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SOU POMAR ONDE NÃO NASCE O DIA

Só quem gosta sente a ribalta do desgosto

esventrar as colinas do amanhã.

Já gostei, subi ao palco contorcionado

desse rude sentir a cada esquina do tempo.

 

Só quem ama sabe ao que sabe o deserto do ódio.

Já amei, saboreei a quanto espinho ele sabe

nos cactos da mente.

 

Só quem se apaixona saboreia a raiva da solidão.

Já me apaixonei, mas nunca aprendi sentir

o paladar amargo que me esganava a garganta.

 

Só quem se entrega conhece o vazio.

Já nada sinto.

 

Só quem deseja vê o escuro galgar a frio

as muralhas interiores cegando os olhos.

Já nada vejo nem escalo nesta bússola ilusória.

 

Só quem tem gula sexual enlouquece.

Perdi a noção de mim.

 

Só quem é infeliz sente a imortalidade.

Já não ressuscito.

 

Só quem é feliz acredita na eternidade.

Sucumbi aos sorrisos por dar.

 

Só quem sonha quer acordar para a vida.

Já só vivo de insónias no eco das noites.

 

Só quem tem sede procura a água.

Afoguei-me em lágrimas.

 

Só quem quer ir longe caminha

sobre as suas pegadas.

Já não tenho distância nem pernas.

 

Só quem tem esperança pensa

fazendo contas consigo próprio.

Deixei de encontrar os meus números.

 

Só quem voa precisa de asas.

Já não me resta ar para pairar

nem ninho onde pousar.

 

Só quem se sente bem tem o senso

para se ensinar a assentar a lama

diante as tempestades.

Esqueci onde fica o meu chão,

perdi no abismo o toque do meu fundo.

 

Só quem tem as palavras certas

fala o norte ao ego.

Já não tenho voz.

 

Só quem tem olhos de ver acredita.

Ceguei pela minha própria penumbra.

 

Só quem tem nas mãos a luz,

dá sentido ao corpo moribundo pela saudade.

Nada tenho para dar, já não sei receber.

 

Só quem ainda sente o corpo,

aquece por fogueiras de continuar.

Sobra-me esta alma gélida.

 

Só quem sente amor,

é da cor do fogo que ilumina os céus.

Resto cinza, arrasto-me por calafrios

que não me deixam sonhar.

 

Será prosa por enfrentar?

 

Será poesia por escrever?

 

Sou pomar onde não nasce o dia.

Submited by

quarta-feira, janeiro 19, 2011 - 22:49

Poesia :

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Henrique

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Comentários

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Já nada sinto..

Olá amigo Henrique,

Sim: É muito triste o seu poema, mas nem toda a tristeza consegue esconder a alegria de viver; embora:

"Só quem é infeliz sente a imortalidade."

Pois que que a infelicidade desespera e leva o pensamento para o fim que procura sem ver, parecendo mesmo que somos imortais( E que castigo me podereis oferecer para que o sofrimento acabe de vez?) É uma pergunta fundada na raiz de cada um que sofre; mas...

"Já não ressuscito"

O sofrimento toma conta dos sentidos e a personagem morreu; para vaguear como uma sombra, um reflexo do que gostaria de ser, sem a força, a vontade ou a oportunidade de frutificar.

Parabéns, gosto. Muito bom.

Abraço.
 

imagem de marialds

Sou Pomar onde não Nasce o Dia

Um poema triste um belos versos.

"Só quem sente amor,

é da cor do fogo que ilumina os céus.

Resto cinza, arrasto-me por calafrios

que não me deixam sonhar."

 

Lindo verso.

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