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MARIONETA

Um dia colocaste-me um fio na cabeça,
Outro no coração,
Fizeste comigo uma peça,
Fui um mero joguete na tua mão.

Nessa peça por ti criada
Havia uma rainha malvada,
Um rei com coração de gelo,
E um tenebroso castelo.

A história onde me colocaste
Fez de ti um grande encenador.
Enquanto comigo brincaste
Uma multidão te aplaudiu pela minha dor.

Pois bem, também eu te parabenizo
Pelo sucesso da tua encenação,
Dentro de mim já chovem pedras de granizo
Que vão congelando o meu coração.

Se era isso que pretendias,
Ao tornares-me ator desta fantochada,
A ti, ó falso Golias,
Respondo com um sorriso, à tua punhalada.

O pano fechou,
A brincadeira acabou,
Mas o meu coração não secou
E eu de ti, ó coisa ruim, vingar-me não vou.

Ao teu baixo nível não me permitirei chegar,
Pois como tu não sou, nem nunca serei.
Apesar de por dentro me teres feito sangrar
O teu prazer de me ver sofrer nunca mais alimentarei.

Lamento, ó deus terreno,
Mas o que conseguiste foi tornar-me imune ao teu veneno!
Pobre alma é a tua!
É esta, a verdade nua e crua!

Os fios um dia irei cortar.
A minha vida, só eu posso encenar e atuar.
Sem máscaras nem maquilhagens irei viver
Pois por trás delas não necessito me esconder.

José Vidas, 2013

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quarta-feira, março 13, 2013 - 00:05

Poesia :

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Jose Vidas

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