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Ter em si mesmo o bastante (Arthur Schopenhauer)
A solidão concede ao homem intelectualmente superior uma vantagem dupla:
- primeiro, a de estar só consigo mesmo;
- segundo, a de não estar com os outros.
Esta última será altamente apreciada se pensarmos em quanta coerção,
quantos estragos e até mesmo quanto perigo toda a convivência social traz consigo.
«Todo o nosso mal provém de não podermos estar a sós», diz La Bruyère.
A sociabilidade é uma das inclinações mais perigosas e perversas, pois
põe-nos em contacto com seres cuja maioria é moralmente ruim e intelectualmente obtusa ou invertida.
O insociável é alguém que não precisa deles.
Desse modo, ter em si mesmo o bastante para não precisar da sociedade já é uma grande felicidade,
porque quase todo o sofrimento provém justamente da sociedade, e a tranquilidade espiritual,
que, depois da saúde, constitui o elemento mais essencial da nossa felicidade,
é ameaçada por ela e, portanto, não pode subsistir sem uma dose significativa de solidão.
Os filósofos cínicos renunciavam a toda a posse
para usufruir a felicidade conferida pela tranquilidade intelectual.
Quem renunciar à sociedade com a mesma intenção terá escolhido o mais sábio dos caminhos.
Arthur Schopenhauer, filósofo alemão.
em «Aforismos para a Sabedoria de Vida»
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