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Dona Aidil a mãe de todos

Aos 26 de dezembro de 1927 nasce Aidil Francisca David, filha do senhor Manoel do nascimento e da senhora flora Francisca David, única filha mulher numa família de cinco irmãos, desde muito cedo já mostrava os seus dotes culinários, pois ajudava a sua mãe nos afazeres domésticos, nessa época ela já começava a por as asinhas de fora, fazendo alguns pratos sem pedir ajuda a ninguém, aos treze anos de idade, perde a sua mãe, que morre de repente aos cinqüenta anos, daí para frente ela que já se virava, dobra os seus esforços e com o consentimento do seu pai que quase nada podia fazer por ela, cai no mundo para trabalhar em casas de família, já de inicio começa trabalhando como cozinheira e com a ajuda das patroas, vai se aperfeiçoando cada vez mais na arte de cozinhar, passa por muitas casas e cada ex patroa, passa a ser uma espécie de amiga, de confidente e assim ela vai se revezando, entre a nova patroa e as antigas, servindo a todas ao mesmo tempo, entre todas suas ex patroas tem algumas delas que eu tenho o dever de colocar aqui, já que fizeram parte da sua vida, a senhora marianinha foi a sua primeira patroa, ainda aos quatorze anos e com ela muito aprendeu aprendizado esse usado na seqüência da sua vida, teve dona Dalva e o doutor Arion onde ela trabalhou desde o nascimento do primeiro filho do casal, o Jorge hoje engenheiro, depois veio a Magda que hoje é medica e o Arion filho esse herdou o nome do pai e a profissão, advogado, depois trabalhou também para dona Auxiliadora e o comandante Medrado, casa também onde ela durou muito tempo trabalhando, continuarei citando mais algumas pessoas que ela trabalhou dona Aurélia, dona Maria Inês, dona Lucia, dona gloria, fazendo também bicos em algumas casas extras, festa de casamentos, aniversários etc. e dessa forma conhecendo outras pessoas das quais ficou também amiga, sito aqui a família regos barros, tendo como principal membro o comandante rego barros e sua filha Sandra e a dona glória esses que até hoje são seus bens feitores, por ultimo agora, tem dona Hilda carneiro esposa do Almirante Ernesto carneiro ribeiro, grande casal, grandes almas, três das ex patroas, tornaram-se comadre, dessa simples mulher, que com o seu jeito de ser quebrou barreiras de preconceitos conseguindo assim mudar o jeito de algumas pessoas, e assim prosseguiu a sua vida não tendo tempo para fazer mais nada além do seu trabalho, eu não lembro ter visto ficado um só dia parada, infância eu nem preciso dizer que não desfrutou, pois na época da sua, já estava à trabalhar, nos trabalhos que anteriormente citei e assim foi tocando a sua vida, com uns vinte e cinco anos conhece um cara e com ele tem uma filha, que logo, logo passou a criar sozinha, para onde foi o pai, eu não sei, pois ela nunca falou e respeitando o seu silêncio ninguém nunca perguntou, alguns anos depois, conhece outro homem e com ele teve oito filhos vingados, somando um total de nove filhos,
Nessa época a labuta piorou dez vezes mais, por que o homem que ela arranjou, não tinha emprego fixo, vivia a biscatear, dias tinha trabalhos, outro já não tinha, às vezes tentava na pesca, mas, nem sempre a pesca dava boa e assim aos troncos e barrancos iam levando a vida, quando estava para completar quarenta e oito anos, perde esse seu marido, por incrível que pareça, financeiramente falando, ele não fez muita falta, pois já era ela a responsável pela a maior parte dos recursos colocado em sua casa, a única falta que talvez ele tenha feito, foi o pulso firme junto aos filhos, que de tão firme que era chegava a ser exagerado, já ela não, ela não tinha natureza nem tempo para agir com rigor com os seus filhos, mas, isso é assim mesmo cada pessoa é do jeito que deve ser,
Seguindo em frente, depois de ter assumido no todo o controle da sua família, revela-se uma excelente estrategista familiar, dando-lhe rumo a cada um dos seus membros, claro que os que não aceitaram as sugestões dela escolheram os seus próprios caminhos, esses aceitos por ela que sempre deu apoio incondicional a todos, com o passar do tempo, foram surgindo problemas de saúde e ela passa por uma cirurgia delicada para retirar um dos seios, extirpando assim, um câncer que havia se instalado em seu corpo e fica praticamente boa, tendo uma guarida por alguns anos, só que após passar quatorze anos volta de novo para o hospital, dessa vez para amputar uma das pernas,
Superando isso também, após a cirurgia não perde o bom humor,
Dizendo levaram o meu mocotó para alguma feijoada, só ela mesma para fazer piada numa hora dessas e assim segue em frente cheia de vontade de viver, hoje aos oitenta e quatro anos continua lúcida, porém um pouco mais debilitada, mas, ainda dando as rédias do jogo, desejando coisas, sonhando, fazendo planos, vez por outra é pega numa melancolia ao relembrar, do tempo em que vivia com vigor dando nó em bingo d,água,
Seguidamente enxuga as suas lágrimas e fala para quem estiver perto dela, toda vida é útil não é? Quando sou eu que estou perto dela respondo assim, - é a senhora está certa, meio engasgado vou saindo lentamente de perto dela para que ela não note a minha tristeza por vê-la assim, é por isso que nessa vida, uma das coisas que eu nunca irei entender, é de ver pessoas que parecem ter sido escolhidas na sua existência para sofrerem, minha mãe foi uma dessas pessoas, eu morrerei indagando a Deus, por quê?

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domingo, março 28, 2010 - 11:06

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