MANUSCRITOS (Isabor e Giraldoff)

(Alma)
“Entregue às palavras, mas ainda senhor delas”.

(Voz)
Sou nas palavras,
Servo da ilusão,
Sou nas letras,
Alma em contrição.

Na inspiração inquieta,
Sou cativo do escrever.
No poema escondo a dor,
A tentação de nada ser.

(Eco)
“Às palavras entregue”,
“Entregue”,
“Entregue”.

(Alma)
“És letras em cascata, derramadas em ti”.

(Voz)
Sou o novo invento do verso

O sonho, a inquietação

A letra rasgada da canção,

Soletro a roda da vida।

É na margem da folha, o traço

Que voa e me eleva, além das rotas,

Além do tempo, do espaço

Contíguo, ínfimo vão de mim।

(Eco)

Às palavras entrego a ti

Entrego a ti

Entrego a ti।

(Alma)

“Somos manuscritos antigos, em nós”.