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O feitiço
Sentia as mãos dele percorrerem-lhe o corpo, numa ânsia que nunca antes sentira. A sua boca navegava desenfreada, como se do seu desnudo corpo brotasse uma tempestade de luxúria. Nunca o sentira tão seu. Nunca sentira que ele estivesse a seus pés como naquele momento. Sentia a sua respiração desesperada, trespassando cada centímetro da sua pele, como se dela dependesse a sua sobrevivência.
Ele estava ávido dela. Ele estava desesperado por ela. Tal e qual ela desejara. Exactamente como ela planeara.
Porém, não se sentia plena. Não conseguia corresponder àquela chama que acendera nele. Não se sentia sequer feliz por senti-lo seu e ali, devoto e entregue, às suas vontades.
- Quero-te! - ouvi-o sussurrar nos seus ouvidos - desejo-te mais que tudo!
E a sua boca apoderou-se dos seus seios, fazendo-a suspirar de puro prazer.
Mas era um prazer carnal. A sua alma não estava com ele. E ela, enquanto mulher estava ali, mas não enquanto ser.
Segurou-lhe o rosto entre as mãos e olhou-o nos olhos, impedindo-o de continuar. Viu as chamas que cresciam dentro deles e desejou, sinceramente, que elas se apagassem.
- Amo-te - sussurrou ele tentando apoderar-se dos lábios dela.
Ela desviou a boca pelo que os seus lábios apenas tocaram o seu rosto anormalmente pálido.
Os seus olhos verdes encheram-se de lágrimas o que ainda os tornou mais verdes, tão verdes que pareciam esmeraldas.
Sabia que aqueles sentimentos não eram verdadeiros. Sabia que eles eram resultado do feitiço que lhe lançara. E isso, mais que o saber da sua perdição pelos encantos das fadas e da lasciva que soltava pela sedução das elfo, corroía-a e magoava-a. Percebia que o enganara, percebia que usara de poderes que normalmente vedava para uso do seu próprio benefício, percebia que não fora correcta com ele, nem com aquilo que acreditava e defendia.
Ele não a amava por ela. Pelo seu ser. Pela sua alma. Ele amava-a por um feitiço, um feitiço que ela genialmente preparara e que, de facto, resultava na perfeição. Mas isso trespassava-lhe o coração. Não suportava a humilhação de ter que recorrer a tais subterfúgios.
- Espera! - ordenou ao sentir que ele se preparava para se tornarem num só - espera! tenho que fazer uma coisa!
Ele olhou-a com ar confuso e ainda com o desejo aceso.
- Que se passa? - ouviu-o perguntar com a voz rouca pelo desejo.
- Já volto - disse afastando-o de si e dirigindo-se para o rio que corria silencioso por entre árvores e pedras teimosas que se recusavam em sair do local onde ganharam raízes.
Entrou no rio, despida de roupa e de orgulho, e procurou lavar a alma, retirando da pele aquele feitiço que a atormentava e que o encantava a ele.
Voltou em passos lentos, com a água a escorrer-lhe pelo corpo, os cabelos vermelhos a flamejar e os olhos verdes a brilhar de desejo.
- Não percebi ...- murmurou ele sorrindo ao senti-la sentar-se sobre ele, cobrindo o seu corpo com o dela...
Ela limitou-se a sorrir. Claro que ele não percebia e não podia perceber pois não possuía os conhecimentos de que necessitava para o fazer. Porém, os seus princípios, naquela situação específica, não lhe permitiam usar os poderes que o seu mundo mágico lhe dava. Queria-o, sem dúvida. Mas queria-o livre e espontaneamente. Não daquela maneira…através de um feitiço.
Sorriu novamente e entregou-se a ele de uma forma que nunca fizera, resignando-se que ele não lhe pertencia mas que ela lhe pertencia a ele.
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Comentários
Re: O feitiço
Texto bem escrito em dom da palavra!
:-)
Re: O feitiço
Gostei deste feitiço.
Muito agradável de ler.
Bjs
Re: O feitiço
Um feitiço de sensualidade.
Esta bruxa parece-me demasiado poderosa para se resignar assim no final. :-)