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O homem que retalhou o seu adeus
O corpo criva-se daquelas pequenas saliências que deixam incrementar o medo de que as coisas acabem assim com aquela brisa que corre entre as mãos de quem nos observa. Tenho frio. Mas uma série de situações tão consecutivas fazem-me este frio, que acaba por ser uma infindável porta de insucessos ter de o suportar. Sem gostar de o sentir. Sem sequer conseguir pormenorizar. Racionalizei-me todo em anos de desnutrição emocional.
Prendi-me assim neste bocado de húmus, e sinto-me árvore. Os dedos dos pés terão com certeza fundido magma, porque nunca quis ser o frio das coisas por resolver. Passam por mim os sentidos do que se apaga assim, por ser falso. Tenho frio. Já disse que quero compensações por já ser uno com este chão que me contempla de baixo.
Passaste ao fundo, por entre o raio de sol que sempre te abraçou, dando-te a beleza que me certificou como o viciado mais influente de entre os estetas do mundo. Passo, após passo, após medo, perdi-te naquele horizonte quando, dando-me as costas, assinando-me a despedida do que foram caminhos comuns de sorrisos, seguiste o que te falta cumprir desta estrada que nos corta a meio caminho.
Já te disse que tenho frio? Abraçado por gritos de frontarias feias que nunca tiveram potência suficiente para descolar em direcção ao belo, desfaço-me para depois me liquidificar. Já sou precisão efectiva de um relógio que descrevi naqueles rabiscos de criação que, por esta hora, te estarão porventura a amparar as lágrimas de cristal com que me apaixonaste.
Adeus. Naquilo que o adeus tem de mais breve passagem para dores de felicidade comum em conjunto.
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