CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Tempo que não volta
Vielas, vilarejos e aquele ribeirão
O sonho bordado nas janelas, o casarão
As redes nas varandas, a gente na calçada
Os passeios junto às árvores centenárias
Na praça dos encontros e desencontros
Os bancos de concreto, bons pra coluna
O rodopio e a chegada no mesmo ponto
A Maria fumaça que era trem e alegria
A conversa do velho Bóia, as mentiras do Eurico
As garrafas de leite na porta,
as bananas nanicas, ouro e maçã do Pimenta
olha o padeiro, verdureiro, tudo na caderneta
Ao tempo do café moído e torrado em casa
Da broa de milho com erva doce
E da boa prosa que rolava na cidade
De Bert Kaempfert ao Tijuana na velha vitrola
Do Teixeirinha ao Ray Charles que emoção
Dos seriados Anjo, Jerônimo - o herói do sertão
No tempo do rádio de válvulas,
Da CIA com sua "Voz das Américas"
E do mingau de trigo da "Aliança para o Progresso"
Ah, este tempo que ouvia falar de reforma agrária
Da trinca de Jotas: Juscelino, Jânio e Jango
Até colégio fechar e surgir a trinca ditadura
Tinha 10 anos, e me punham medo do vermelho
do Prestes, do Arraes, do Brizola
Meu pai ouvia o movimento no rádio clandestino
Mas, havia o circo, do pobre leão magro
do palhaço perna-de-pau,
dos trapezistas voadores, do mágico
Vielas, vilarejos e aquele belo açude,
o tempo de cair na água do Náutico e ser peixe
o tempo de subir nas árvoves e ser macaco
O tempo de tragar cigarro de palha e ser grande
o tempo de soltar pipa e ser pássaro
o tempo de pegar na mão da menina e ter arrepio
Ah, tempos idos, mas nunca esquecidos
das travessuras, ingenuidades e descobertas
das coisas boas e ruins da vida
Ao tempo de olhar nos olhos, de sinceridade
de roubar um beijo e corar, palpitar o peito
do desabrochar da adolescência e sua rebeldia
Tempo de desafiar as convenções, de transgredir
de botar o pé no mundo e o rumo da vida assumir
Deixando pra trás a Vila e seus encantos...
AjAraújo, o poeta humanista, poema dedicado a minha Vila querida: Santanésia, distrito de Piraí, recordando meus 10 anos passados durante a queda do governo de João Goular, escrito em 1980 e revisitado em março de 2010.
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 935 leituras
Add comment
other contents of AjAraujo
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Intervenção | A uma mendiga ruiva (Charles Baudelaire) | 0 | 9.983 | 07/03/2014 - 01:55 | Português | |
Poesia/Intervenção | Coração avariado | 1 | 4.473 | 06/25/2014 - 02:09 | Português | |
Poesia/Fantasia | Flores bonecas | 2 | 3.008 | 06/24/2014 - 19:14 | Português | |
Poesia/Intervenção | Caminho de San Tiago | 0 | 3.959 | 06/23/2014 - 23:31 | Português | |
Poesia/Soneto | Há em toda a beleza uma amargura (Walter Benjamin) | 1 | 4.321 | 06/20/2014 - 20:04 | Português | |
Poesia/Soneto | Vibra o passado em tudo o que palpita (Walter Benjamin) | 1 | 4.266 | 06/19/2014 - 22:27 | Português | |
Poesia/Meditação | Sonhe (Clarice Lispector) | 1 | 4.825 | 06/19/2014 - 22:00 | Português | |
Poesia/Intervenção | Dá-me a tua mão (Clarice Lispector) | 0 | 4.425 | 06/19/2014 - 21:44 | Português | |
Poesia/Intervenção | Precisão (Clarice Lispector) | 0 | 4.864 | 06/19/2014 - 21:35 | Português | |
Poesia/Meditação | Pão dormido, choro contido | 1 | 3.079 | 06/13/2014 - 03:02 | Português | |
Poesia/Fantasia | A dívida | 1 | 3.514 | 06/12/2014 - 03:52 | Português | |
Poesia/Intervenção | Eco das Ruas | 1 | 2.230 | 06/12/2014 - 03:38 | Português | |
Poesia/Aforismo | Maneiras de lutar (Rubén Vela) | 2 | 3.758 | 06/11/2014 - 10:22 | Português | |
Poesia/Aforismo | O médico cubano, o charuto e o arroto tupiniquim (cordel) | 2 | 5.863 | 06/11/2014 - 10:19 | Português | |
Poesia/Intervenção | Espera... (Florbela Espanca) | 0 | 2.477 | 03/06/2014 - 10:42 | Português | |
Poesia/Intervenção | Interrogação (Florbela Espanca) | 0 | 3.786 | 03/06/2014 - 10:36 | Português | |
Poesia/Intervenção | Alma a sangrar (Florbela Espanca) | 0 | 2.586 | 03/06/2014 - 10:32 | Português | |
Poesia/Soneto | Vê minha vida à luz da proteção (Walter Benjamin) | 0 | 2.483 | 03/03/2014 - 12:16 | Português | |
Poesia/Dedicado | Arte poética (Juan Gelman) | 0 | 3.306 | 01/17/2014 - 22:32 | Português | |
Poesia/Dedicado | A palavra em armas (Rubén Vela) | 0 | 2.539 | 01/17/2014 - 22:01 | Português | |
Poesia/Fantasia | A ÁRVORE DE NATAL NA CASA DE CRISTO (FIODOR DOSTOIÉVSKI) | 0 | 2.241 | 12/20/2013 - 11:00 | Português | |
Poesia/Dedicado | Aqueles olhos sábios | 0 | 3.750 | 10/27/2013 - 20:47 | Português | |
Poesia/Pensamentos | Asteróides | 0 | 2.590 | 10/27/2013 - 20:46 | Português | |
Poesia/Pensamentos | O que se re-funda não se finda | 0 | 3.305 | 10/27/2013 - 20:44 | Português | |
Poesia/Intervenção | Para mim mesmo ergui…(Aleksander Pushkin) | 0 | 2.907 | 10/15/2013 - 23:14 | Português |
Comentários
Ao tempo de olhar nos olhos,
Ao tempo de olhar nos olhos, de sinceridade
de roubar um beijo e corar, palpitar o peito
do desabrochar da adolescência e sua rebeldia
Re: Tempo que não volta
"Mas, havia o circo, do pobre leão magro
do palhaço perna-de-pau,
dos trapezistas voadores, do mágico"
Ai poeta, que saudades! Tempos que ficaram esquecidos no tempo... agora tão bem relembrados! Eternizados, sim!
Obrigada pelo poema
Carla
Re: Tempo que não volta
Ao tempo de olhar nos olhos, de sinceridade
de roubar um beijo e corar, palpitar o peito
do desabrochar da adolescência e sua rebeldia...
Ah, tempos idos, mas nunca esquecidos, aqui os eternizas!!!