CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Para quem não vê, eu apenas sinto.

Perdido à deriva na minha janela, olho para a rua, vislumbro a lua, e não penso nela.
Mais uma vez pensava em ti, que martírio, que castigo, que vil e cruel momento de prazer, pensar em ti, só em ti e nada mais.
Um sorrisinho doce que vejo em saudade, um cheiro harmonioso que de ti inala, movimentos traçados em pura beleza, que vaidade esta a minha de te vangloriar como parte dos meus sonhos.
Encostado ao parapeito da minha janela, deito a cabeça sobre os braços e suspiro, um suspiro cansado, gasto e usado em tantas outras vezes com o teu nome.
Escondo os olhos por baixo dos braços, estilhaça-me a alma, pouso o queixo na laje fria, penso em tudo que por ti faria.
Isto não é vida para mim, não é a vida que eu quero, mas é a vida que eu levo por não agarrar o que quero com medo de deixar escapar ao de leve por entre dedos, por fraqueza dos braços, por ilusão da alma, por grandeza do sonho.
Levo as mãos à cara, penso na dor, penso no medo, penso nos passos que vou dando, e quantos deles são um passo atrás, o desespero instala, o desejo aperta, a noite fica calma quando sorrio ao pensar no teu ar encoberto por uma aura tão linda como a tua.
Não acredito na minha satisfação saloia e simplista, e ao mesmo tempo tão apaixonada, tão regrada de mim mesmo, onde vou enunciando tudo o que em ti adoro.
Prendes-me ao de leve com breves laivos de ternura, com suaves momentos que se alongam no meu espírito que absorve-te e catalisa como química necessária para cada dia.
Respiro por mim, suspiro por ti, acordo por mim, sonho por ti, não te tenho e já partilho parte da minha existência contigo como quem se entrega nos braços de um anjo sem asas, um ser terreno digno de ser iluminado de forma especial, e assim enquanto andas para mim, mais anseio que não me passes ao lado.
Depois de pensar tudo isto levantei-me da cadeira e nem me lembrava que era cego.
Dei um passeio pelo parque e perguntei-me como era capaz de criar estes sonhos apenas por penitência de uma incapacidade que nunca foi minha.

Submited by

quarta-feira, abril 23, 2008 - 23:54

Prosas :

No votes yet

Michkin

imagem de Michkin
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 14 anos 9 semanas
Membro desde: 04/19/2008
Conteúdos:
Pontos: 54

Comentários

imagem de Henrique

Re: Para quem não vê, eu apenas sinto.

Texto bem escrito, boa interpretação das coisas!

:-)

imagem de Tommy

Re: Para quem não vê, eu apenas sinto.

wow prendes ao trabalhho com cada palavra fantastico... muitos parabens

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Michkin

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Fotos/ - 273 0 659 11/23/2010 - 23:34 Português
Fotos/ - 272 0 657 11/23/2010 - 23:34 Português
Fotos/ - 271 0 663 11/23/2010 - 23:34 Português
Fotos/ - 270 0 645 11/23/2010 - 23:34 Português
Fotos/ - 263 0 707 11/23/2010 - 23:34 Português
Prosas/Outros Partilhar o momento. 2 654 02/24/2010 - 13:40 Português
Prosas/Romance A beleza perdida na rua das putas. 3 1.264 02/24/2010 - 13:39 Português
Prosas/Outros Sei que estou a repetir-me. 1 639 02/24/2010 - 13:38 Português
Prosas/Outros Quero só um pouco de ti 1 494 02/24/2010 - 13:38 Português
Prosas/Romance Para quem não vê, eu apenas sinto. 2 526 02/24/2010 - 13:35 Português
Poesia/Geral The lost privilege of Adam 1 528 02/24/2010 - 02:39 Português
Poesia/Amor Poesia desvirtuada. 1 490 02/24/2010 - 02:32 Português
Poesia/Canção Teenage Purgatory 1 695 06/15/2008 - 02:39 Português