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A nuvem que é um anjo e que me quer levar para casa

Certo homem procurava uma casa para poder habitar, muitas vezes dormira na rua, sujeito ao frio que vinha das montanhas ou recebendo os raios de sol que eram trazidos pelo perfume das flores e pelo suspiro dos jovens apaixonados. Andava ele nesta procura quando ouviu uma voz que o chamava:
- Olha para cima! disse a voz. E ele olhou e viu uma nuvem pequena e azul.
- " De certeza que não foi ela que me chamou, as nuvens não sabem falar embora sejam criaturas sentimentais.
- Olha! Ó homem estou a falar contigo, estou aqui neste céu que tem sido a tua casa, sei que procuras uma casa dessas onde moram homens como tu, onde se acasalam, tem filhos, tem um trabalho, fazem projectos e um dia vem o Outono e leva-os para um jardim frio.
- Onde fica esse jardim frio e porque estás a falar comigo essas coisas?!
– Sabes embora eu tenha a aparência de uma nuvem, na verdade sou um anjo. Tu procuras uma casa, um lugar onde possas repousar sem sobressaltos de espécie alguma, sem medo dos salteadores de estrada, um lugar onde possas ficar a sós com a tua alma, onde possas reflectir sobre a tua condição e sobre o sentido de toda a tua vida, quero dizer-te que tenho uma casa para ti.
- E onde fica esse lugar? É muito longe daqui?
– Para habitares essa casa tens de sentir que todas as tuas dores vão saindo como uma gota de água se evaporando dos olhos, tu só podes habitar esta casa quando não houver em ti nenhuma solidão e nenhum desejo.
- Estava a pensar que durante este tempo que dormi na casa do universo, durante esse tempo em que me alimentei do fruto das árvores e de distintas raízes, em que senti o frio das montanhas e os braços das mulheres rodeando este meu coração fraco e cheio de duvidas sobre o amor, me apercebi também que uma luz me entrava na alma quando os livros que trazia comigo eram os poetas, esses seres sujos e pobres, essas criaturas insignificantes aos olhos dos bispos e dos juízes. Mas quando chegava uma chuva torrencial e as pesadas gotas caiam sobre eles eu julgava que estavam a ser abençoados, que aos seus pés se formava um arco íris tão colorido e brilhante como uma recompensa depois da morte. Depois não me importava o frio e nem a fome me torturava o espírito. Antes de saber que eras um anjo olhava-te ou olhava outras como tu e sentia que estava tão leve e tão silencioso que me esquecia de tudo e que no fundo eu era o pequeno grão de terra e toda a montanha era criação dos meus olhos.
- Dá-me as mãos, vou levar-te a essa casa.
- Estou com medo!
– De que tens medo
– Eu procurava uma casa e agora encontro uma nuvem que é um anjo e que me quer levar a uma casa que sinto ser aquela que quer receber a minha alma, aquela onde deixarei à porta as minhas dores, a minha fome, as minhas palavras e os meus amores carnais. Estou indeciso parece que preciso de me recolher por uns dias naquela velha igreja e aconselhar-me com os pássaros que costumam poisar sobre a toalha de linho estendida no altar.
E o homem ficou durante três dias naquela velha igreja onde há muito a única liturgia era o canto dos pássaros e onde o sol se convertia aquele mistério. A nuvem passado alguns dias entrou naquela igreja onde prostrado sobre umas escadas de pedra estava ele. O anjo pegou na sua alma e levou-a para aquela casa que é o grande sol, que é o grande oceano, que é a grande porta que se abre para o novo bater de um coração.
Lobo

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domingo, maio 24, 2009 - 10:54

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