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No Templo dos Sentimentos

Que belo dia para passear! -
Disse o Tédio para a Dor.

Vamos passear entre os humanos! -
Gritou de longe o Terror.

O Terror só vai para os fracos -
Disse o Tédio, meio cismado.

Os imbecis são uma ótima idéia! -
Disse a Dor, que não havia se mostrado.

Sempre a favor de tudo, esta mocréia -
Disse o Tédio, ainda cismado.

Ela e a esperança só andam com o derrotado -
Acrecenta ainda o Terror.

Será que poderemos convidar a Razão?
Ela prefere o solitário e o vencedor -
Novamente, o Tédio levanta a questão -
Poderíamos chamar o Amor também -
Continuou, mesmo sem perceber.

Ele sempre ignora a Razão, vai correr -
Disse a Dor, que o conhecia muito bem -
Sem falar que a Loucura é sua irmã de criação.

O Tédio olhou, como a perguntar: "Falta quem?"

Não falta alguém, podemos ir agora? -
Disse ele, após longo tempo.

A Razão, como sempre, demora -
Disse o Terror, exagerando um tanto -
Não vê que é quase aurora!

Aí vem, mas, quem será que está com ela? -
Perguntou o Tédio, como a toda hora.

É a Confiança, seu imbecil!

Que ingrediente falta nesta panela? -
E o perguntador quase chora.

Ficar perto da Dor é que é difícil!
O Terror sempre está na minha frente,
Mas a Dor é difícil de suportar -
Disse a Confiança, olhando de longe.

Se ela ficar, ninguém irá -
Ponderou a Razão -
Ela foi a primeira a ser convidada.

Então, vão o Amor e a Loucura também -
Disse a Dor, presente em toda discussão.

A Dor sempre piora as coisas. E o Desdém? -
Perguntou o Tédio, para variar.

Bem, a Dor sempre me convida,
Junto com o Tédio, para passear.
Mas a Esperança, ao ver-me, foge na certa -
Advertiu a Razão, com a Confiança a seu lado.

Aí, foi uma confusão completa.

Só podia ter sido idéia do Tédio, esse frustrado -
Exclamou a Dor, para desistirem da meta.

A Razão foi a primeira a despedir-se,
Com a Confiança sempre ao seu lado.
Sequer esperou a Esperança acalmar-lhes,
Mas, vendo o Amor e a Loucura, ficaram parados.
O Desdém vinha logo atrás, a seguir-lhes.

Há um lugar que quero que vocês conheçam -
Disse o Amor, ao chegar, em atitude indiscreta -
O lugar onde todas as nossas vidas começam,
A ilimitada mente de um poeta.

Está maluco? Eu é que não volto para lá -
Disse o Tédio, muito assustado -
Ele sempre tem papel e caneta para me expulsar.

E outro caos foi iniciado.

E, quanto a um filósofo, um pensador? -
Soou distante a voz da Razão.

E, foi logo gritando a Dor:
Nem ele, nem o inconsequente, definitivamente não!

O Terror, seu amigo, logo concordou:
É verdade, não dão a mínima atenção a nós!

Então, agora, o que restou? -
Pergunta o Tédio, que, só na paz, levanta a voz.

Poupem-me da maioria, os comuns são muito estúpidos -
Falou a Razão, muito desdenhosa.

Pessoal, para que conflitos? -
Interrompe o Amor, em voz manhosa...

Até que tanto durou a discussão,
Que realmente chegou a aurora,
E, vendo impossível tal excussão,
Cada qual tomou seu rumo e foi para fora.

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www.ciosofias..blogspot.com
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sexta-feira, dezembro 30, 2011 - 19:16

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Ítalo Cunha

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