CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

O Sonho da Cotovia

Um dia, no topo de uma árvore nasceu um passarinho muito belo. Ele era tão belo, tão belo, que os seus progenitores o sobre protegeram. Depressa cresceu e ganhou uma linda plumagem e os seus pais pelo tempo não deram passagem. Recusaram-se a aceitar a ideia de que a sua cria já estava pronta para voar. Com a curiosidade natural de um jovem irreverente, inocente e inconsciente, olhou para o céu e sentiu vontade de o explorar. Abriu as asas, sentiu a brisa passar por entre elas e começou a batê-las. Preparava-se então para uma nova experiência viver, quando os seus pais que haviam saído do ninho por alguns instantes apareceram e começaram a repreender, obrigando-o a ali permanecer. Triste, a bela cotovia refugiou-se no seu cantinho continuando a sonhar e agarrando-se à esperança que ainda tinha, de um dia por entre as nuvens mergulhar. Ao alimentar e preservar esse sonho conseguia continuar a ter vontade de viver e amenizar a dor que sentia por não lho deixarem concretizar. Sentia-se encurralada, sozinha, aprisionada, mas com o passar do tempo ao conforto daquele pequeno espaço se foi acostumando e o céu receando. Os seus progenitores tinham conseguido o que queriam, mantê-la para sempre debaixo das suas asas. Muito quieta, já mal se mexia naquele pequeno, mas acolhedor para ela, amontoado de palha e quase tinha esquecido e desistido da ideia quase absurda de voar, até ao dia em que um lenhador que não reparou no ninho que por entre as folhas estava bem escondido, cortou a árvore onde estavam, fazendo o seu pequeno mundo desabar. O ninho caiu a pique e os seus pais voaram para fora dele antes deste cair no chão mas ela não! Caiu, desamparada por nunca ter sido ensinada! Ao verem-na ali, inanimada, aperceberam-se finalmente do erro que haviam cometido ao terem-na híper protegido. Envergonhados e arrependidos em vez de a ajudarem para se redimirem, resolveram abandoná-la e partiram, deixando-a ali sozinha a padecer. Felizmente o homem tinha bom coração e resolveu levá-la e tratá-la.
Semanas mais tarde, depois de recuperar totalmente dos ferimentos ficou a viver com ele. Sentia-se novamente feliz e começou a cantar. Começou a fazer coisas que nunca imaginara fazer e a sua alegria e auto estima voltou a crescer. Então, finalmente lembrou-se que lhe faltava fazer só mais uma coisa para ser uma verdadeira cotovia…voar. Olhava para o céu, depois para o lenhador e novamente para o céu. Um bando de outras aves sobrevoou perto deles e ela baixou a cabeça e fechou os olhos.
_ Vai! Voa, linda cotovia! Voa atrás deles! _ Disse o lenhador. _ Sê livre e feliz! Adoro-te, tenho pena que partas, mas apesar de ter-te tratado não sou eu o teu dono, não é só a mim que pertences, mas sim ao mundo. Segue o teu instinto e o teu próprio rumo. Não cabe a mim mudar o que és. Adeus, bela ave!
Surpreendida abriu os olhos, ergueu a cabeça e depois as asas. Uma força interior invadiu-a e ao sentir a brisa passar-lhe por entre as penas decidiu finalmente, embora ainda renitente, levantar voo. O sorriso do lenhador ao vê-la voar fê-la sentir que apesar de partir, um pedaço dela iria ficar e um pedaço dele ela iria levar. Não iam estar sozinhos. Seus corações e pensamentos por entre os céus também iriam se cruzar, por isso, voou livre e sem remorsos nem receios rumo à felicidade.

Fim
José Vidas, 2013

Submited by

terça-feira, julho 2, 2013 - 23:20

Prosas :

No votes yet

Jose Vidas

imagem de Jose Vidas
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 11 anos 22 semanas
Membro desde: 09/28/2012
Conteúdos:
Pontos: 348

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Jose Vidas

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Prosas/Fábula Um curandeiro chamado Tempo 1 2.175 06/13/2014 - 20:58 Português
Anúncios/Outros - Procura-se Procuro baterista, baixista, trompetista de vara, teclista e UMA VOCALISTA AFRICANA OU AFRO DESCENTENTE 0 2.725 07/02/2013 - 23:50 Português
Prosas/Fábula O Sonho da Cotovia 0 2.035 07/02/2013 - 23:20 Português
Fotos/Arte Digital Fantasy Art 0 2.207 07/02/2013 - 22:49 Português
Fotos/Arte Digital The Legendary Tigerman 0 2.317 07/02/2013 - 22:45 Português
Fotos/Natureza As cores do Outono 0 1.873 03/13/2013 - 14:59 Português
Fotos/Outros FRONTEIRA ENTRE O SONHO E A REALIDADE 0 2.601 03/13/2013 - 00:10 Português
Poesia/Desilusão MARIONETA 0 1.475 03/13/2013 - 00:05 Português
Fotos/Gentes e Locais Aldeia Medieval em Póvoa Dão 0 2.271 02/21/2013 - 15:18 Português
Fotos/Gentes e Locais Aldeia Medieval em Póvoa Dão 0 2.392 02/21/2013 - 15:16 Português
Fotos/Gentes e Locais Aldeia Medieval em Póvoa Dão 0 4.513 02/21/2013 - 15:13 Português
Fotos/Gentes e Locais Aldeia Medieval em Póvoa Dão 0 2.525 02/21/2013 - 15:10 Português
Poesia/Fantasia A Casa dos Espelhos 0 1.561 02/21/2013 - 14:56 Português
Poesia/Pensamentos O Que a Palavra Pode Ser e Fazer 1 1.238 01/21/2013 - 15:52 Português
Poesia/Desilusão A VOZ DO DESENCANTO 2 1.449 01/13/2013 - 21:07 Português
Fotos/Abstracto QUADRO NATURAL 0 2.548 01/12/2013 - 17:05 Português
Poesia/Amor O Alfabeto do Amor 0 1.778 10/29/2012 - 02:29 Português
Poesia/Pensamentos Como é duro, o silêncio! 2 1.209 10/19/2012 - 12:31 Português
Prosas/Fábula A Estrela do Amor 0 1.828 10/18/2012 - 11:02 Português
Poesia/Geral Vida Sazonal 0 1.541 10/18/2012 - 10:42 Português
Fotos/Religião Páscoa no interior Beira Alta 0 2.153 10/15/2012 - 00:41 Português
Fotos/Paisagens Uma Luz ao fundo do túnel 0 2.255 10/15/2012 - 00:19 Português
Fotos/Artes Coração do avesso, coração travesso 0 2.305 10/15/2012 - 00:14 Português
Poesia/Fantasia Terei Alguma Chance? 0 1.450 10/13/2012 - 23:37 Português
Poesia/Tristeza Lágrimas Silenciosas 0 1.431 10/13/2012 - 23:24 Português