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O FARMACÊUTICO E O DOENTE
O FARMACÊUTICO E O DOENTE
(Teatro numa página)
Doente: Sr. doutor estou doente.
Farmacêutico: Quem diria!
Doente: Sr. Doutor, o que tenho?
Farmacêutico: Sei lá!
Doente: Um remédio por favor.
Farmacêutico: Não dou, não dou, não dou.
Doente: E porque não?
Farmacêutico: Porque não, já disse.
Doente: Não é justo, não é justo.
Farmacêutico: Pois não.
Doente: Estou doente.
Farmacêutico: Quem diria!
Doente: Ah infame! Vou morrer.
Farmacêutico: Pois assim é que tem de ser!
Doente: Ao menos um xarope.
Farmacêutico: Um xarope? Nem ver!
Doente: Um granulado….
Farmacêutico: Ai que mal pensado.
Doente: Uma pomada…
Farmacêutico: A última foi dada.
Doente: Ai que vou morrer.
Farmacêutico: Pois morra, ora.
(o doente cai de joelhos, agoniza e morre…)
Doente: Mas, mas….não morri.
Farmacêutico: Pois não, é bom de ver.
Doente: Não morri, não morri.
Farmacêutico: É bom de ver.
Doente: Obrigado Sr. Doutor!
Farmacêutico: Vá embora seu estupor.
(o doente sai)
Farmacêutico: O que para aqui vai
nesta gente desmiolada.
lambuzam-se de remédios
como se estes fossem nada.
Farmacêutico (gritando): E não volte mais
até verdadeira doença trazer,
com receita a condizer.
FIM
Coimbra, 29/ 9 /1993
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