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O brusco despertar de um povo
Envoltos em um sono profundo
Dormia uma nação inteira
E nem mesmo via o caos instalado nas ruas
E o desespero nas grandes cidades
O pânico de vidas desoladas
A carestia e o preço dos alimentos subindo
O combustível
O fogo debaixo das cinzas
E o sangue fora das veias abertas
Na sociedade perdida em seus pesadelos
Boletos e impostos sem fim
Sugando até a última gota de suor
De um povo que ainda dorme o sono da indiferença.
Cala essa boca!
Gritavam nas calçadas
Os velhos insatisfeitos com os jovens
Escondidos nos matagais e muros caídos
Ninguém notava a angústia dos trabalhadores
Varrendo o lixo das vielas
Nas favelas
Tiros na madrugada fria
E os sem tetos cobertos de folhas de jornal
Parece um mal
Na sociedade capitalista selvagem.
O brusco despertar de um povo
É tão aguardado como o sol no inverno
Para ver se vai para o inferno
Todos os sanguessugas do mundo hodierno.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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