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Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético

EMPIRISMO – LOCKE – nada se encontra no Espírito que não tenha, antes, estado nos Sentidos.
LEIBNIZ – a não ser o próprio Espírito.
O famoso diálogo entre os dois grandes Filósofos ilustra per-feitamente a divisão que existe entre esses dois Campos Fi-losóficos. Um privilegia a Experiência, enquanto que o outro, o Raciocínio, a Razão, o Espírito. E essa divisão entre o Material e o que está além do Material (o Metafísico) é uma das mais importantes no Estudo do Homem e da Vida; pois, se não se acredita no Metafísico está-se admitindo que o Homem seja um mero amontoado de moléculas, como qualquer outra coisa da Natureza. Por outro lado, ao se acreditar na Metafísica, ou Sobrenatural, está-se admitindo que sejam “mais e além” que um simples amontoado de moléculas. Que são superiores às outras coisas e aos outros Seres da Natu-reza; tese que, atualmente, é vista com mais reserva, pois o poder da Religião de dar ao Homem o papel de “Espécie Elei-ta” decai continuamente, levando consigo essa idéia, a qual, aliás, para muitos, não passa de mera presunção.
Discussões a parte, reafirmamos a importância dessa questão no estudo de Filosofia e sugerimos que o (a) Leitor (a) atente para esse capitulo, pois no decorrer de nossos estudos tornaremos a encontrar com essa encruzilhada.
O Empirismo é a Doutrina que afirma que todo Conhecimento chega ao Homem, direta ou indiretamente, graças única e exclusivamente à Experiência Empírica (que estuda os fenô-menos usando os Sentidos: tato, paladar, audição, visão, olfato). Relembrando que Empírico é tudo que deriva, ou é o resultado, da Experiência passada ou presente; sem que, necessariamente, esteja ligada a alguma Lógica. Será aquilo que se vê, escuta, toca, ouve e/ou sente, em várias experi-ências iguais e sucessivas. Por exemplo: sabe-se que o limão é azedo, porque após experimentá-lo algumas vezes, o pala-dar percebe esse sabor. Sabe-se, a principio, que é azedo, mas não sabe qual é o motivo (qual é lógica) para que seja azedo.
O Empirismo como doutrina solidificou-se com o inglês LOCKE (1632/1704) e, depois, com o escocês HUME (1711/1776). Ambos, e seus seguidores, pregaram que NÃO existem outras fontes para se adquirir Conhecimentos além da Experiência e da Sensação, que é a percepção (o que o Indivíduo percebeu) do que ocorreu no experimento. O Indivíduo que se relaciona com alguma experiência, sente ou percebe (tem a sensação) o resultado da mesma. Começou, pois, a aprender com essa sensação. Mas, a Sensação é temporária, perecível e com sua fragilização nasce a Idéia que recolhe aquele Conhecimento, aprimora-o e o guarda, já como Conceito, na Memória.
A partir dessa visão, para os “Empiristas Ingleses” não exis-tem Idéias inatas (já presentes no Homem antes que ele aprenda com qualquer experiência) e como o Empirismo é materialismo, rejeitavam a existência de qualquer especulação (o ato de pen-sar, raciocinar, aprender) metafísica ou sobrenatural. Ou simplesmente intelectual.
O Empirismo nunca esteve perto de ser uma unanimidade, pois contrário a ele havia, e existem, aqueles que imaginam o Homem como mais que um simples conjunto de Carbono e água, como se citou acima. Que a existência não pode estar relacionada apenas com a Matéria. O próprio LEIBNIZ poderia ter tripudiado sobre LOCKE argumentando que a existência do Espírito deve, mesmo, ser Real, pois até os Empiristas o admitiam, embora o enxergassem como um quadro a ser preenchido. Não se sabe se o fez.
Ademais, ao se aceitar o Empirismo, automaticamente re-nuncia-se ao “direito” de Ser membro da “Espécie Eleita”, com obvias implicações religiosas e mesmo de caráter Hu-manista (o Homem é o Centro de tudo. A medida de todas as coisas)
O filósofo KANT (1724/1804) tentou resolver o impasse ad-mitindo que de fato o Conhecimento chegasse ao Homem através das Experiências Empíricas, mas ao chegar à Mente a Sensação ou a Percepção (sobre o que se viu, sentiu, tocou ...) é organizada segundo certas “regras” que são próprias do cérebro, que fazem parte de sua estrutura, e só depois de ter sido “processada” é que o Conhecimento se torna um Conceito, ou um Conhecimento efetivo. Diferente, pois, daquele que chegou em “estado bruto”
Para KANT, embora seja indispensável a Experiência Empírica NÃO é a única forma de Conhecimento, pois existem conhe-cimentos que se localizam apenas no intelecto, como, por exemplo: sabe-se que 2+1=3, sem que seja necessário con-tar três coisas; ou, sabe-se que um triângulo tem três lados, mesmo que não seja visto ou tocado.
Recorte – É verdade que o Conhecimento Intelectual pode ser questionado e se argumentar que: se hoje é possível esse modo de Conhecimento não foi sempre assim, pois alguém num Passado remoto teve que contar três coisas para chegar ao resultado que hoje se chega intelectualmente. Mas apenas porque alguém já fizera a Experiência. É um argumento válido, mas fica sem solução definitiva, porque réplicas e tréplicas podem se suceder indefinidamente.
Ademais, ainda por KANT, a Experiência é insuficiente para produzir Saber, uma vez que as Sensações que libera, em estado bruto, serão inúteis se não forem organizadas pela Mente. Logo, é necessário que ambos os modos atuem para que os Saberes sejam efetivos.

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terça-feira, janeiro 26, 2010 - 19:08

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