CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Tudo isto será, um dia, gasto...
É no momento em que passo as mãos pelo rosto, pela manhã, quando me fito no espelho, que sei que vivo numa casa de portas e janelas seladas; de tectos baixos e chãos de areia preta.
É no choque com a água fria que sinto os anos de ausência de alguém que me veja com olhos de ver, com olhos que não me atravessem, mas que se prendam na doce lentidão da descontinuidade do meu pestanejar.
É no momento em que corro em círculos no meu quarto e levanto pó com os meus pés que sei que ainda sou prisioneira numa caixa de fósforos que já não podem arder...
«... húmidos das minhas lágrimas.»
E então juro que quero sorrir.
Juro que quero sair.
E prometo que ainda sou a mesma quando a última hora do dia dá de si.
Mas eles não querem saber.
Agora tudo o que consigo sentir na boca é gosto dos corações dilacerados
pela fome da madrugada que parte sem olhar para trás e bate com a porta:
num estrondo.
Num fechar de um livro velho.
Num último gole de café queimado que me morde os lábios com amor de plástico.
É no voltar à cama, no cobrir o rosto com o cobertor, no pedir aos deuses que me roubem a vista, que sei que não é para sempre: não, este sono não é para sempre. Esta vontade de não ter vontade, não é para sempre. Este sempre para sempre não é para sempre, porque nunca nada o é eternamente. Nem eu, nem vocês, nem este momento, aqui e agora, que também já passou.
Tudo isto será, um dia, gasto…
Aconchego-me sobre a almofada e durmo um sono solto; sonho um sonho quente: nada é eterno e tudo isto será, um dia, chamas...
... porque eu hei-de parar de chorar
(enterrar este Eu que hoje me arrasa);
E quando aquele fósforo secar,
ainda que nunca me vá perdoar,
Pego fogo a tudo nesta casa.
***
Yours sincerely,
Supertramp.
Submited by
Prosas :
- Se logue para poder enviar comentários
- 609 leituras
Add comment
other contents of Supertramp
Tópico | Título | Respostas | Views |
Last Post![]() |
Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
![]() |
Fotos/ - | 765 | 0 | 950 | 11/23/2010 - 23:35 | Português |
Prosas/Pensamentos | De olhos bem abertos | 0 | 591 | 11/18/2010 - 23:08 | Português | |
Prosas/Outros | Morre-se em Lisboa | 3 | 607 | 03/25/2010 - 16:25 | Português | |
Prosas/Romance | Estátuas | 2 | 606 | 03/06/2010 - 00:37 | Português | |
Prosas/Tristeza | Tudo isto será, um dia, gasto... | 1 | 609 | 03/01/2010 - 00:32 | Português | |
Poesia/Desilusão | Água salgada por detrás de olhos cansados | 6 | 828 | 02/27/2010 - 21:00 | Português | |
Poesia/Amor | Zero Horas | 3 | 688 | 02/27/2010 - 18:47 | Português | |
Prosas/Romance | Sono Azul | 1 | 665 | 02/25/2010 - 03:39 | Português | |
Prosas/Outros | Nunca precisámos de palavras, tu e eu. | 1 | 523 | 02/25/2010 - 03:32 | Português | |
Prosas/Romance | Sejamos sempre a ausência de dois corpos | 1 | 567 | 02/25/2010 - 03:24 | Português | |
Prosas/Romance | O que será, será... E o que não é, nunca foi. | 3 | 625 | 02/25/2010 - 03:11 | Português | |
Prosas/Romance | De olhos fechados | 2 | 594 | 02/25/2010 - 02:58 | Português | |
Prosas/Outros | O nada que sou | 3 | 545 | 02/25/2010 - 02:56 | Português | |
Prosas/Outros | Sem título | 2 | 600 | 02/25/2010 - 02:51 | Português | |
Prosas/Outros | Mil anos de nada | 1 | 587 | 02/24/2010 - 14:34 | Português | |
Prosas/Saudade | Carta queimada | 1 | 710 | 04/29/2009 - 18:53 | Português | |
Prosas/Romance | Deixa morrer | 0 | 595 | 12/08/2008 - 13:35 | Português | |
Prosas/Romance | A procura | 0 | 615 | 11/12/2008 - 13:47 | Português | |
Prosas/Romance | Entre nós, os anos | 1 | 518 | 08/24/2008 - 19:36 | Português |
Comentários
Re: Tudo isto será, um dia, gasto.../ WAFCRÍTICA
Obrigado Jop!!!
Uma bela sugestão...
Uma excelente prosa!
:-)