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Liberto-me.


E eu mexo-me, remexo-me e sinto na mesma tudo junto às minhas costas: em cima delas. Tento libertar de mim o demónio em que me tornei. De repente sinto mais peso do que alguma vez conseguirei aguentar e caio. Simplesmente caio num buraco sem fundo, escuro e frio. Sozinha, oiço o eco do meu medo e as sombras longínquas parecem querer amenizar a minha dor. Odeio-me. Num breve segundo tudo fica esclarecido e percebi todos os males que me levaram aquele buraco frio e escuro. Sei porque estou sozinha e porque me sinto destruída por dentro. Foi tudo culpa minha e tenho passado toda a vida a culpar o mundo. Eu destruí o meu mundo e acabei por ficar prisioneira nos escombros do que restou dele. Afastei-me, lentamente de todas as cores, cheiros, sabores, sensações. Deixei de crescer e passei a ver só para trás. Chorava pelo passado, pelo que vivia, pelo que ainda iria viver e me atormentava os pensamentos. Culpava a minha alma por ser fraca, quando sem culpa alguma ela lutava por me alegrar. A culpa foi minha por ouvir as palavras de ódio das pessoas que nunca me quiseram. Daquelas que se fingiram felizes por mim mas que me matavam aos poucos, sabendo onde isso me levaria. E eu morri mesmo. Morri em mim e morri para o mundo. Desapareci naquele buraco para onde o peso me levou. O coração pesa-me. Está negro e retrai-se para não se mexer. Transformar-se em pedra e deixo de sentir o que quer que seja. Arranco-o sem pensar duas vezes e flutuo. Ergo-me lentamente sob todas as recordações que se desprendem das minhas mãos. O sol é demasiado forte e fecho os olhos recebendo-o na pele como à muito não fazia. No lugar da pedra negra surgiu um novo músculo, vermelho e batendo com a força da vida. Uma nova oportunidade. Um novo dia. Um novo eu. Acabaram-se as noites em branco. Os pesadelos com suores frios. As palavras esfumaram-se e já nem reconheço as vozes. Caras estranhas olham-me no caminho e eu esforço-me por não olhá-las, por não me lembrar delas. Finalmente compreendo porque existe a escuridão antes da claridade. É o momento do nosso nascimento.

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segunda-feira, junho 11, 2012 - 15:41

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EmilieLorena

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