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Sem título(016)

Aqui resistem sem queixumes lancinantes vivências,

sorrisos em secas gargantas. Inefáveis nós com

socos no estômago por sobremesa,

entrecruzados caminhos, a jornada na escuridão.


Neste lugar eu digo: e de passagem breve ou eterna estada

serei triste, mas alegremente só. Incontornável fado este, o

de ser no sofrimento ser possesso, a definitiva altivez da recusa,

a assumida presunção da dor exclusiva.

Actor de sala com gente ausente, espectador único

do acto ultimo da patética existência.


Importa agora não chorar, não ser rio , não ser mar,

cuidar que dos amores apenas idas lembranças são,

lembrar apenas o belo momento da partida,

o momento em que buscaram aconchego maior.

Sem ironias, de amarguras isento, as mãos abertas em

coração livre, e longe de mim toda a mágoa!

Cuidar apenas que da apagada existência, do cinzento do meu ser,

fui gloriosamente o desapercebido passeante.


As palavras deprimidas procuram o quente dos afectos,

são solitárias as palavras das noites negras,

dos dias não nascidos, e no entanto serão sempre

pertença de alguém, alguém no fado de as acalentar,

de saber não as arremessar em vão,

de deter na própria desgraça sabedoria de as usar.

Existo no lugar profundo com palavras tristes nos olhos,

as palavras obscuras desse lugar podem ser letais,

e eu que sou dessas palavras o serviçal escolhido,

sei tarde demais…

As palavras letais não vêm com manual de utilização!


E velozmente se extingue qualquer imprecisa lembrança de mim,

que de memórias eu já não tenho e de futuros nada anseio.

A pegada deixada, sumida em tempestades de areia,

no absoluto deserto do meu ser, útero e claridade

ou apenas nado-morto!

 

Dionísio Dinis
 

Submited by

quinta-feira, fevereiro 17, 2011 - 21:56

Poesia :

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Dionísio Dinis

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Comentários

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Sem título(016)

Dionísio Dinis!

Um belo texto, meus parabéns,

MarneDulinski

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