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CONDESSA ELIONOR PARTE I - A CARTA

LEGADO DE SANGUE

AS TRÊS CONDESSAS

PARTE I

CONDESSA ELIONOR- A CARTA

Por Felix Ribas

Entregue a dor desfalecida de meu inócuo cárcere de desdém e nostalgia, vendo a mim ser chegada a hora do não ser de minha vida. Moribundo hoje vago a detenção e privação de meu viver, mas sim garanto-lhes gozo de plena sanidade e por intermédio deste manuscrevo ao correr de pena o que lhes garanto ser a implícita copia da verdade, de uma alma corrompida esta sim ao tolo amor de uma mulher que este simplório explanar de minhas dores sirva de espelho triste amortalhado aos que como eu se deixarem cegar por um amor irrefletido.

Em meu manuscrito voz verão que eu fui de certo o menos culpado, das atrocidades que cometi, sou eu culpado sei-o bem por ter matado a Condessa Elionor, e deste fato não me arrependo e sim do amor que por ela sempre eu cultivei.

Hoje que me vejo varrido da comunhão do convívio social, reconheço que passei o tempo de minha vida sem dela a compreender. Trágica anedota se faz ser a vida hoje minha a poucas horas de meu fatídico final, enfim com clareza me ponho a ver toda a dor de meu viver e não viver.

Pois fui o tardio fruto de uma geração moribunda, arrebatado por uma geração nascente, fui de tudo um poeta maldito e maltrapilho, adornado a culpa e ao desdém das inúmeras facetas das altas rodas da sociedade que minha nobre família insistiu a me frequentar.

Enquanto eu aqui nesta penitenciaria me deparo a refletir a inutilidade de minha vinda a este desumano e torpe mundo, ao contrario de outros que nasceram comigo e com seu esforço e defesa de seus ideais, tornaram-se vencedores e levantaram além dos arraias revolucionários, os seus estandartes vitoriosos.

Como invejo a quem desta vida teve mais nobre propósito do que eu, pois aos poetas se faz negada a toda sorte e ao amor, com a anedota que se faz seu mundo de fuga e fantasia acaba sim este a despir-se de seu vão orgulho e desprendimento a se alto transmutar a sarjeta, a louca e a marginalização da sociedade.

A condessa esta se fez a mim ser apenas quimera, após desvelada de sua carapuça de maldade oh! donzela, sanguinária meretriz veio anunciar-se, esta desumana que a mim desdenhou meu raro amor, nobre sei-o esta é, sim mas apenas de pompa e circunstância, pois sedes vil e mesquinha aos meus olhos que cegos sei-o bem pelo amor que a esta dama cultivei tornou-me cativo a seus mercenários olhos de fera, por três décadas enfeitiçado ao doirado âmago de fictícia felicidade que eu sonhara imaginar.

Mas sem mais delongas vou-lhes apresentar aos fatos dos quais defendo minh’alma nesta infame noite de jubilo dos homens ao cárcere amortalhado que venho a me encontrar.

A Condessa

Lembro-me bem da primeira vez que a vi, se fazia já primavera aos bosques do norte era começo de ano na Academia da Província, triste menina assim a via. Logo que pude dela vim a aproximar-me puxei conversa a nobre dama, ela sempre esguia e virtuosa mantinha a palestra com a voluptuosa suavidade das mulheres que sabem esconder os pensamentos com as palavras, embora ainda tece-se da timidez de tenra idade, se fazia fascinante a qualquer homem que com ela tive-se a chance de conversar, eu ali empedernido face sua beleza e perspicácia encontrava-me embasbacado, confesso-lhe que da conversa pouco me lembro, mas sim a me lembro bem de fitar aos olhos dela a formosura das violetas de suas pálpebras, para a deidade que se fazia ser a sua boca e de sua silhueta moreno pálida que se faz ser nas raças espanholas um luminoso e fugitivo reflexo do oriente.

Passei de veras a todo dia a cobiça-la sempre em olhares, dela sim reciprocidade podia eu sempre a sentir, apaixonei-me pela sutilezas daquelas curvas de mulher, serpenteando inerte a mata sempre a via toda manhã e com ela sempre sonhava todos os dias e toda a noite. Tateava a sua pele, afagando aos seus cabelos, deflorando a sua malicia com a cabeça sobre o seu colo a acariciar aos menores acidentes da divina argila e adormecermos embriagados de volúpia à sombra embalsamada de seus negros cabelos assim imaginava a possuí-la a despoja-la quem sabe um dia.

Certa manha tomei coragem a nobre dama me declarei, era Domingo após a missa lindo dia me lembro bem, eram perfeitos os pessegueiros naquele dia se faziam em flor, soprava uma suave brisa vinda do leste, e o sol resplandecia o olhar dela nos olhos meus, ela como sempre se fazia encantadora, com um longo vestido branco e com um chalés de tom róseo, uma fita no cabelo e uma sombrinha adornada de crochê, chamei-la para traz da igreja muito nervoso estava eu, lembro-me bem que alegria ao declarar-me dela cativo e enamorado, quando com um beijo ela me respondeu. Não disse nada apenas beijou-me sorriu e foice a recolher-se em seus aposentos que ficavam na torre norte da Academia, nossa naquele dia eu fui o homem mais feliz que se podia ser, durante os meses de certa forma posso dizer que namoramos, éramos jovens e a Academia era muito rígida quando a namoro de seus estudantes, algo normal para esta época mas sempre se dava um jeito e se sabe bem o proibido sempre se torna de veras melhor que o que se fácil se pode a ter.

A Separação

Ao fim daquele ano acabara nossos estudos, alegres encontrava-mos pelo fim de nossos estudos e frente a formatura que estava já a chegar, mas muito tristes nos encontrávamos frente a separação que a nós se fazia a ser eminente já naquela hora, eu voltaria as terras de minha família ao norte escocês e Elionor ao condado de seu nobre pai bem distante quase ao sul, como estávamos devera apaixonados, primeiramente deixamo-nos tomar de impulso a volúpia e combinamos aos dois deixarmos a Academia dois dias antes do termino das aulas como já estávamos certamente passados não ocorreria problema algum em nossas faltas naqueles dias, fomos ao bosque das Alfazemas se fazia já ser verão na província embora ainda fosse primavera, muito quente me lembro bem estava naqueles dias, um velho amigo arrumou-nos um chalé perto a cascata de Aeron lindo lugar se fazia este a cabana de certo se fazia ser rústica e sem nobre mobília mas inerte ao cipestre se fazia encantadora e nos servia sim de abrigo aquela noite, deleitamo-nos aquele dia em verso e prosa, preparei-nos um piquenique regado a vinho do Porto, lembro-me bem a acariciar-lhes os cabelos Elionor um tanto tonta devera ao vinho se fazia faceira e dada a certa libertinagem, deveras sou homem tive impulsos mas não aproveitei-me da situação, beijei-lhe a testa segurei-lhe as mãos foram apenas dois dias de carinhos e boa conversa a beira da cascata de Aeron, decidido então estava eu a casar-me com Elionor, tanto que já ao passo do ano novo, logo que pude a desvencilhar de minhas obrigações nas terras de minha família peguei o primeiro vapor rumo ao sul, chegando a Capital peguei a primeira carruagem que partira rumo ao condado do Conde Hass pai este de Elionor a pedir-lhe a mão de sua filha em casamento.

Chegando ao condado logo me fui a casa do Conde Hass pai de Elionor embora nervoso eu alegremente estava a sonhar e imaginar nosso noivado e os tramites ao casamento, chegando lá apresentei-me fui recebido por serviçais era uma casa de raro trato ornamentada a fino trato, mesmo sabendo de se tratar de um Conde não havia imaginado a riqueza e o trato que se fazia ser a família de Elionor, enfim o Conde veio a receber-me.

Era um homem corpulento, vestido de um luxo que chegava a ser ultrajante, arrogante por conduta, um ar superior que por si só se fazia temer a todos a sua volta.

Como era de se esperar após visualizar seu condado e sua aparente arrogância com os demais o Conde Hass achou de fato eu ser devera insignificante e de família pobre demais a despojar a sua filha.

Lembro-me de seu riso de deboche e desdém a minha pessoa naquela noite, senti-me ultrajado mas me recolhi a minha dor, tive vontade de dar um fim ao infeliz naquela hora, senti meu coração a cavalgar estridente ao meu peito naquela momento, mas sabia eu, que o que fizera tanto pior seria a mim e as minhas chances com Elionor.

Alojei-me a um taberna próxima do palacete do Conde, a muito custo certa manhã, consegui arrumar um encontro com Elionor através de uma de suas Damas de Companhia que comprava suprimentos num dos empórios do centro da Cidade, nesta manhã veio-me Elionor a encontrar-me no bosque norte perto as fontes como me disse a serviçal.

Enegrecido me fiz triste a ver Elionor não retrucar aos mandos de seu pai, eu ponderei, ofertei a Elionor tudo que tinha a dar-lhe no momento. Sei-o bem que não era lá muito mas era meu amor e sincero sim com ela sempre fui.

Pedi que ela comigo viesse a fugir, nas terras de meu pai poderíamos ter uma nova vida, embora não pude-se a ela ofertar o luxo que estava acostumada a ter, nada deixaria a ela faltar e daria a ela todo o meu amor.

Mas Elionor com uma irritante calma pediu-me a nunca mais vir a procura-la, que seu pai havia acertado seu dote e iria dar-lhe a mão ao filho de um ostentoso senhor de terras da região, este era doutor formado na Capital, e estava com planos políticos na região.

Embora pude-se ver em seus olhos que algo de verdadeiro e nobre sentia por mim, suas palavras atravessaram-me ao peito como uma estaca, e seu dito desamor por mim abriu-me uma larga brecha a sangrar que deveras nunca ira se curar.

Maldisse a mim mesmo, ponderei aos céus, aos deuses e aos demônios, oh! Porque eu, porque Elionor, a única culpa que tenho eu é de ama-la e ser cativo a seu carinho que por mim creio que tens. Perdido a sofreguidão peguei o trem voltei pra casa recolhi-me a meu triste feudo a trabalhar nada mais podia eu a fazer.

Por muitos anos carreguei comigo este fardo que se fez ser o amor por Elionor, nunca a esqueci e de certa forma ainda comigo trago que ela me ama ou me amou, só não o suficiente a largar tudo por mim, por medo ou conveniência nunca acho eu virei a dela saber.

O Casamento

Três anos depois de nosso fatídico ultimo encontro encontrava-me eu próximo as terras de Conde Hass, quando a noite no local donde iria a pernoitar fiquei sabendo do casamento de Elionor com o Duque Ars Van Drumenn descendente de nobre linhagem holandesa, Grão-duque de Reswood Comendador e respeitado fidalgo se fazia ser ele, homem sem defeitos aparentes com o que me pos enciumado ao saber, realmente seus títulos honoríficos não me eram de bom grado ou interesse, mas despertou-me obvia plebe de saber da vida do mesmo pois este estava a furtar-me a mulher de minha vida única senhora de meu pensar, princesa desalento e donzela de meu sonhar.

Imbuído eu de certa nostalgia e saudade decidi-me a ir ao casamento de Elionor,eu de posse de uma carruagem que avia comprado aquela tarde na cidade dirigir-me ao condado do Conde Hass, segui a todo trote pela pitoresca estrada do vale rumo ao palacete donde havia de se efetuar o casamento. Parei ao local mais sombreado que avistei, apeei da carruagem amarei ao cavalo nos arbustos e logo me pus a caminhar o resto da trilha ate o palacete do Conde, pois sei que não seria bem vindo entrando pela porta da frente, quem sabe qual seria a reação do Conde a avistar-me, mas esta não era minha preocupação de hora.

No caminho ainda pensei no que eu estava a fazer, mas queria eu a ver uma ultima vez.

Pensei comigo mesmo, ora meu rapaz não se deixe dominar por esta paixão ridícula, este amor que só te trouxe desgosto e pesar, sejas forte és moço em tenra idade ainda a tantas moças que poderias a despojar porque insistir neste platônico caso perdido.

Apesar de parecer disparada loucura, ou mesmo masoquismo puro querer vê-la a casar-se com outro não desisti de meu propósito aquela noite.

Em verdade queria eu era ter a certeza que ela nada mais por mim sentia, ao olhar em seus olhos saberia que aquele amor que outrora tivera realmente tive-se ficado nas gélidas brumas invernais do passado.

Mas a imaginá-la em seu véu nupcial, branca e fugitiva como a nuvem que se some para sempre, coroada em flores amorosas, com as faces enrubescidas em sensual enleio, e seus olhos fulgurantes de desejo por outro homem.

Se realmente for este o caso desta maldizente noite de sombras eu não soltarei nenhum lamento, eu não proferirei nenhuma blasfêmia, não me deixarei corroer ao ciúme. Se dela tiver a certeza que és este outro homem que ama eu sofrerei sozinho a minha dor.

Mas quero premiar a mim a ver aos seus olhos ainda de virgem, a aperceber minh’alma com sua imagem antes que ela despoje eternamente de sua castidade.

Nesta hora já avistava ao palacete ao longe ouvia a musica e via aos fogos, contrapondo ao negrume daquela noite sem estrelas ou lua, sentia ao ardor da festa e ao corvejar de aves sinistras.

Chegando ao palacete galguei a escadaria de marmóreo cinzelado e adentrei ao salão principal donde vinha a musica e conversação dos plebeus, pelo menos as quais que se podia ouvir. Neste alumiado salão se podia ver os resquícios do banquete que fora servido a poucas horas no centro a mesa se jazia devastada e solitária como um campo de batalha após medieválica peleja.

Mas ali ainda jazia um resto do bolo do casamento este com um altar e os dois noivinhos feitos de açúcar a deparar-me lembro-me bem daquela imagem burguesa a retorcer minhas entranhas ao imaginar como deveria de ter sido o ato de união dos dois.

Já era madrugada eu avia por me demorado a chegar a casa, no palacete aviam apenas alguns poucos convidados bebarrachos em geral, o conjunto ainda tocava mas já não ali se via familiares ou os noivos, os lacaios já faziam cara feia a espera do termino da festa a poderem se recolher.

Perguntei a um serviçal que lá estava donde que os noivos iriam a passar a noite, disse-me ele aqui mesmo meu senhor na ala leste creio que já agora estão a partir para seu leito, há muito pouco eles vieram a deixar este recinto, na mesma hora disse-me ele veja lá são eles lá no jardim creio que estão a dirigir-se a seu leito, virei-me e os vi em meio as arvores deveras não pude a reconhecer nem ao noivo que eu conhecia de um encontro que tive com o Comendador seu pai a alguns anos e nem a minha senhora da qual devera sempre fui cativo escravo ao sonhar-te, se encontrava escuro de forma demasiada o jardim a eu poder perceber suas fisionomias, disse-me o lacaio se correres ainda poderás a com eles trocar alguma palavra meu senhor, quer que eu os pare disse ele, não eu respondi, este lacaio ofertou-me pouso já era tarde muito dos convidados lá iriam a passar a noite naquele dia.

Aceitei a hospitalidade estava eu sim moído, triste e sonolento, bebi bastante, gorjeei enfadonho pseudo-palestrar como devera o que eu parecera naquela noite um pseudo-intelectual de botequim, e fui-me forçado a deitar desolado, um dos lacaios do senhor Conde conduziu-me a um aposento próximo ao dos noivos para eu repousar e passar o resto daquela noite bêbado como estava adormeci desfalecido.

Pela manhã eu vim a acordar, desgrenhado com gosto insalubre lembro-me a boca, minha cabeça estava a explodir maior ressaca que da vida tive, não sei se pelo vinho ou pela tristeza, lúgubre andejo creio os dois, logo que pude fui-me embora mas antes sim a vi ao longe, minha menina tão doce e meiga porque a vida deu-nos tal destino.

Pensei comigo minha senhora parto agora, sigo em paz, desejo felicidades a vosmicê e seu marido sim porque não, infelizmente nada contra ele posso a dizer.

Assim me fui, enraivecido vendo a ela ser de outro homem, e enamora por este tal ao que parece de muito bom grado.

O Mundo da Voltas

Passaram-se os anos como tormento, nunca eu nesta vida vim a esquece-la e muito menos a me casar, pois outras mulheres sim tive algumas mas em todas elas sempre a procurei, nunca no mundo nenhuma pode substituir Elionor em meu coração e muito menos em minha alma, de mais mal sorte meus pais morreram então tornei-me um casto solteirão, que sina a minha posso dizer. Neste mesmo ano de morte de meus pais um primo fidalgo que avia a casar-se com uma Duquesa Germânica, sucumbira a uma desconhecida doença oriunda dos trópicos donde avia passado certo tempo a negociar bugigangas com os nativos em troca de pedrarias, por demais ele se encontrou debilitado ao passar em minhas terras tanto que eu não pude deixar-lhe partir, o acolhi como a um irmão no curto tempo ate sua moribunda morte, pois este definhou ligeiramente dia a dia ate seu inevitável fim, por eu ter o cuidado com tanto zelo durante sua enfermidade deixou-me alguns títulos do governo como gratidão, estes eu resolvi investir na modernização da plantação de café de meus pais, algo arrojado para época mas o maquinário e insumos que eu comprei foram de grande valia, fui muito feliz com este enleio pois tornei-me de certa forma rico mais que pudera a imaginar um dia, tornei-me um símbolo de inovação a ser seguido naquelas bandas donde residia, com o dinheiro veio os bajuladores, harpias e chacais a rodearem meu dinheiro e invejarem minha prosperidade, tornei-me nobre ganhei o titulo de Sir, hora que balbucia eu pobre renegado por alguns vinténs tornar-se nobre e invejado por toda a plebe e burguesia.

Parti ao final do inverno que aquele ano se fizera dantesco, em um cruzeiro rumo ao ocidente necessitava de tirar férias a muito já me fazia a apenas labutar e labutar, merecia eu sei-o bem ter algum descanso de meus afazeres que a de muito estavam a insalutar-me, e deveras de aproveitar de minha fortuna, pois de que me adianta tantas posses sem ao menos as vezes algum regalo a mim me dar.

Ao clarear primaveril descemo-nos todos ao porto de Rasnir, local de muito grado a lembranças de minha infância e da mocidade, oh! Doces lembranças estas sim posso a garantir, Rasnir terra bendita donde estudara e de donde eu conhecera ao meu amor a Elionor, com certo tempo a desbravar a região procurei por antigos conhecidos, devera algum neste lugar avia ainda de residir, logo a tarde que se fazia de muito quente cheguei-me a uma taverna no centro da cidade avistei a frente a minha surpresa a um antigo colega da Academia, Cacio estudamos por muitos anos na Academia da Província, foi uma noite muito agradável a relembrar as peripécias que nós fazíamos naquele tempo, doces lembranças de outrora de tempos sem preocupações e sem temores, donde eu só pensava em jogos, festas e Elionor. Bem como não poderia se deixar de ser a certa hora Cacio perguntou-me por esta rapariga de que tenho tanto afresco Elionor.

- Não tem a visto meu caro amigo, pena vocês não terem ficados juntos, eram um belo casal me lembro bem, a dias não a vejo mas ela sempre fala de vosmicê, e me pergunta quase explanando o que de fato por ventura a ti se ocorreu donde que moras, do que, que vives, enfim disso lhe digo esta rapariga que vós tentes tanto carinho nunca deveras o esqueceu.

Surpreso indaguei-lhe:

- Você a tem visto há anos não a vejo, na verdade desde que ela se casou com o holandês, como tem noticias dela ela não mora mais no condado? Pensei que ao casar-se era por lá ficaria a morar com seu esposo.

- Meu caro amigo está bem desatualizado a situação da pobre, a família do holandês foi caçada, presa e condenada, por roubo a Coroa holandesa, triste fato que de muito marcou a Elionor e a família Hass, pouco depois deste escândalo o Conde Hass foi morto por um de seus lacaios que não contente ateou fogo ao palacete do Conde, nunca ninguém soube de fato o motivo que levou ao pobre a tão dantesco ato, conjura-se que o Conde este velhaco tinha a deflorado a filha deste mocambo que com dor de pai que se pode a convir tomou as dores e fez o serviço que de um pai se deve a esperar. Depois desta tragédia, que já não se fez pouco a mãe de Elionor sucumbiu a sua tristeza definhando ate a morte. Foram anos muito duros a Elionor como vosmicê podes a imaginar, esta pobre que no final só herdara de sua família ao titulo de Condessa e nada mais, entre a morte do Conde e de sua mãe Elionor gastou ate seu ultimo vintém.

- E onde eu posso a encontrar meu caro amigo, vós o sabes?

- Ela mora na Academia, nosso antigo tutor compadeceu-se de sua situação e deu-lhe abrigo, ela esta a ministrar aulas de etiqueta às moças da Academia, amanhã mesmo irei ate lá, tenho que alguns papeis acertar se quiser me acompanhar.

- Claro, logo pela manhã venho a encontrar-lhe meu bom amigo e juntos vamos rever nosso antigo templo do saber.

Deitei-me sem sono aquela noite, como um bobo eu não dormi fiquei lembrando da mocidade, Elionor e nosso amor, logo que o galo cantara aplumei-me como se fosse a casar, logo ao despertar orvalhado do sol ao cipestre dirigir-me a casa de bom e velho amigo que não se fazia ser longe da taberna donde estava alojado e muito menos de nossa antiga Academia, e após curto café juntos fomos em sua carruagem ate a Academia nosso objetivo, lá chegando dirigir-me logo que pude a ala sul donde se era ministrada aulas de etiqueta as moças.

Esperei ate o termino das aulas digo-lhes devera que demasiadamente ansioso a enfim rever Elionor, passei o tempo a admirar ao arvoredo e aos jardins todos em flor da ala leste donde estava, após longa e castigante espera acabou-se o tempo das aulas e enfim a Elionor avistei, bela e esplendorosa como sempre, os anos em nada a aviam afetado, parecia a mesma menina que apaixonei-me a duas décadas, do pátio da Academia a chamei pelo nome ela virou-se e surpresa logo a mim veio a falar, conversamos durante horas e horas como se o tempo tive-se a parado naquele instante, ela tão meiga, mas diferente pois sua vida a amadurecera e corroera a sua fé, tanto nos homens quanto em Deus, certa hora puxei ao assunto de seu marido e casamento esta derramou duas lagrimas que me doeram, e me contou toda a sua sina e desgrenhada desgraça que se tornara o seu viver se fazia viúva pois seu marido fora condenado e morto na Holanda por crime contra a Coroa.

Sendo desta forma enchi-me de coragem, enfim lá estava o amor de minha vida, agora livre e desimpedida, sem marido, sem família, largada a própria sorte, não fiz questão de esconder minha felicidade a ver seu estado embora lamentável e de certo muito doloroso a ela. Senti-me um covarde um Dom- Roan de quinta categoria a aproveitar-me da situação como que nunca avia o feito em toda a vida com uma mulher, mas era esta a minha chance tão esperada hora que nunca achei que um dia permearia a poder ter.

Declarei-me por ela apaixonado, que nunca ela tinha eu esquecido, a tomei em meus braços e a beijei como nunca havia a outra mulher beijado, ela num misto de alegria e vergonha cedeu a meus encantos, eu já me fazia maduro aquela altura não mais era o homem que ela conhecera, embora um tanto enegrecido ao pesar de minha vida e responsabilidades que não eram poucas lhe digo sim, com ela ainda sentia um certo fulgor juvenil, ela dava alento ao meu espírito, de certa forma a Condessa Elionor era o que sempre faltou a minha vida sei-o bem, mas a amava a queria como esposa não como um premio pela obstinação de tantos anos a cultivar tão largo amor.

A amei como a nenhuma outra, fiz de tudo que pudera usando de tudo que possuía nos meses que se passaram a dar-lhe vida e vida em abundancia, viajamos através do globo, de costa a costa, em festas, touradas, e afins.

A papariquei de todas as formas possíveis e imagináveis, a cobri d’oiro e pedrarias, tornei-a nobre dama e senhoria de muitos escravos e vassalos a sua mercê.

A Desilusão

Embora eu cego pelo amor que possuía pela Condessa, com o passar do tempo esta de mim foi se afastando, nosso romance antes juvenil agora tornou-se um casamento de fachada caído a rotina, doe-me muito saber que ela já não mais me amava, ainda eu por ela cultivava o mesmo amor de outrora embora ela já não fosse mais tão jovem, não tive-se mais a mesma inebriante silhueta de menina e seus cabelos como seu rosto já mostrassem as marcas da idade, tinha aprendido a ama-la por sua companhia e por seu carinho, certo dia cheguei mais cedo do trabalho lembro-me muito claramente, ao subir aos degraus do jardim de nossa casa deparei-me com a porta entre aberta e a ela adentrei sem mais porquês não ouvi barulho algum e nem avistei Elionor ou a serviçal que durante a tarde como dama de companhia a Elionor fazia se ser, sendo assim dirigir-me ao nosso quarto a fim de tomar um banho, estava quente e eu suado, tinha me sido desgastante o dia, a aproximar-me do quarto ouvi sussurros e gemidos, estranhei e de pronto furtivamente com um golpe seco abri a porta de nosso leito. Elionor estava a acariciar-se com um rapaz que trabalhava para mim no escritório.

Fiquei eu ali mudo e postado ao ver a cena, empedernido frente a dor e a desilusão do momento, Elionor disse algo sinceramente não prestei atenção, dei-lhes as costas e fui-me ao porto em disparada ver ao pôr- do- sol a alentar-me pensava eu naquela hora, sentado sobre uma laje perto a arrebentação no cais do porto como comumente eu fazia quando tinha problemas a resolver refleti a minha vida desde então, me vi frente a frente a minha sina, supliquei anjo da morte que me levaste, oh! Meu senhor porque eu, porque a mim sempre que o castigaste. Fui a uma cantina de um velho amigo bebi eu muito mas não ao ponto de não ser consciente lhes garanto.

O Fim

Cheguei em casa já alta madrugada naquela noite, enraivecido com Elionor que lá estava toda em prantos a me esperar, ela pediu ao meu perdão que fora fraqueza e solidão que a levaram a situação, tomei-me em cólera pois a esta sirigaita todo meu amor eu cultivei, dei-lhe meu amor e fui traído em meu próprio leito, enraivecido sim eu a xinguei, depois de algumas balbúrdias ela se pos a desdenhar de mim e de meu amor, fui subitamente tomado pela ira de meu pesar, como se fora uma fera raivosa conduzi-me a cozinha peguei uma faca se punha sobre a mesa, voltei ao quarto donde ela estava e desferi cinco golpes que a Condessa foram mortais.

Ao amanhecer a serviçal deparou-se comigo adormecido, desfalecido melhor dizendo sobre o corpo de Elionor. A Condessa esta se encontrava esvaída a seu próprio sangue com seu alvo vestido já rubro as marcas do ocorrido e chamou a policia do condado. Eu não resisti à prisão de tudo com a policia eu cooperei.

Podia sim ter fugido, ou inventado algum subterfúgio a escapar de minha obvia sentença, mas eu sei-o bem que fui culpado deste crime apenas manuscrevo está história a toda a gente que se faz como eu a amar demais. O amor e a loucura andam sempre lado a lado, assim como eu a matei por não suportar viver sem ela e a ver novamente nos braços de outro alguém.

Agora eu por não mais poder viver sem ela dou fim a minha vida.

Este escrito foi encontrado pela manhã, aos pés do pobre que o escreveu, que se fez por si mesmo se enforcar em sua cela, dando fim a sua agonia e seu amor, triste historia que serviu de balbúrdia a plebe por muito tempo, mas junto ao corpo com esta carta também se encontrou seu testamento e ao diário de Elionor.

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segunda-feira, abril 12, 2010 - 23:57

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Re: CONDESSA ELIONOR PARTE I - A CARTA

ESTE É O 1º DOS 22 CONTOS REFERENTES A MEU LIVRO LEGADO DE SANGUE ASSIM QUE TEMPO O TIVER DISPONIBILIZAREI AQUI MAIS CONTOS DO LIVRO ASSIM TAMBÉM O LINK DO WEBSITE A VISUALIZAR O LIVRO NA INTEGRA DE FORMA GRATUITA ON-LINE

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