CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
ULTRAMAR
TRILOGIA POÉTICA
Filhos de Fingoé
Olhar negro em noite cerrada
Na pupila da madrugada
O estio de estrelas
Em corpo nu e abusado
Debruçado sobre o muro-medo
De um rio de sangue
Vermelho-frio
Retratos…Retalhos
De um corpo em estilhaços
frágil e esguio
Vestido de um verde vazio
Num camuflado casaco
De criança que acordada
Não dorme
Na pousada do degredo
Sem esperança
No desespero-despertar
Do hibernar da fome
O soldado na solidão da selva
A criança na treva, sem tecto e só
Sem saber muito bem porquê
Afundam na mesma
“Arca de Noé”
Nos flancos opostos
Dois gastos rostos
Do mesmo lado
FILHOS DE FINGOÉ
TETE…sem tecto
E depois de Fingoé
Tete
Crianças arrancadas
Do abraço, das tetas, do colo
Da mãe
Filhos de Fingoé
Fugindo no mato
No meio do nada
E sem saber porquê
Brincam à cabra cega
Às escondidas e à apanhada
E a objectiva
Do meu pai sempre atenta
Na febre
de uma guerra sedenta
Tete…Tete…Tete
Sem tecto, sem teta sem leite
Sem leito
Crianças que choram
Na hora do medo
E imploram
No dilúvio das lágrimas
Um Mundo Mais Perfeito
Ordem para Matar
Selvagem soldado
Missão de irmão
Cumprida
Nos opostos da mesma trincheira
E na ideia, a razão ferida
de quem a conhece
E a coragem
Aquela imagem
de guerra de quem não esquece
a terra
Porquê?
Matar sem explicação
Irmão … Irmão
Objectivo…Missão
“Ordem para Matar”
Um pranto de sangue
E um preto e um branco
No mesmo canto
E a preto e branco
… a negativo…um negativo
Que a objectiva do meu pai
Captou o que não sonhou
No preciso momento
De um tímido sorriso
Colhido no tormento
Naquela terra, longe do paraíso
Na guerra
Que semeou sofrimento
De Ultramar
Restam retratos
Cartas abertas
Mas caladas
Dispersas num baú
De memórias… e mágoas
De que o meu pai
Não se despede
Mas das quais não quer falar
E eu peço:
Pai . Conta-me tu
Frente ao futuro-mudo
Um passado que ficou
Por contar, num túnel escuro
E eu, peço ao meu pai
Pai. Conta-me tudo
Fala-me do que ficou por falar
Fala-me da Guerra do Ultramar
Magda Graça
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 1998 leituras
Add comment
other contents of Magda Graça
Tópico | Título | Respostas | Views |
Last Post![]() |
Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Amor | NASCER, PARA TI, POEMA | 2 | 1.635 | 03/15/2012 - 19:58 | Português | |
Poesia/Amor | QUANDO O TELEFONE TOCA... | 4 | 4.013 | 09/27/2011 - 18:24 | Português | |
Poesia/Amor | A CASA DOS ESPÍRITOS | 1 | 1.541 | 09/11/2011 - 18:21 | Português | |
Poesia/Dedicado | AMÁ (-) L (I) A | 3 | 1.591 | 06/07/2011 - 01:04 | Português | |
Poesia/Amor | BELÉM... UM PASTEL DESEJO | 1 | 1.748 | 05/22/2011 - 21:11 | Português | |
Poesia/Amor | AS DOZE BADALADAS DA LUA | 1 | 1.488 | 05/19/2011 - 23:01 | Português | |
Poesia/Soneto | CIDADE PROIBIDA | 1 | 1.367 | 05/19/2011 - 22:56 | Português | |
Poesia/Amor | BEIJO | 2 | 1.421 | 05/16/2011 - 22:30 | Português | |
|
Pintura/Figurativo | A TELA DE SARAMAGO | 1 | 3.141 | 05/16/2011 - 22:19 | Português |
Poesia/Amor | INSPIRA-TE EM MIM... Sou tua | 1 | 1.680 | 05/15/2011 - 15:25 | Português | |
Poesia/Meditação | PRETO E BRANCO | 1 | 1.394 | 05/15/2011 - 11:06 | Português | |
Poesia/Pensamentos | ULTRAMAR | 1 | 1.998 | 05/15/2011 - 10:06 | Português | |
Poesia/Fantasia | LE PETIT... | 0 | 1.390 | 05/15/2011 - 01:44 | Português | |
Poesia/Amor | BEIJINHOS DE CHOCOLATE | 0 | 1.646 | 05/15/2011 - 01:10 | Português | |
Poesia/Amor | SONETOS DE CAMÕES | 1 | 1.104 | 05/15/2011 - 01:09 | Português | |
Poesia/Amor | VERDE VIRGEM | 0 | 1.342 | 05/15/2011 - 01:07 | Português | |
Poesia/Acrósticos | MURAL DOS ESCRITORES | 0 | 1.443 | 05/15/2011 - 00:45 | Português | |
Poesia/Dedicado | INSPIRA-TE EM MIM... | 0 | 1.379 | 05/15/2011 - 00:39 | Português | |
Poesia/Dedicado | PORTUGUESA | 0 | 1.381 | 05/14/2011 - 12:26 | Português | |
Poesia/Amor | GEISHA... DE GIOCONDA | 0 | 1.246 | 05/14/2011 - 12:11 | Português | |
Ministério da Poesia/Amor | GEISHA... DE GIOCONDA | 0 | 1.184 | 05/14/2011 - 12:08 | Português | |
Poesia/Fantasia | O Beijo… do VAMPIRO | 0 | 1.507 | 05/14/2011 - 12:03 | Português | |
Ministério da Poesia/Amor | O Beijo… do VAMPIRO | 0 | 1.097 | 05/14/2011 - 12:01 | Português | |
Ministério da Poesia/Fantasia | ALICE… Ali no País da Muralha das Mil Maravilhas | 0 | 1.731 | 05/14/2011 - 11:50 | Português | |
Poesia/Amor | SORRISO | 0 | 1.313 | 05/14/2011 - 10:40 | Português |
Comentários
Teu poema Ultramar
Há pessoas que ficam conhecidas por um só poema: caso da Balada da Neve, de Augusto Gil; do If de Rudyard Kipling ou do Cântico Negro de José Régio, que nos trazem automaticamente à memória o nome dos seus autores.
Este teu Ultramar é fantástico. Serás sempre conhecida por ele, para mim o melhor entre todos os muito bons que te conheço. E como o sinto, pois fui ferido em combate no Ultramar...
Tenho o imenso prazer de o ter, gravado magistralmente por ti, com uma música de fundo extraordinária.
Joaquim Sustelo