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O fantasma da velha escola - 6

As aulas voltaram no dia seguinte. Marcão agiu como o amigo preocupado com o que sumira e Alfredinho ficou calado, pois nunca havia sido próximo de José Afonso. Espiou Lilith e ela olhou com raiva para Marcão e ele. Naquele dia, ela pusera a jaqueta preta e os coturnos, mas fora de rosto limpo. Sem a maquiagem, parecia apenas uma menina frágil.
Quando tocou o sinal do intervalo, Marcão foi falar com Lilith que, afastando-se dele, disse:
-Não quero falar com você!
-Sabe, Lilith, até que você é bonitinha sem aquela maquiagem de palhaço.
-E você é um covarde! Você e o Alfredinho são dois covardes!
-Vamos para o pátio. Quero falar com você.
Num canto do pátio, Marcão e Alfredinho disseram a Lilith:
-Lilith, é melhor ninguém saber de nada. Pense bem, você também tem o que perder e, no seu caso, será horrível, não?
Aturdida, Lilith os olhou com raiva e asco antes de protestar:
-Por que estão dizendo isso? Eu não disse nada!
Marcão sentou ao seu lado e continuou:
-Mas é bom lembrar, gatinha. Você está envolvida nesta história e o seu segredo seria um prato cheio.
Pulando do banco, Lilith reclamou:
-O Zé Afonso está me incomodando, dizendo que quer ser enterrado!  E a menina fica rindo o tempo todo! Eu fiz o que ele me pediu, mas ele não ficará satisfeito até tirarem o corpo dele de lá!
-E por que você não ficou calada, princesa? Agora, o Alfredinho e eu sabemos do seu talento especial e você se envolveu na sujeira.
-Marcão, não a atormente.pediu Alfredinho.
-Calma, esta não é minha intenção - Marcão fez Lilith sentar de novo. - Apenas quero lembrar que temos de nos ajudar, pois estamos juntos nisto.
Os olhos de Lilith escureceram, mas a voz não denunciou sua indignação quando ela falou:
-Ele era seu amigo, Marcão!
-Eu vou morrer com remorso, Lilith. Mas o que houve não tem remédio.
-Eu não tenho a intenção de contar nada! Procurei o Alfredinho porque estava exausta por causa do Zé Afonso!
-Lilith, o Marcão e eu não queremos ameaçar você.
-Isso mesmo - Marcão levantou o queixo de Lilith, forçando-a a olhá-lo nos olhos - Não queremos ameaçá-la. Você pode ficar tranquila, desde que não abra o bico.
-Vocês não têm o direito de me exigir nada! Alfredinho, eu tentei lhe avisar quando poderia ter lavado as mãos, já que não era problema meu! E vocês ficam me ameaçando!
Marcão agarrou a mão de Lilith quando ela tentou se afastar e, segurando-a pelos ombros, tentou falar num tom suave:
-Lilith, eu não quero ser seu inimigo nem lhe fazer mal. Quero apenas lembrar que não é bom que isso se espalhe.
-Marcão, você e o Alfredinho têm que fazer algo antes que a raiva do Zé Afonso passe dos limites!
Alfredinho disse a Marcão:
-Solte-a, cara. Lilith, como o Zé Afonso lhe apareceu? Conte-nos.
Ela baixou a cabeça e disse:
-Eu acordei de madrugada e o vi ao lado da minha cama, de pé, encarando-me com um olhar raivoso e magoado. Eu disse: "Zé Afonso?! Como é que pode?" Ele respondeu: "Eu morri, Lilith. Aqueles covardes me deixaram para trás." Pedi a ele que explicasse, pois eu não estava entendendo. Então, ele falou tudo: o plano para pregar uma peça no Alfredinho, a ida à escola fechada e a morte dele. A menina o empurrou da escada.
Foi então que Alfredinho se deu conta do cansaço de Lilith.
-Você parece cansada, Lilith.
-O Zé Afonso tem me atormentado! Sabe o que é gente morta vindo lhe contar seus dramas e fazer exigências? Um espírito revoltado é insuportável!
Desta vez, Marcão demonstrou alguma consideração:
-O Zé Afonso está magoado, Lilith?
-Demais. Principalmente com você, Marcão. E ficar com um espírito magoado perto de você é muito cansativo.
Interessado, Marcão indagou:
-Ele está aqui agora?
-Não. Ele tem rondado minha casa, aparecendo para mim e perguntando quando vocês irão dizer que o corpo dele está lá. Marcão, vocês têm que ir à polícia.
As mãos de Marcão tremeram e ele disse quase chorando:
-Você acha que poderei viver com todo mundo sabendo que não tive coragem de ir ver se meu amigo ainda estava vivo, Lilith?
-E você poderá viver sabendo que os pais do seu amigo ficarão a vida inteira sem saber se ele está vivo ou morto? E que o corpo dele nunca terá um funeral decente, Marcão? Vocês querem viver com isso? 
Lilith olhou fundo nos olhos de Marcão e Alfredinho, que baixaram as cabeças. Indignada, disse:
-Covardes!
Afastou-se com pressa, como se Marcão e Alfredinho tivessem uma moléstia repugnante. Alfredinho olhou firme para Marcão.
-Marcão, não lhe incomoda pensar no corpo de Zé Afonso naquela escola?
Sufocando as lágrimas, Marcão balbuciou:
-O tempo todo.
-E você não...?
-Cale-se, seu nerd, seu idiota! Essa história só mostra uma coisa: nós dois não prestamos! 
-Puxa, isto é verdade, sabe?
Voltaram à sala. Os colegas os olhavam com total estranheza, pois eles nunca haviam sido chegados. Como podiam estar tão próximos? Lilith estava de cabeça baixa, olhos presos no livro que lia.
As aulas acabaram e todos saíram para voltar para suas casas. Lilith saiu antes de Marcão e Alfredinho, encarando os dois ao deixar a sala. Alfredinho comentou com o outro:
-Não gosto do jeito como ela nos olhou.
-Ela está com raiva porque a acuamos.
-Será que foi certo fazermos isso?
-Vai garantir que não abra o bico. Vou embora.
Mais tarde, naquele mesmo dia, marcão ouviu seu celular tocando e o atendeu.
-Alô, Marcão.
-Alô, Bruno.
-Houve uma coisa espantosa. Você não vai acreditar.
-O que foi?
-Alguém deve ter feito uma ligação anônima, só pode ser.
-Meu Deus, desembucha! Para de tanto rodeio!
-Calma, é que eu mesmo custei a acreditar.
O suor começou a escorrer na testa de Marcão, que perguntou com toda a calma:
-Certo, mas o que houve?
-A polícia está cercando aquela velha escola.
-A do fantasma?
-Sim. Eu estava passando e vi o carro da polícia em frente. O dono da farmácia que fica perto me falou que estão falando de um corpo lá.
-Um corpo?!Marcão quase gritou.
-É sim, rapaz. Pode acreditar? Bem, tenho que desligar.
Marcão caiu de joelhos no chão. A polícia veria o corpo de José Afonso e logo chamaria Alfredinho e ele para dar depoimento.
"Meu Deus, a Lilith dedurou a gente! Estamos ferrados, mas essa médium desgraçada também! Ela me paga!"

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segunda-feira, agosto 10, 2015 - 20:56

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