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Ciúme – Dança do Cortejo
Muitas vezes inventamos o ciúme pelo prazer do confronto dos corpos. Ssabemos que após a altercação ou a interrogação que nunca chegou a ser, surgirá a dança do cortejo. Este artifício permite a manifestação de belos galanteios para a reunificação dos corpos.
Assim faço ciúme como a aranha faz a teia para apanhar a sua presa.
O toque surge então como uma primeira carícia, a recordar aquela que inventamos no passado quando procuramos o acasalamento; surge então o paladar do primeiro beijo e, no arrepio do contacto com a epiderme expulsa-se definitivamente o ciúme malabarista.
Chega o momento em que digo:
- Sou teu e apenas só teu! O suor dobra com a fusão das almas.
A noite é minha, e o ciúme aliado. E da alma “frágil”, emerge afinal apenas a perícia da mulher em se servir, também ela, do ciúme cúmplice para fazer crescer a líbido.
Depois, os corpos dormem enrolados nas artimanhas do pecado venial, sabendo que num outro dia qualquer o ciúme voltará para fazer sorrir a noite.
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Comentários
Re: Ciúme – Dança do Cortejo
Gostei dete belo texto.
Parabéns,
Um abraço,
REF
Re: Ciúme – Dança do Cortejo
Tecer uma teia onde os corpos se enlacem e se desnudem até do seu próprio ego, é uma art-e-manha que dá um pouco de colorido ao leito disposto a tudo; saborear o suco agridoce que escorre pelo peito após a reunificação dos corpos; consentir no desejo, que é sentir ou não prazer na dor da ausência… Neste espaço in-corporal, a libido até se queixa de não poder continuar a ser fruto de ciúme, e consente numa clarificação das ideias, até chegar ao ponto de onde se vista de suculentas carícias, e se ramifique até atingir o momento, onde tudo deixa de ser básico e insatisfeito, para amar e deixar de lado o medo vencendo este sentimento, dos mais básicos no ser humano.
É bom quando usado e “suado” no cumprimento do objectivo proposto, mas a nossa complexidade leva-nos por caminhos difíceis e usa-se e abusa-se desta ferramenta, para se conseguir um pouco do muito que existe, mas que nem sempre acedemos.
Faz parte de um registo onde nos encontramos, caduco e ultrapassado,
José Luís gostei muito da forma como trataste este tema e também de ouvir Amália.
Bjs
Matilde D’Ônix
Re: Ciúme – Dança do Cortejo
O ciume é sinal de querer. querer demais. é veneno. é sufoco. consome. arde. queima. mata. é o que se apodera do inconsciente e altera o consciente para um estado sonambulo. submerso.
Isto é o que eu penso do ciume. que mata. nada tem a ver com o que aqui descreves. que é querer. e ter. o toque e caricias e ofertas. acabando no pecado da noite.
Lamento, mas embora reconheca a beleza desta escrita, que é, não consigo evitar o esforço de a ler sem associar um alerta mental à antagonia.
Não sei se me explico de forma perceptivel... em suma. Gostei e, na sua beleza, chocou-me.
Re: Ciúme – Dança do Cortejo
Claro que és perfeitamente perceptível e pode ser lido dessa maneira.
O que o texto diz é que muitas vezes os casais arranjam um “ciúme” que afinal nunca foi, inventam-no, dramatizam-no, apenas para terem uma reconciliação.
Obrigado pelo comentário Moon_T
Abraço
JLL