CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Os que nunca partem (Silvana Duboc)
Eu me lembro que quando era muito jovem,
ouvia os adultos comentarem:
fulano partiu.
Esta era a forma que eles achavam
menos sofrida de falar que alguém
havia morrido,
principalmente quando estavam perto de crianças.
Era um jeito delicado que eles tinham
de citar a morte sem que ela parecesse
tão chocante.
Cresci e comecei também a falar assim
- fulano partiu -
acabei achando menos dolorido,
menos violento se referir à morte dessa maneira.
Quando se diz que alguém morreu,
dá a impressão que se acabou,
desapareceu e imaginar que alguém que queremos
bem acabou ou desapareceu pra
sempre é terrível.
Dói mil vezes mais do que precisar enfrentar
a sua própria ausência.
Partiu já é diferente,
dá uma sensação de que em algum
ponto da vida nos reencontraremos com
esse ente querido novamente.
Fica mais fácil imaginar que ele viajou,
uma viagem sem data pra voltar,
mas com retorno garantido.
Enfim,
descobri recentemente,
que existe uma outra categoria dentro
desse universo.
São aqueles que nunca morrem e,
portanto, jamais partem.
São aqueles que embora desapareçam
de nossas vistas,
eternamente se fazem presentes em
nossa memória e nosso coração.
Os que nunca partem são as pessoas que
nortearam nossos dias,
colocaram um significado importante neles
e deixaram uma marca tão profunda em nós
que não importa onde estejam,
porque ao nosso lado,
de alguma forma,
sempre estarão.
Morrer, partir, são coisas simples,
coisas do dia-a-dia.
Acontece toda hora,
em todo lugar,
com todas as pessoas.
Os que nunca partem e os que nunca
passam pela dor de assistir alguém
querido partir são os felizardos dessa vida.
Dores momentâneas,
saudades e ausências à parte,
felizes daqueles que amaram
alguém nessa vida a ponto de jamais
deixá-los partir de seus corações.
Se quando eu me for,
por desígnio de Deus,
uma única pessoa não me deixar
partir me guardando dentro do seu peito,
eu direi que valeu a pena ter
passado por aqui e que minha estada
nessa vida não foi em vão.
Mas enquanto ainda estou por aqui,
só tenho a dizer que dentro de mim moram
pessoas que nunca deixei que
partissem verdadeiramente,
assim,
como não deixarei que partam,
jamais,
algumas que ainda estão por aqui.
Os que nunca partem são aqueles que
descobriram o segredo de brilhar na terra,
mesmo antes de chegarem ao céu
e se tornarem estrela.
Silvana Duboc, poetisa.
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 2361 leituras
Add comment
other contents of AjAraujo
Tópico | Título | Respostas | Views |
Last Post![]() |
Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Pensamentos | Todo problema é, em essência... (Hans Jonas) | 0 | 7.607 | 11/09/2012 - 11:31 | Português | |
Poesia/Intervenção | Eu não Quero o Presente, Quero a Realidade (Fernando Pessoa) | 1 | 6.325 | 11/05/2012 - 20:48 | Português | |
Poesia/Acrósticos | Estrada real: caminho dourado da colônia | 0 | 5.011 | 11/04/2012 - 11:17 | Português | |
Poesia/Meditação | A vida segue seu curso | 0 | 2.654 | 11/04/2012 - 11:02 | Português | |
![]() |
Videos/Música | Guilty (Barbra Streisand & Barry Gibb - Bee Gees) | 1 | 14.414 | 10/09/2012 - 10:58 | inglês |
Poesia/Intervenção | De tudo quanto fui | 0 | 7.138 | 09/26/2012 - 01:27 | Português | |
Poesia/Poetrix | Sonho de criança | 0 | 4.204 | 09/26/2012 - 01:27 | Português | |
Poesia/Haikai | Monte das Oliveiras | 0 | 4.024 | 09/26/2012 - 01:25 | Português | |
Poesia/Intervenção | Há uma urgência | 0 | 6.075 | 09/22/2012 - 14:30 | Português | |
Poesia/Alegria | A benção das folhas | 0 | 5.216 | 09/22/2012 - 14:29 | Português | |
Poesia/Meditação | Quem chora por Teus filhos? | 0 | 6.786 | 09/22/2012 - 14:24 | Português | |
Poesia/Intervenção | Quando estou só... e sem rumo! | 0 | 6.001 | 09/02/2012 - 20:16 | Português | |
Poesia/Meditação | Temores | 0 | 3.288 | 09/02/2012 - 20:14 | Português | |
Poesia/Poetrix | Tercetos de Vida - I | 0 | 5.699 | 09/02/2012 - 20:12 | Português | |
Poesia/Poetrix | Mouro | 0 | 4.976 | 08/01/2012 - 12:08 | Português | |
Poesia/Poetrix | A montanha e o peregrino | 0 | 4.074 | 08/01/2012 - 12:07 | Português | |
Poesia/Poetrix | Tragédia olímpica | 0 | 5.128 | 08/01/2012 - 12:07 | Português | |
Poesia/Acrósticos | Sorrir | 2 | 4.086 | 07/14/2012 - 23:27 | Português | |
Poesia/Meditação | O primeiro passo em busca da felicidade | 1 | 6.788 | 07/13/2012 - 23:43 | Português | |
Poesia/Meditação | Curta passagem | 0 | 1 | 07/13/2012 - 11:41 | Português | |
Poesia/Intervenção | A trilha do novo caminho | 2 | 3.440 | 07/13/2012 - 03:16 | Português | |
Poesia/Pensamentos | Ausência & Insônia (Caderno de Pensamentos: II) | 0 | 4.997 | 07/11/2012 - 01:21 | Português | |
Poesia/Alegria | Canção de despertar | 0 | 3.716 | 07/11/2012 - 01:21 | Português | |
Poesia/Pensamentos | Utopia & Cotovia (Caderno de Pensamentos: I) | 0 | 5.122 | 07/11/2012 - 01:19 | Português | |
Poesia/Intervenção | A chegada da caixa de abelhas (Sylvia Plath) | 1 | 7.555 | 07/09/2012 - 08:43 | Português |
Comentários
Os que nunca partem (Silvana Duboc)
SilvanaDuboc!
Lindo texto, meus parabéns!
MarneDulinski