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Eu sei que foi você - capítulo 18
Cassandra e Marcelo foram à casa dela, sendo recebidos pela mãe da jovem.
-Mãe, este é o Marcelo, meu colega.
Cassandra parecia com a mãe, mulher simpática e de olhos verdes.
-Prazer, chamo-me Consuelo.
-Prazer, dona Consuelo. Eu vim hoje estudar com sua filha.
A mulher parecia muito feliz e Marcelo pensou que não era comum que Cassandra levasse amigos para casa.
-Fiquem à vontade os dois.
Saindo a mãe, Cassandra pegou o celular de Marcelo e escutaram toda a confissão de Narciso.
-Meu Deus, que calhorda! Por que ele fez isso? Tanta menina a fim dele e ele fez isso com a Virgínia porque não dava bola para ele?
-O que faremos?
-Uma chantagem com ele? A gente diz a ele que gravou a conversa e que, ou ele deixa você em paz ou todos saberão.
-Então, melhor que o celular fique seguro na sua casa. Assim, ele não poderá tentar tomar de nós.
-Se ele tentasse tomar, iria levar!
-Mas numa briga, o celular poderia sair destruído! Melhor que não o veja nem saiba onde está.
-Apesar de tudo, Cassandra, eu penso que ele merecia que todos soubessem. Por causa dele, a Virgínia está morta. Ela não merecia o que houve com ela.
-Não, não merecia. Mas eu me sentiria suja se fizesse todos saberem.
Conversaram mais um tempo e Cassandra disse que ia pegar água. Ao voltar, tinha um ar decidido.
-Não contaremos a ninguém, Marcelo. Mas eu direi a ele que espero que ele lembre que não quero acabar com a vida dele como ele acabou com a da Virgínia.
-Acha que isso o fará se arrepender?
-Não sei.
Marcelo acabou passando a tarde na casa de Cassandra, conversando sobre o que fazer com a gravação e se deviam ou não entregar Narciso. Acabaram concluindo que não havia uma resposta satisfatória. Marcelo concluiu:
-Às vezes, a gente não sabe a coisa certa a fazer, não é? Por um lado, não parece certo que o Narciso não sofra nenhum castigo. Por outro, dizer o que ele fez soa como coisa de dedo-duro.
-Qualquer coisa que a gente faz tem um lado negativo, Marcelo.
-Cassandra, quero dizer uma coisa.
-Fale.
O olhar de Cassandra era revelador, indicando que ela responderia ao que ele perguntasse.
-Você nunca se perguntou por que...bom... o porquê de você ser assim?
-Meus pais e eu nos perguntamos isso mil vezes, mas nunca achamos resposta e, sem querer ser mal-educada, vou responder à pergunta que você não teve coragem de fazer: isso não faz eu me sentir especial.
-Puxa, eu...
-Marcelo, se ser especial é saber segredos sujos dos outros, saber quando estão mentindo, saber que não gostam de você antes mesmo de dizerem, então, ser especial não é bom. Eu daria tudo para não ser como sou e poder ir ao cinema, por exemplo.
-Puxa!
-Na primeira vez que fui ao cinema, eu não consegui assistir ao filme. O tempo todo, eu só ouvia o que as pessoas pensavam. Ao voltar para casa, contei aos meus pais e eles ficaram muito tristes!
-Sinto muito.
-Às vezes, tenho medo de ser um peso na vida deles. Mãe sonhava ter outros filhos, mas não os teve porque resolveu ficar disponível para mim. Eles vivem preocupados comigo, embora quase não falem sobre isso. Bem, eles sabem que eu sei disso.
Instintivamente, Marcelo colocou sua mão sobre a de Cassandra e falou:
-Você não é um peso para eles, Cassandra. Eles se preocupam porque a amam. Sabe, eu acho você uma garota incrível e muito corajosa.
Cassandra virou o rosto na direção da porta da frente. Seu pai havia voltado do trabalho e estava ali, em pé, escutando-os. Marcelo se levantou, constrangido. Cassandra foi ao pai, abraçando-o.
-Teve um bom dia no trabalho, pai?
-Tive, querida.retribuiu o abraço.
-Olá, senhor, eu...
-Pai, este é o Marcelo.
-Lembro de você, meu rapaz. Ajudou minha filha quando ela passou mal. Serei sempre grato.estendeu a mão.
O pai de Cassandra pôs a maleta na mesa e pegou no rosto da filha:
-Escute, meu anjo, quero conversar a sós com seu amigo. Pode esperar no seu quarto?
-Está bem, pai.
-Você sabe que eu me preocupo demais com você.
Cassandra subiu e o pai dela pediu a Marcelo:
-Sente, rapaz.
Marcelo sentou e o pai de Cassandra disse:
-Não vou mordê-lo. Não pense que estou bancando o pai ciumento. Quero falar sobre outra coisa. Sabe, eu ouvi a conversa de vocês desde o momento em que você perguntou a Cassandra se ela nunca se perguntara o porquê de ser como é. Então, deduzi que você sabe o segredo dela. Todo esse tempo, ela nunca dividiu isso com ninguém além da Consuelo e eu.
-Senhor, eu...
-Só posso concluir que ela lhe contou. Se lhe contou, é porque confia em você e sabe que não vai contar a ninguém.
-Eu... nunca vou...trair a confiança dela.
-Calma, rapaz. Se há algo que ninguém consegue é esconder a verdade da Cassandra ou pegá-la desprevenida. Ela sabia que eu estava escutando a conversa de vocês. Só quero conversar sobre a minha preocupação com ela. Preocupação que também atormenta a Consuelo. Vou fazer um café. Você gosta?
-Sim, senhor.
Foram à cozinha e o pai de Cassandra ferveu água e pôs café solúvel em duas xícaras.
-Rapaz, sabe qual a maior preocupação dos pais que têm um filho excepcional?
-O que será do filho quando eles morrerem, não é?
-Sim. Claro que não é o caso da minha princesa. Ela não é excepcional, não no sentido comum com que usamos essa palavra. Mas tampouco é como as demais jovens e isso a tem feito levar uma vida muito solitária. Consuelo e eu sempre tivemos medo do que poderia ser dela se lhe faltássemos.
-Cassandra sabe se defender e é inteligente, senhor.
-Sei bem disso. Ela entende demais as coisas e, por ser como é, acabou amadurecendo muito rápido. Alguém que ouve pensamentos e tem contato com os segredos dos outros não pode ser ingênuo. A minha preocupação é que ela nunca encontre alguém que lhe dê amor e compreensão. Os pais sofrem muito vendo a solidão de uma filha.
-Ela me falou sobre sua preocupação.
-O que eu queria era que ela não se sentisse um peso na vida da Consuelo e da minha. Você tem razão ao dizer que nos preocupamos com ela porque a amamos. Ouvi você dizer que ela é corajosa. Ela falou sobre o Narciso?
-Sim.
-A Cassandra me contou o que ele fez. Ela chorou muito naquele dia e eu a abracei por meia hora.
-Quando ela contou?
-No mesmo dia em que ele espalhou as mentiras sobre a menina que morreu. No dia em que foi dito que a menina tinha se matado, Cassandra nos falou que se sentia mal porque, embora sabendo tudo, não pudera impedir aquilo. E foi por isso que ela não aguentou e disse ao Narciso que sabia que tinha sido ele.
-Ela conta tudo aos senhores?
-Seguimos uma política: como não podemos esconder nada dela, ela não esconde nada de nós. Mas desconfio que ela não contou tudo sobre esse Narciso. Temos medo de que ele a esteja perseguindo. Sabe de algo? Pode me contar. A Cassandra vai saber mesmo que você me contou.
Marcelo contou tudo o que sabia e fez o pai de Cassandra ouvir a conversa gravada.
-Eu não teria ficado apenas na ameaça se o tivesse visto apertar o queixo da minha filha. Bem, o que farão com a gravação?
-Dizer a ele que deixe a Cassandra em paz ou todos na escola saberão.
Saíram da cozinha e viram Cassandra na escada com a mãe.
-Pai...
-A Cassandra me contou que você sabe sobre a capacidade dela, Marcelo.falou Consuelo.
-Estamos felizes que tenha achado em quem confiar, Cassandra.completou o pai.
Cassandra foi até o pai, que a abraçou.
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