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As verdades de amor
Gosto das janelas, de as olhar, de entrar nelas, de pensar que olham dentro dos meus olhos, da janela do meu prédio saem cheiros gastronómicos, variados cheiros oriundos de diferentes regiões, o primeiro andar é trás os montes, o segundo é o Alentejo e por coincidência o rés do chão é o Algarve. Costumo desenhar na janela do meu quarto, faço nuvens e pássaros e com a chuva que cai imagino lágrimas a cair nos olhos que desenho nas nuvens. Na rua onde moro há uma taberna e um velho que sabe muitas histórias, era no tempo em que as mentiras encantavam, a minha avó advertia-me que ouvir mentiras era ir para o quente do inferno e eu que gostava de ouvir histórias á lareira imaginava aquele bom inferno cheio de fantasias , de mentiras tão verdadeiras porque faziam sonhar. Agora sou grande, tenho verdades que apertam como um nó de gravata. A taberna que conheci é agora um banco, aquilo é outra mentira, é muito pior, é o tempo em que as mentiras não encantam, mas aquele velho tinha uma desculpa, estava bêbedo e hoje me apetecia voltar a escrever na janela, escrever um novo engano, ouvir histórias de amor porque as verdades de amor não nos deixam sobreviver
lobo
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Comentários
Re: As verdades de amor
Simplesmente magnífico! Não gosto de ler prosas, nunca tive interesse algum, há não ser agora pelas suas. Não sei se sabes, mas a tua escrita tem algo de encantador...
Cumprimentos, Anita.
Re: As verdades de amor
Simplesmente adorei.
A tua escrita criativa é original, bela, introspectiva...
Abraço.