A ti rita

E no fim
sobrou a terra que te cobre
os ramos de flores
com que à pressa te cobriram
nem o Cristo deixaram
a outros servirão.

Os risos , as lágrimas a paixão
tua vida tuas rugas
perderam-se na demência
em que ficaste .

Ainda bem que  foste
eras já demasiado incomoda .
O arfar que te matou
recordo-o para mim .

De ti Rita
se enche minha infância
da dureza de tua face
da doçura de tuas mãos
da vaidade com que te vestias
o carinho com que compravas
a culpa que em ti havia
da ausência de filha
que tiveste .

Mais tarde
quando usava calças
e com meus olhos
procurava o mundo
tu , já quebrada pelo tempo
vigiavas à distancia meus passos
qual anjo terreno , humilde .

Depois vieram os outros
meu lugar em teu coração encolheu .

Enquanto meus cabelos  rareavam
teu queixume único, crescia
tua recusa da dor que a idade traz .
Em mim encontravas o bálsamo
em ti sobrava essa avô envelhecida.

Hoje tudo terminou enfim
e não tenho lágrimas para te oferecer
apenas o teu arfar
e a rosa que à socapa te roubei