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PÃO DURO




Pão duro

 

 

O pão nunca é duro quando se tem extrema fome,

Duro é não ter pão quando se quer e não se come,

Não deitem o pão fora quando se tem abundância,

Ofereçam a quem tem fome, sem distância,

Que limite a vontade e o grande sentimento,

É a consciência que dita o seu consentimento.

 

Olhar para baixo não faz mal a ninguém,

É ver os outros sem distância e sem desdém,

Por cima dos nossos olhos apenas existe o céu,

É no chão que há vida que a Natureza deu,

As flores do campo também têm fragrância,

Como as dos jardins sem olhar à distância.

 

O pão mole endurece com o tempo,

Não deixemos endurecer o nosso sentimento,

Para além das nossas bocas existem outras,

Que precisam do pão duro para as suas bocas,

Não deitem o pão fora há tanta fome à solta,

Pensem que o tempo dá tanta reviravolta.

 

Dar o que não precisamos sem jogar fora,

A outros aproveita chega sempre em boa hora,

Não se deve dar o que deixamos cair no chão,

Mas sim o muito que temos no coração,

É um alimento da alma para quem oferece,

E a de quem recebe nunca mais esquece.

 

Quem não dá e joga fora, nunca ajuda a viver,

Não sabe o que é sentir fome e não ter que comer,

Não conhece a dor e a tristeza de um olhar,

Nem sabe o que se sente por ver um criança chorar,

Por ter fome, ver as migalhas que caem no chão,

Em lugar de as entregarem nua sua própria mão.

 

 Pão duro para comer é menos duro do que morrer,

Não deitem fora o pão duro que faz viver,

Também é duro para quem quer dar e nada tem,

Mas pode dar amor atenuar as lágrimas de alguém,

Quem pode dar é um gesto de humanidade,

Não dói nada e dá um pouco da sua vontade. 

 

 

Tavira,12 de Julho de 2011-Estêvão

 

 

 

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sábado, julho 27, 2013 - 22:33

Poesia :

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José Custódio Estêvão

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