ESPERO POR TI

Danças envolta em chamas, com o coração que te resta nas mãos e o vento derrama no teu corpo o meu desejo.
Apetece-me olhar-te, enquanto afogo as mágoas da tua culpa num copo de sangue do filho da cruz.
Ilumina o meu mundo, que assim como no inicio tem sombras que vivem nas cores.
Não se faz luz, não se faz nada, o silencio da raiva mortiça que queima por dentro é o meu alento.
Ganhaste o meu afecto e eu nunca saberei sequer o que é perder o teu.
Bebo mais um gole, deste veludo grená encorpado de pecado, feito do suor de homens rudes.
vejo-te mais longe, sem caminho para fazer, vejo-te nas lembranças que escasseiam no pensamento.
Resta-me tempo, tempo penoso de viver, por este corpo que é mármore fechado
e que guarda o sofrer de todo o tempo a teu lado.
Bebe comigo, para remissão dos teus pecados, do sangue do homem que é Deus,
morto de ca andar se fez espirito e subiu aos céus.
Espero por ti, até que a morte nos una, numa terra molhada fechados em urna.