CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
O que de fato acontece por aí
... o homem às vezes se confunde se ama mesmo a mulher por inteira ou somente o sexo dela
mas sabe que apesar dela ser insuportável e confusa ele não consegue viver sem ela
e vive mergulhado na sua própria merda e ouve as reclamações da companheira por não saber se a ama ou somente aquela parte dela
que confusão quando sai à rua e vê tanta mulher caminhando mas ele sabe que em casa a sua está esperando de mau humor e que vai ouvir um monte de reclamações quando voltar
mas quer passar a mão entre aquelas pernas
quer sentir aquele cheiro
e vive a agüenta-la há muito tempo e não sabe se continuará para sempre com esse calvário
mas sempre volta para casa
mesmo depois do bar e de umas paqueras
e ouve a mesma ladainha
e vai dormir e se aconchega
passa as mãos nas nádegas dela e recebe um muxoxo que quer dizer nada mais que largue disso homem
e ele vira para o outro lado e põe-se a pensar o porquê de não largar aquela merda
mas não encontra resposta
e pensa na vizinha e na cunhada e na colega de trabalho
e na mulher que viu no boteco
e naquela que viu na rua e sei lá mais quantas que passaram na frente de suas retinas de macho procriador
é uma grande angústia que ele não sabe como resolver
e acaba dormindo e acorda com a esposa dizendo para ele mudar de posição que não agüenta ouvir tanto ronco
e ele se revolta e diz que não agüenta mais pagar contas
e ela diz que trabalha também e que não agüenta arrumar toda a casa e que não agüenta mais ouvir ele roncar e que não agüenta mais descer a tampa da privada
e que não agüenta mais tolerar a falta de atenção que ele não a compreende e tudo mais
ele se sente muito mau e sem sentimentos
mas sente uma grande vontade de passar a mão nos seios dela
pois os bicos podem ser vistos através da roupa de dormir
e ela percebe o olhar e se zanga
e as bundas ficam cara a cara e a noite prossegue
de manhã ninguém fala nada com ninguém e cada um vai para o trabalho que Deus lhe deu
e ele comenta com os amigos que comentam com ele que toda mulher é igual
e ela comenta com as amigas que homem não passa de um besta de bigode
e todos riem e pensam que é sempre bom falar mal de alguém
e a solteirona sente muita vontade de ter um marido
e aquele cara que não tem esposa pensa que já tá hora de arranjar uma
e seus amigos casados dizem que ele está louco
que casamento é uma bosta e coisa e tal
e todos seguem seus caminhos confusos
e todos sentem os corações baterem e a raiva brotar
outras se apaixonam pelos companheiros de outras
e outros se apaixonam pelas mulheres de outros
e trocam parceiros e cornos
e no final todo mundo tem algo de ruim a dizer sobre o outro
e os advogados acabam fazendo a festa
e ganhando uns trocados
e os psicólogos e os psiquiatras fazem cada um seu trabalho e os filhos não entendem coisa alguma
e a cidade continua seu movimento e Deus continua suas atitudes de onipotente
os padres e os pastores e os homens da lei continuam fazendo casamentos
e os homens da lei desfazendo
e papeis vão sendo preenchidos
e são divididos bens
e trocadas acusações
e cada um sente um vazio esquisito
e pensa em como se conheceram
e amaldiçoa o momento
e diz que nunca mais irá se envolver com ninguém
mas basta um olhar e começa tudo outra vez com outra ou outro
e gemidos saem das bocas
e os corpos suados contemplam o teto enquanto discutem qualquer bobagem numa cama qualquer
e as indústrias continuam a soltar fumaça nos ares
e os espermatozóides brigam entre si tentando penetrar num óvulo
e os obstetras continuam fazendo seu serviço
e as seguradoras continuam a pregar suas peças sacanas
e os funcionários públicos continuam seus afazeres burocráticos
e os bancos continuam seus afazeres cretinos
e os ônibus continuam a transportarem pessoas
ansiosas
e os aviões continuam a disputarem com os pássaros o espaço
e a sirene da hora do almoço toca
e os gatos pedem um petisco
e as crianças brincam de adultos
e os estudantes vão à faculdade aprenderem um monte de coisas
que não resolvem o problema do mundo
e a camada de ozônio está sumindo
e o calor aumentando
e o investidor coça a cabeça quando liga para a corretora
e a vovó morre
e nasce um neto
e a policia corre atrás de um ladrão que só recebe esse nome por ser um ser humano da classe baixa
e os catadores recolhem os restos descartados por aqueles que não são da classe baixa
e o bêbado bebe
e o drogado se droga
e todos os dois vêem coisas típicas de seus vícios
e a lavadeira põe a roupa para secar
e o caminhão está descarregando coisas no supermercado que depois serão compradas pelos consumidores que trabalham para ganhar o dinheiro necessário à sobrevivência
e à noite o trabalhador tenta voltar para casa pelo menos vivo
e a vida segue seu curso esquisito
e os anjos com suas bocas angélicas estão rindo de toda essa desordem.
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 363 leituras
Add comment
other contents of andersonc
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Tristeza | Profecia | 3 | 487 | 02/27/2010 - 21:57 | Português | |
Poesia/Geral | Sem fim | 2 | 622 | 02/27/2010 - 21:55 | Português | |
Poesia/Geral | Enigma | 5 | 626 | 02/27/2010 - 21:50 | Português | |
Poesia/Amor | Verdade do amor | 2 | 444 | 02/27/2010 - 21:45 | Português | |
Poesia/Geral | Rebeldia | 5 | 660 | 02/27/2010 - 21:42 | Português | |
Poesia/Geral | A dor do artista | 3 | 388 | 02/27/2010 - 21:41 | Português | |
Poesia/Paixão | Clímax | 7 | 503 | 02/27/2010 - 21:40 | Português | |
Poesia/Geral | Assim como o vento | 5 | 448 | 02/27/2010 - 21:36 | Português | |
Poesia/Geral | Caminhos | 3 | 492 | 02/27/2010 - 21:36 | Português | |
Prosas/Outros | Reflexões sobre a existência | 1 | 654 | 02/25/2010 - 04:05 | Português | |
Poesia/Tristeza | O olhar do morto | 5 | 400 | 02/17/2010 - 20:16 | Português | |
Poesia/Dedicado | Canção para o só... sonhador | 1 | 358 | 01/30/2010 - 02:52 | Português | |
Poesia/Geral | de todo mundo | 2 | 497 | 01/22/2010 - 00:50 | Português | |
Poesia/Tristeza | Brincadeira de mau gosto | 3 | 364 | 01/14/2010 - 02:19 | Português | |
Poesia/Geral | O olhar do olho | 4 | 482 | 01/08/2010 - 01:15 | Português | |
Poesia/Geral | Parte do todo | 4 | 473 | 01/05/2010 - 21:46 | Português | |
Poesia/Geral | Contato imediato | 2 | 573 | 12/29/2009 - 23:10 | Português | |
Poesia/Geral | Adendo | 5 | 462 | 12/21/2009 - 22:29 | Português | |
Poesia/Comédia | O que de fato acontece por aí | 4 | 363 | 12/07/2009 - 05:14 | Português | |
Poesia/Geral | Anúncios | 3 | 472 | 11/30/2009 - 02:30 | Português | |
Poesia/Amor | ... numa noite qualquer | 2 | 402 | 11/04/2009 - 15:18 | Português | |
Poesia/Geral | Pecado capital... | 2 | 319 | 10/27/2009 - 15:41 | Português | |
Poesia/Amor | XXIII | 2 | 428 | 10/24/2009 - 09:37 | Português | |
Poesia/Geral | Sonho voar | 3 | 493 | 10/18/2009 - 20:54 | Português | |
Poesia/Geral | O fingidor | 3 | 451 | 09/29/2009 - 22:09 | Português |
Comentários
Re: O que de fato acontece por aí
Não há como não nos encontrarmos nesse poema. Genial, gostei bastante.
Re: O que de fato acontece por aí
Grande texto.
Parabéns,
um abaço,
REF
Re: O que de fato acontece por aí
LINDO SEU TEXTO, SENSACIONAL, GOSTEI MUITO!
Meus parabéns,
MarneDulinski
Re: O que de fato acontece por aí
E passam-se anos e tudo continua igual! Muito legal o seu texto, hilário e bem real...infelizmente. Abraços