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Prosa pra falar de mulher
Eu sinceramente, não sei bem como começar esse texto. Como de costume, vou apenas “vomitar” o que me vem à cabeça, certo? Certo. Aqui vamos nós…
Ainda há pouco, tava ali sentado no sofá, olhei pra minha mãe e disse: “Vou ali escrever o texto de hoje”. Como sempre faço quando uma ideia me ocorre, comecei a me dirigir pro computador pra “armar a barraca”, ver o que a página ainda em branco do editor de texto me diz. Acontece que no curto caminho do sofá para o quarto, enquanto subia degrau a degrau a escada daqui do primeiro andar, me ocorreu que eu estava indo, de fato, escrever. Eu devo isso a uma mulher.
Minha mãe teve a paciência de professora de me alfabetizar um pouco mais cedo do que é comum para as crianças aprender a ler e a escrever. Literária, me passou por osmose genética o gosto pela leitura, pela literatura, e sem querer querendo, me empurrou clássicos fantásticos sobre os mais variados temas que fizeram minha cabeça pegar num tranco progressivo, imaginativo, funcional. Isso me remete ao fato de que antes de eu nascer, houve um casamento. Antes disso, houve uma paixão, uma vontade, uma adolescência, uma infância, um crescimento e, no final das contas do começo, um orgasmo. Ligando uma ponta à outra, mulher é bicho orgásmico.
Escrever sobre isso é tão delicado quanto qualquer uma dessas pessoas. Você pode escrever, você pode falar… tenha medo se elas não gostarem. Porque mulher que é mulher tem uma alma imponente que lhe faz tremer. Para bem ou para mal. Seja do pavor gerado pelo confronto da ira feminina, ou pela ausência de peso naquela aura esquisita, dominadora, dominante. Em termos genéticos, em termos práticos, todo homem é recessivo perante uma mulher genial. Não importa quem ergueu a casa; o verdadeiro mestre de obra é a mãe de tantos filhos, é a mulher de um homem só, é a “patroa”, a “dona encrenca” que de manhã assa o pão nosso de cada dia, enquanto não raro o conquista na labuta.
Mulher é frágil. E essa expressão requer aspas tão grandes que nem me arrisco a colocar. Embora desprovida de muita dureza, ela tem uma coisa que nós homens, muitas vezes, invejamos: uma tenacidade tenra, madura e persistente. Acho que é isso que nos conquista. Mais que os sutiãs. Se toda mulher se tratasse de lingerie, todo homem era casado com a boneca inflável mais perua. Mulher se trata de afinco, de zelo, primavera, florzinha amarela, tempestade e trovão.
Notem, por favor, que eu falo de mulheres. No sentido literal. Tô falando da mãe que espera o bebê chegar; que passa a vida querendo mantê-lo quentinho. Tô falando daquela que já é mãe, que aceita a vida em sua integridade, no trabalho, na casa, na família que optou ter. Eu falo de mulher de verdade, não dessas de propaganda de sabonete. Mulher que tem a vaidade como um mínimo mimo merecido, mulher que tem aura, mulher que tem asa, quadril e muque. Mulher que o tarado odeia, mulher que todo mundo espera, mulher que é melhor, mulher que é mulher. Mulher, enfim. Mulher.
E hoje é o dia internacional delas. Em todo lugar do planeta, temos exemplares dessa arte (esquisita?) de Deus pensando nas batalhas a serem travadas daqui pra terminar o dia, seja dando conta de uma nação, seja apanhando a roupa da chuva. Essa galera tem uma mistura de lavandeira com presidenta, mocinha de puberdade com velhota enxuta. Toda mulher é mais ou menos uma pororoca de vários termos. É por isso que homem nenhum jamais capturou o peito de uma mulher: se ela ainda está por aí, ela fica porque quer.
Eu vejo violências. Descasos, preconceitos. Coisa de homo sapiens, pra falar a irônica verdade. Eu vejo isso tudo e sinceramente, não sei o que falar a respeito, meninas. E independente do que pensem os machões ou as bichinhas, eu as acho invejáveis… tem uma garra aí em vocês que faz valer a pena qualquer score. E vocês lutaram, um bocado ‘cês conseguiram. Hoje é o dia de vocês se homenagearem. Hoje é dia de chover homenagem…
Essa aqui, espero, tem o intuito de que vocês possam se homenagear sempre.
Porque merecem.
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