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No Crepúsculo
No crepúsculo
No crepúsculo, gosto de me invadir pelo bosque à procura de imagens diferentes. Quase sempre fotografo na minha memória uma ou outra situação mágica que a natureza pode proporcionar. Mas nada que se compare a um sentimento transparente de algo tão individualizado. Sentir que, por um ou vários minutos, esse ser personalizado que transporta uma alma magnífica, se senta no meu dedo, faz as suas amabilidades que eu tanto aprecio, faz-me resplandecer como um verdadeiro todo-poderoso. É azul, mas mesmo que fosse encarnado, eu gostaria dele. É brincalhão, mas mesmo que ficasse quedo no meu dedo e não penetrasse para a palma da minha mão e não tocasse nos meus dedos duros ou nas minhas unhas frágeis ou até mesmo sobre o meu pulso circular, eu gostaria dele. Entre um singelo pestanejar e o delicado bater de asas, o ar incendeia-se a qualquer movimento. E é aqui no bosque, no crepúsculo diário, que o meu corpo rejubila de alegria e a minha alma canta uma epifania por estar demasiado ligado a um ser tão encantador que me lembra e me caracteriza toda a mãe natureza. Talvez porque tudo começa onde tudo acaba, e porque é magnífico partir do nada para reconstruir o mundo. Partir do nada para desenvolver o amor e a prosperidade. Esta é a ideia fascinante que nos deve animar, quando chegamos a este mundo e a ele nos deparamos, munidos de todas as condições e meios para superar todas as adversidades. Este momento único faz de mim um novo ser capaz de transformar o mau em amor e perceber que quando acabar, terá um final feliz.
Depois de brincar com o meu dedo, solta-se, voa para o seu sítio e digo-lhe adeus. Amanhã voltarei!
Fernando de Sousa Pereira
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Comentários
Re: No Crepúsculo
É uma das fotografias que mais gosto de registar para me inspirar líricas que superem as adverssidades da vida. Bom texto! Abraço