...no mais fundo.

Mito. Ela. Ela desce para o areal. Grécia inteligível (revisitável). A história começou a correr: deixa as asas esquecidas no hall das ondas, repara na devastação do vento nas árvores - um dia serão míticas. Aproximam-se os deuses das casas brancas – ouço as suas vozes órficas, estende os dedos para lhes tocares as vestes. Brindam à paixão dos humanos, onde os olhos fixam: logo os olhos diluem-se ao encontro dos lagos. Posso aproximar-me daquelas sombras, beber a água que escorre dos lábios, sorver a litania da luz no poente. Ela cinde os véus no areal. O corpo agora é uma película branca estendido no silêncio do dia, debulha as horas nos dedos cintilantes da alma. Tornou a alma líquida para deslizar com o sangue nas veias. O seu rosto – um dia será mítico – emoldura o ar, repara, ainda está imóvel confundindo-se na luz: essa luz que se esvai para entrar a noite – o tempo imenso e suspenso. O corpo imenso e suspenso. Espera a noite: até quando? Quando fluírem nos vidros o espectro das aves, os deuses recitarem o cântico insone. E, lentamente – sim, talvez ainda no declinar do dia -, poisa o corpo rente ao corpo poisado, toma-o como um abismo, afunda-se sem margens no mais fundo... Até onde?