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O singular fez-se plural

É triste não saber quem sou
É terrível não ser um mas vários
É duro amar mas não saber quem amo.

Lembro-me de quando era singular
De como tudo era simples
Sabia o que dizia, o que pensava
Tinha a minha identidade
A minha maneira de ser
E era diferente de todos.

Hoje continuo diferente
Mas já não sou eu.
O singular fez-se plural
E eu só procuro a diferença de mim próprio
Procuro a minha identidade
Procuro-me dentro de mim.

Oiço as vozes que dentro de mim falam
Conduzem o meu cansado corpo
Fazem-me agir e pensar de forma diferente
Daquela que defendo e creio ser correcta.

Sinto a corrupção a minar-me o corpo
A fazer-me seguir falsos deuses
A desejar a matéria
A perder-me no infinito de mim mesmo.

As saudades que tenho de sentir
Sentir verdadeiramente
Sentir com o coração
Ao ritmo do desejo.

Muito gostava eu de sentir
Mas os outros não me deixam
Iludem-me e fazem-me iludir
Fazem-me dizer o que sinto
Quando nada sinto

Ah! Quem me dera ser eu outra vez
Falar por mim
Pensar por mim
Sentir por mim
Não ter de competir comigo.

Ouvir chamar-me e saber que é comigo
E não com os outros.

O Singular fez-se plural
E o plural será infinito, eterno,
Não há regressão possível
Só a morte me fará singular
Só a morte é que me irá recuperar!

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sexta-feira, março 25, 2011 - 23:54

Poesia :

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gaudella

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