Vermelho

Como o sangue que corre, na loucura
De mil e um vultos de vão sonhar,
É vermelho o meu canto de amargura,
Como a voz da minha alma sem lugar.

Sou coração que sangra sem cessar,
No negro abraço de uma noite escura,
E as lágrimas que invadem o meu mar
São também sangue de uma essência impura.

São, por isso, vermelhos os meus versos,
Perdidos por entre sonhos dispersos,
Feridos de morte, mas vivos em mim.

Vermelhos, como os olhos da ilusão
Que me fita por entre a escuridão,
Serenamente esperando o meu fim…