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A Armadura da Amizade

O sol já estava bocejando e arrumando um travesseiro-nuvem para dormir, o tempo uma gruta, o céu plúmbeo, nuvens densas, pesadas. Paula e Bebeto passeavam a beira de um lago de águas escuras. A mão fechada e fria do vento batia nos rostos deles, como socos. Estavam protegidos pela distância, violetas coroadas de espinhos, armadura da amizade. De repente, ela brincando enroscou o braço no dele. Ele parou, olhou-a de um jeito diferente, pegou-lhe a mão com doçura e deu-lhe um beijo. Um calor manchou-lhe a face de vermelho, ela baixou os olhos, mas depois, retirou a armadura e olhou sem medo para ele. E de mãos dadas, saíram correndo, o trem do amor estava passando ali naquele instante. Não poderiam perdê-lo, precisavam aproveitar a validade do bilhete.
Entraram no carro, ele a abraçou com carinho e leveza , ficaram assim durante algum tempo as almas mudando de casa bem devagar, o baile à fantasia que durava dez anos, e as máscaras retiradas no meio da festa. Leda e o cisne: a visão sublime daquele instante. Depois um beijo, que começou suave como uma brisa, após alguns instantes um vendaval. O beijo foi interrompido, e ele falou: - Vamos sair daqui?
E ela nem resistiu, nem pensou, estava demente com toda aquela situação inesperada, o amor, encoberto durante tanto tempo.
A ânsia de ficarem juntos, de sentirem a pele um do outro, transpirava por todos os poros química perfeita, ácidos carboxílicos vibrantes. Ele a abraçou, acariciando os cabelos, cachoeira de beijos. As roupas foram sumindo num passe de mágica e eles se entreolhavam e não acreditavam. Os dois amigos de algumas horas tinham ficado lá, à beira do lago passeando. Naquele momento, falavam palavras soltas, deliravam como se estivessem com febre, nesse instante a palavra era uma asa do silêncio. Ele a abraçava com um carinho, preservando uma flor rara e frágil. Paula estava paralisada, nem conseguia se movimentar, curare: veneno do amor.
E chega o momento do voo, eles então de mãos dadas, precisavam chegar juntos àquele lugar desejado, só deles. O vento do amor soprava forte, arrepiava os corpos, fazia-os tremer, estavam imobilizados. Não poderiam desistir do sonho, de repente as nuvens lilases surgiram , deslumbrantes. Sonho realizado, bálsamo do amor. Acordaram, retornaram ao lago, vestiram as antigas armaduras, mas estavam ensopados de amor.

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domingo, agosto 2, 2009 - 12:44

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lygiaboudoux

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