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PAPAGAIO DE PAPEL

Papagaio de papel

 

 

Eu tinha um papagaio de papel,

Que segurava com um comprido cordel,

Como eu amava aquele papagaio que voava tão alto,

Que às vezes me deixava em sobressalto,

Eu queria subir tão alto como ele,

Mas não tinha asas e ficava dentro da minha pele,

Eu estava cá em baixo com os meus pés descalços,

E de vez em quando pelo papagaio eu dava saltos,

Cheio de frio no corpo mas quente no coração,

E segurava firme o meu papagaio com a mão,

E às vezes mandava cartas cheias de intenções,

Que levavam até ao céu as minhas emoções,

Para entregar a Deus para que olhasse por mim,

Que não me deixasse ficar tão pobre assim,

Como eu brincava e delirava com o meu papagaio,

E por causa do Sol olhava de soslaio,

Eu pedia ao vento que o aguentasse lá perto do céu,

Por muito tempo foi uma vontade que me deu,

Para eu poder olhar para o céu que  estava tão brilhante,

Que me deixava tão contente e exaltante,

Eu só queria ver o meu papagaio a bailar,

De um lado para o outro com a força do vento a brincar,

Eu segurava – o com o meu cordel para não o deixar fugir,

E às vezes escorregava das mãos sem sentir,

E ficava cheio de desgosto porque ele voava,

Lá para o céu e nunca mais o alcançava,

Despedia – se mim e eu ficava tão triste que até o vento sabia,

E dizia - me para construir outro que eu próprio o fazia,

Que enviava para o céu com a ajuda do vento,

E eu ficava novamente tão contente e atento,

Que nem me lembrava que tinha fome mas não me importava,

E assim passava dias e dias a ver como era lindo o seu voar,

Enquanto eu olhava para ele cá em baixo e não parava de sonhar,

Que queria ser como o meu papagaio e ir com ele para o céu,

Mas eu era uma criança e não queria ser como eu.

 

Tavira, 20 de Novembro de 2010 - Estêvão

 

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quinta-feira, abril 18, 2013 - 09:21

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José Custódio Estêvão

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