CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Salmo do homem que vê a realidade e não se cala (Ernesto Cardenal)

Ouve, Senhor, estes versos que te rezo
Ao contemplar a realidade em que vivo.
Maldito seja o sistema que não deixa sonhar os poetas
Nem permite dizer a verdade a quem pensa.
Serão seus dias de luto e de lamento,
Porque matou no Homem o mais digno.

Maldito o sistema que não pratica a justiça
E persegue e tortura e encarcera a quem anuncia.
Terá que justificar sua conduta ante a história
E não encontrará nenhuma palavra de defesa.

Maldito seja o sistema que só procura a aparência de grandeza
Quando estão morrendo de fome os homens nas suas fronteiras;
Do mesmo modo que progrediu cairá,
Porque construiu seus alicerces
Sobre corpos vivos e sangues inocentes.

Maldito o sistema que tenta matar no homem a dimensão de transcendência
E coloca no seu lugar o “deus dinheiro”, o “deus sexo”, e “deus progresso”,
Destruir-se-á por dentro irremissivelmente,
Porque o coração do homem foi bem feito
E ninguém pode matar em nós
Esta sede de infinito que nos queima.

Feliz será, porém,
O homem que bebe água na fonte da praça junto ao povo,
Não terá motivos para se envergonhar de nada,
Nem terá que baixar seus olhos
Ante qualquer homem honesto.

Feliz o homem que a força de interiorizar
Se fez livre por dentro
E não se importa já com a denúncia dos fortes,
Serão seus dias como o trigo da terra.
Cheios de sol e esperança partilhada
E o seguirão os povos da terra.

Feliz o homem que não assiste a reuniões importantes
Nem acredita nos discursos do governo;
Feliz o homem que assim pensa,
Porque terá sempre tranquila a sua consciência.
Mesmo que sofra a incompreensão e até o desprezo.

Ernesto Cardenal, poeta espanhol.

Submited by

sábado, junho 4, 2011 - 15:37

Poesia :

No votes yet

AjAraujo

imagem de AjAraujo
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 6 anos 33 semanas
Membro desde: 10/29/2009
Conteúdos:
Pontos: 15584

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of AjAraujo

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Intervenção A uma mendiga ruiva (Charles Baudelaire) 0 9.164 07/03/2014 - 01:55 Português
Poesia/Intervenção Coração avariado 1 4.224 06/25/2014 - 02:09 Português
Poesia/Fantasia Flores bonecas 2 2.773 06/24/2014 - 19:14 Português
Poesia/Intervenção Caminho de San Tiago 0 3.637 06/23/2014 - 23:31 Português
Poesia/Soneto Há em toda a beleza uma amargura (Walter Benjamin) 1 4.129 06/20/2014 - 20:04 Português
Poesia/Soneto Vibra o passado em tudo o que palpita (Walter Benjamin) 1 3.993 06/19/2014 - 22:27 Português
Poesia/Meditação Sonhe (Clarice Lispector) 1 4.512 06/19/2014 - 22:00 Português
Poesia/Intervenção Dá-me a tua mão (Clarice Lispector) 0 3.943 06/19/2014 - 21:44 Português
Poesia/Intervenção Precisão (Clarice Lispector) 0 4.458 06/19/2014 - 21:35 Português
Poesia/Meditação Pão dormido, choro contido 1 2.791 06/13/2014 - 03:02 Português
Poesia/Fantasia A dívida 1 3.241 06/12/2014 - 03:52 Português
Poesia/Intervenção Eco das Ruas 1 2.059 06/12/2014 - 03:38 Português
Poesia/Aforismo Maneiras de lutar (Rubén Vela) 2 3.244 06/11/2014 - 10:22 Português
Poesia/Aforismo O médico cubano, o charuto e o arroto tupiniquim (cordel) 2 5.600 06/11/2014 - 10:19 Português
Poesia/Intervenção Espera... (Florbela Espanca) 0 2.333 03/06/2014 - 10:42 Português
Poesia/Intervenção Interrogação (Florbela Espanca) 0 3.540 03/06/2014 - 10:36 Português
Poesia/Intervenção Alma a sangrar (Florbela Espanca) 0 2.324 03/06/2014 - 10:32 Português
Poesia/Soneto Vê minha vida à luz da proteção (Walter Benjamin) 0 2.279 03/03/2014 - 12:16 Português
Poesia/Dedicado Arte poética (Juan Gelman) 0 3.068 01/17/2014 - 22:32 Português
Poesia/Dedicado A palavra em armas (Rubén Vela) 0 2.359 01/17/2014 - 22:01 Português
Poesia/Fantasia A ÁRVORE DE NATAL NA CASA DE CRISTO (FIODOR DOSTOIÉVSKI) 0 2.084 12/20/2013 - 11:00 Português
Poesia/Dedicado Aqueles olhos sábios 0 3.378 10/27/2013 - 20:47 Português
Poesia/Pensamentos Asteróides 0 2.381 10/27/2013 - 20:46 Português
Poesia/Pensamentos O que se re-funda não se finda 0 2.661 10/27/2013 - 20:44 Português
Poesia/Intervenção Para mim mesmo ergui…(Aleksander Pushkin) 0 2.756 10/15/2013 - 23:14 Português