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A última lágrima...
Mesmo de olhos fechados sei que é meia noite: o relógio tocou na sala. Oiço as badaladas e não me mexo. Esta é mais uma noite que passa e tu demoras a chegar. O meu coração não aguenta mais mentiras. A tua boca move-se e dela saem as palavras que quero ouvir. Não passam de mentiras pouco pensadas que apenas servem para acalmar a dor. Quando irei perceber que já não faço a diferença na tua vida? Quando pararei de ignorar o cheiro feminino que trazes no teu corpo quando chegas e te deitas a meu lado? Abro os olhos, a escuridão é mais sufocante quando a vejo de olhos bem abertos. Assim é impossível fingir que aqui estás, como antigamente. Levanto-me e acendo todas as luzes da casa. Evito olhar para aquilo que fomos e sento-me encostada à parede virada para a porta. Como sempre estarás prestes a chegar. Ainda demoras? Espero por ti e não consigo evitar que uma lágrima escorra. Fecho os olhos e prendo-a: chega. Abres a porta e ao me veres ali, rapidamente te sentas no chão ao pé de mim. Tentas parecer preocupado. Eu levanto a cabeça e aquela lágrima presa escorre. É a última. Cheiras ao mesmo de sempre. Sem palavras, levanto-me, visto aquilo que usei durante o dia, passo por ti, agora à porta do nosso quarto e saio de casa. Vens atrás de mim, surpreso com a atitude, chamas-me e olho para ti. Agora és tu que tens lágrimas nos olhos. Não consigo sentir pena, não consigo ficar presa a ti. Acabou, já percebeste. Acabou à muito tempo. Só fingimos que o nosso amor era eterno. Hoje foi a última noite em que a escuridão me engoliu e as lágrimas rolaram pela minha face. O relógio bateu a uma da manhã e eu sai para sempre.
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segunda-feira, junho 18, 2012 - 11:48
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