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sete
I.
Antes das lâminas pousarem na pele,
antes da dor
era tudo muito mais claro.
II.
Talvez a culpa seja deste tempo
da chuva no verão
e do calor no inverno.
Talvez já nada mais seja necessário
e o nascer do sol seja só uma mentira
que nos contaram um dia quando ainda
eramos crianças.
III.
Sou criança e brinco sem me preocupar
perdi a memória do futuro, não me preocupo
não sei que vou crescer, não sei que vou morrer
vou ser para sempre este camião dos bombeiros
Desconscializo-me.
IV.
Entro no supermercado com um pensamento em mente:
onde irei encontrar aquelas lâminas dos antigos barbeiros?
suponho que seja a forma irónica que o progresso tem
para nos mostrar as tragédias do século vinte e um
V.
Defino-me em versos pouco claros
para dizer ao mundo que sou poeta.
Com o desalento de poeta.
Com o passo arrastado de poeta.
Com o olhar cabisbaixo de poeta.
Sou uma caneta sem tinta
e rio-me da minha falta de sentido.
VI.
O primeiro corte é rápido demais
sai em linha reta pelo pulso.
Já não sei se penso ou se estou
já nem sei se sou
Recordo-me por imagens com muito grão
que em tempos era feliz
um olhar sobre os campos em flor era o bastante
a simplicidade agradáva-me
E agora os finos caules de pasto por onde me passeava
são os fios de sangue que me correm pelos braços
anseiam por liberdade
Foi rápido demais
o segundo corte é a paz
A paz é pesada.
VII.
Sou o pó que cobre o sofá
Sou uma velha jarra de flores murchas
Sou a solidão com pés de algodão
Tomo o comprimido em jejum
Tenho a boca seca
Ligo a televisão
Observo os miúdos a correrem na rua
Sou criança de novo
corro pelas ruas com o meu fato de menino e a sacola ao ombro
sou feliz e vou ser miserável
estou numa banheira, deitado
com água vermelha
Acordo, já acabou a telenovela
Passo o dedo pelas minhas cicatrizes
No pulso, são duas
(Isto é real)
Tenho os olhos vermelhos e engulo em seco.
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