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Saga do nordestino
Vê, oh gente,
Oh, vê!
Sol negro se escondeu
e a natureza se revoltou
Vê o céu escuro
Nuvens formando no sertão
O vento a tudo arrastando
Folhas, terra e meu barracão
Lavrador pega a enxada
Vem prá casa descansar
Pois, Maria está na janela
Por tua volta a esperar
Acende palha, oh Maria
Pro céu se acalmar, clarão
Pra cair chuva mansinha
E irrigar o pedaço de chão.
Vê, oh gente! Oh, vê!
Raio, relâmpago, trovão
Árvore caindo, medo, apreensão
É a tromba de água no meu sertão
A chuva transforma riacho em ribeirão
Gado morrendo, criança chorando, tensão
É a cheia, oh meu Deus tende piedade
da gente do meus sertão
Vê, oh gente! Oh vê!
Quanta tristeza,
A terra sangrou e a colheita
Foi perdida com o arrastão
Lavrador deixa o arado
Vai-se embora do sertão
A família só com uma muda no corpo
Pra cidade de pé no chão
Segue o rumo, retirante
Sem destino e sem razão
Pega os trastes e aguardente
Pó, poeira, solidão
Vai em frente companheiro
Esta estrada te conduz
Deixa a morte no sertão
Vem buscar a sorte no Braz
E, ao raiar o dia, uma canção
João vai ceifar o trigo em grão
Pra Maria fazer o pão
O germe da vida brotando do chão...
AjAraújo, o poeta humanista, descreve a saga da gente do sertão, na lida do agreste para a cidade, na sina de uma vida retirante, homenagem a Cândido Portinari, na série Retirantes, escrito em 1983.
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