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Que se calem todas as vozes!
Será mesmo que temos escolhas
Ou tudo já foi escolhido antecipadamente
E somos apenas induzidos a acreditar nas falácias
De que a escolha é nossa
E as consequências também.
E se dissessem que este não é o caminho
Que andamos a ermo e nem mesmo sabemos para onde estamos indo
Porque nunca saímos do mesmo lugar onde sempre estivemos
Que tudo não passava de sonhos que nunca foram sonhados?
Já pensou que quando você acredita
Que está subindo as escadas
Na verdade não existe escada nenhuma e é tudo fruto da sua imaginação
Que não passa de uma construção metafórica
Ondulações de mares que sucumbiram na escuridão?
Canções de marasmos
Versos rasgados pelo chão em folhas levadas pelo vento
Palavras que se perdem na imensidão
De uma ignóbil solidão atroz de oradores medíocres
E alguém grita na multidão:
Que se calem todas as vozes!
Talvez o destino seja apenas as cores desbotadas nas paredes
O som estridente em suas têmporas atrofiadas
Desejos de pessoas atordoadas com a temporalidade
Loucos desvairados em suas máquinas desenfreadas
Pelas ruas agitadas das grandes cidades
E ninguém liga para o que acontece com você.
Será mesmo que eu escolhi levantar hoje cedo
Trabalhar o dia todo
E nem mesmo saber o que aconteceu nas trilhas das formigas
Que carregavam folhas no portão da minha casa?
Se existe uma escolha para o viver
Diga-me onde estava nos momentos em que desejava estar aqui
E não sabes o que aconteceu ontem a noite
Porque ouviu alguém esbaforido gritando a todos pulmões:
Que se calem todas as vozes!
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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