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Deixa-me ser Alice
Desde pequena tenho aquele fascínio pelo conto Alice no Pais das Maravilhas,ela através de um sonho chega a um mundo mágico e é levada por um coelho branco de óculos. A história é completamente sem pé nem cabeça, os personagens são exóticos e nos deixam atordoados. Quando ela entra nesse mundo louco e encantado surge um chapeleiro maluco, com um relógio na mão avisando a hora do chá, uma festa com chá para três loucos, o chapeleiro, a lebre e um rato. Ele se preocupa atordoadamente com o horário e para um simples chá, exatamente como nós ficamos em qualquer compromisso, o melhor da festa e de tudo que queremos na vida é mais a expectativa do acontecimento, depois do acontecido se torna um simples chá. Porque o ser humano é movido de aparências. Alice encontra uma lagarta que pergunta: Quem é você? Um pergunta profunda, filosófica para nós mesmos.As pessoas nem pensam muito, vão levando a vida, imitam uns aos outros como as cigarras.
Depois o ratinho diz que a vida dele é muito triste. A maioria dos seres humanos aprecia essa capacidade de serem vitimas, as pessoas têm pena e tratam bem os “coitadinhos”. O mesmo rato faz uma pergunta a Alice: Gostarias de gato se fosse um rato? Nessa pergunta a lição da ética ensinada há mais de dois mil anos, se colocar no lugar do outro. A rainha de copas que manda cortar a cabeça de todos do reino pelo desaparecimento das tortas. Aqui o poder está na berlinda, então se pode e se faz tudo e a qualquer momento e por qualquer besteira.Na verdade esse mundo louco sempre me atraiu. Às vezes temos que viver uma vida sem pé nem cabeça apenas para continuarmos vivos.
Conviver é algo muito difícil, o jogo é tão cruel que precisamos de vez em quando, retornar aos contos de fadas para permanecermos imunes ao contágio dessas mazelas do mundo, que a cada dia acordamos perguntamos como a lagarta: “Quem sou eu?”, ou ainda: Onde estou?
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