na mesma posição,
Já não mais respirava.
E como pior assombração,
Juntou-se a multidão,
Curiosa e apavorada.
É um castigo de deus!
Alguém bradou lá do meio.
Uns diziam que era santo,
Outros que era um feiticeiro.
E alguns juravam que até viram,
Nas vítreas pupilas brancas,
O vulto negro de um ceifeiro,
Que foi sumindo com seus olhos,
Até cerrarem-se por inteiro.
E esse é um mistério,
Que para o túmulo levarão.
Pois coberto pela terra,
Que abraça toda inanição,
Jazerá uma verdade,
Mista a vermes e podridão.
E assim ao velho cumpriu-se o fim,
Como estranha maldição.
Não sentindo mais sua dor,
Não sentia a solidão.
Não sentindo mais os olhos,
Não sentia a escuridão.
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 901 leituras
other contents of Ken Sowyer
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Pensamentos | Destino | 0 | 1.062 | 05/04/2017 - 12:34 | Português | |
Poesia/Pensamentos | Fragmenta-se | 0 | 981 | 05/29/2015 - 23:50 | Português | |
Poesia/Tristeza | A Maldição | 0 | 901 | 12/03/2014 - 20:04 | Português | |
Poesia/Pensamentos | Um trago em alto-mar | 2 | 1.047 | 09/17/2011 - 19:54 | Português | |
Poesia/Pensamentos | Finais | 1 | 1.032 | 07/10/2011 - 01:55 | Português | |
Poesia/Geral | Desconjuro-te! | 0 | 1.496 | 06/17/2011 - 18:26 | Português | |
Poesia/Tristeza | Apatia | 0 | 1.051 | 06/16/2011 - 21:39 | Português | |
Poesia/Desilusão | Refúgio | 1 | 887 | 06/16/2011 - 03:43 | Português | |
Poesia/Desilusão | Em Tempo | 0 | 1.055 | 06/15/2011 - 19:02 | Português | |
Poesia/Pensamentos | Sombras | 0 | 1.080 | 06/15/2011 - 06:25 | Português | |
Poesia/Pensamentos | Cinzas | 1 | 1.092 | 06/14/2011 - 16:30 | Português | |
Fotos/ - | Inverno | 0 | 1.378 | 06/13/2011 - 22:51 | Português | |
Poesia/Geral | A Tela Enigmática | 0 | 966 | 06/13/2011 - 22:42 | Português | |
Poesia/Pensamentos | Pessoas II | 0 | 1.032 | 06/13/2011 - 20:35 | Português | |
Poesia/Pensamentos | Paciência | 0 | 1.038 | 06/13/2011 - 16:25 | Português | |
Poesia/Pensamentos | Vaga Noite | 0 | 1.001 | 06/12/2011 - 22:46 | Português | |
Poesia/Geral | Negro Presságio | 0 | 983 | 06/10/2011 - 03:29 | Português | |
Poesia/Desilusão | Caminhos | 0 | 1.004 | 06/09/2011 - 17:31 | Português | |
Fotos/Pessoais | Vela | 0 | 1.527 | 06/09/2011 - 02:50 | Português | |
Poesia/Fantasia | Sonho | 0 | 1.011 | 06/09/2011 - 02:39 | Português | |
Poesia/Pensamentos | São só idéias | 0 | 969 | 06/08/2011 - 20:06 | Português | |
Poesia/Geral | Olhar | 0 | 942 | 06/08/2011 - 18:37 | Português | |
Poesia/Pensamentos | Passagem de Ninguém | 0 | 1.077 | 06/08/2011 - 17:40 | Português | |
Poesia/Desilusão | À luz de velas | 0 | 1.029 | 06/08/2011 - 17:33 | Português | |
Poesia/Tristeza | Aqui jaz | 0 | 1.087 | 06/08/2011 - 03:26 | Português |
Add comment